Foto: Acervo Mémoria          Inicialmente apenas um trecho da antiga estrada que ligava São Paulo a Santos, a Rua Marechal Deodoro é a via mais tradicional de São Bernardo do Campo. Cada trecho seu é rico de referências na memória e na história municipal. O segmento que vai da esquina da Rua 28 de outubro – que demarcava aproximadamente o limite sul da sede do Núcleo Colonial São Bernardo, instalado em 1877 – até o final da via, próximo à esquina com a Av. Rotary, é o de ocupação urbana mais recente. Em um mapa de 1902, pode-se observar nesse trecho apenas algumas poucas edificações à beira da rua. À época, nesse segmento, a maior parte do lado oeste da rua – aquele mais próximo ao Rio dos Couros e que desde 1894 recebe numeração par – estava dividida, na altura da esquina da atual Rua Pedro Setti, entre terras dos herdeiros do Dr. Joaquim Antunes e de Pedro Setti. Existia também, desse mesmo lado, no final da rua, uma sapataria que funcionou entre 1894 e 1915, pertencente a Andrea Benzom. No decorrer da década de 1900, as famílias Arsuffi e Basso adquiriram grandes terrenos em ambos os lados da via; e Luigi Bonini se estabeleceu com armazém de secos e molhados e como ferreiro no final da rua. Em 1910, foi nessa área, nas proximidades do atual número 2586, que nasceu a próspera e tradicional indústria moveleira de São Bernardo, através da instalação da pioneira fábrica de móveis de João Basso. Em 1907, Aristides Zanella abriu um comércio de secos e molhados nessa região e, pelas décadas seguintes, foi proprietário de uma vasta área na margem oeste da rua, a qual se estendia desde a esquina da atual 28 de outubro até a altura do número 2364, onde se localizaram, posteriormente, a sua oficina mecânica – em casarão que existe até hoje na esquina com a Rua Zelinda Zanella – e o famoso restaurante Recreio Magnólia – demolido na década de 50. Depois de ficar praticamente estagnado até por volta de meados da década de 20, o processo de ocupação da área acelerou significativamente no início dos anos 30, com o número de imóveis sujeitos aos impostos municipais saltando de 12, em 1923, para 47, em 1934. No final da década de 50, o número de imóveis emplacados presentes nessa área já se aproximava do atual (por volta de 90). O crescimento apresentado nessas 3 décadas refletiu o desenvolvimento socioeconômico da cidade, intensificado com o surgimento da Via Anchieta e a chegada de grandes indústrias, como a Brasmotor/Brastemp, construída entre 1946 e 1949, no último terreno do lado leste da Marechal Deodoro, a qual se tornaria, por muitos anos, uma referência econômica e paisagística da região. A imagem superior, tomada em 1976, mostra parte do referido trecho da Rua Marechal Deodoro, abrangendo desde a esquina com a Rua Armando Salles de Oliveira até o final da via. Abaixo aparecem as antigas casas da família Basso, construídas na mesma área, entre as décadas de 10 e 20, em fotografia que integra uma série produzida em 1977 pela P.M.S.B.C, através da Secretaria de Educação, Cultura e Esportes e da Sala São Bernardo – embrião do atual Centro de Memória –, que procurou registrar os imóveis mais antigos então existentes na região central da cidade, em ação que representou um dos primeiros esforços conscientes do poder público municipal em favor da preservação da memória e do patrimônio cultural de São Bernardo do Campo.

 

Pesquisa e Acervo: Centro de Memória de São Bernardo do Campo.

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