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Saiba mais sobre o clima. Foto da cidade com raios de sol atrás das nuvens no céu. Foto: SECOM, 2017

 

 

 

 

 

 

A Serra do Mar e a proximidade com o litoral criam um clima local bastante complexo em São Bernardo do Campo. Quem vive na cidade, sem dúvida, presencia a entrada das massas de ar frio, que deixam a paisagem coberta de uma grande massa úmida e fria, em contraponto também experimentando dias quentes e abafados, e intensas chuvas torrenciais no final da tarde. Por aqui, a sucessão de tempos com mudanças bruscas pode ser percebida em questão de algumas horas, sobretudo na umidade relativa do ar e consequentemente na temperatura. Pluviosidade e nebulosidade são afetadas por estas mudanças bruscas, que ocorrem de forma diversificada no território, com entradas de massas de ar frio que se deslocam geralmente de sudeste para noroeste, ou seja, essas massas chegam primeiro na região do Riacho Grande e vão tomando toda a cidade, passando pelo Montanhão, Paulicéia, até chegar ao centro e aos bairros Rudge Ramos e Taboão.

 

Fotos: Luciana Dias do Nascimento, PMSBC, SMA, 2020 

 

 

 

 

 

O que é Clima?

Em um nível simples, o tempo é o que está acontecendo na atmosfera em qualquer momento. O clima, em sentido estreito, pode ser considerado o "tempo médio", ou de uma forma cientificamente precisa, pode ser definido como a "descrição estatística em termos de média e variabilidade de quantidades relevantes durante determinado período de tempo". ( INMET, 2015)

 

 

Podemos considerar que São Bernardo do Campo é dividido em 3 Unidades Climáticas Naturais: clima tropical úmido do Planalto Paulistano (grosseiramente corresponde à região mais urbanizada do município e seu entorno), clima tropical sub-ocêanico super-úmido do reverso do Planalto Atlântico (aproximadamente a área da Bacia do Reservatório Billings e entorno), clima tropical oceânico super-úmido da fachada oriental do Planalto Atlântico  (correspondente, grosso modo, à escarpa da Serra do Mar).[1] Não existem estudos climatológicos detalhados do nosso município, e por isso, essas classificações podem ser obtidas a partir de uma analogia com estudos realizados para o município de São Paulo, que possui características bastante similares ao nosso neste quesito (Tarifa e Azevedo (2001)).

Segundo a classificação climática de Koeppen, uma classificação mais generalista que divide o Estado de São Paulo em 7 sub-regiões climáticas baseadas sobretudo na sua cobertura vegetal e em dados de chuvas e temperatura mensais, estamos numa região de clima tropical de altitude. Este clima é caracterizado pela concentração do período de chuvas no verão e de secas no inverno, com estações bem definidas e temperatura média do mês mais quente superior a 22°C. Praticamente toda a Região Metropolitana de São Paulo está inserida nesta unidade climática. (CEPAGRI, 2013)

Porém, a leitura mais detalhada da Região Metropolitana de São Paulo nos mostra que existe uma transição climática por aqui, diante da proximidade do Trópico de Capricórnio: clima tropical de altitude e clima subtropical permanentemente úmido. Nesta área, ocorre uma alternância das estações, uma quente-úmida e outra relativamente mais seca, com variações bruscas do ritmo e da sucessão de tempos. Assim, podem ocorrer aquecimentos intensos seguidos de resfriamentos rápidos, devido à entrada de frentes de ar provenientes do sul (clima subtropical), em segmentos temporais de curta duração (dias a semanas). A influência da proximidade com o litoral, de clima tropical chuvoso, e a presença da Serra do Mar, trazem uma combinação de ventos oceânicos que favorecem ainda mais a entrada de frentes úmidas que se espalham pela RMSP, elevando a precipitação nessas áreas nos meses mais quentes. Essas características explicam também a ocorrência de fortes chuvas, seguidas de períodos secos em São Bernardo do Campo e a pluviosidade, em geral, se comporta da seguinte forma (adaptado de PMSBC (2010)):

  • Período mais chuvoso: de outubro a março, variando os meses mais chuvosos entre janeiro, fevereiro e março;

  • Período mais seco: abril a setembro, sendo julho o mês mais seco.

 

 

Estudos tem demonstrado que nas últimas décadas houve um aumento considerável da quantidade de eventos de chuvas intensas e apontam que há possíveis influências da poluição do ar, da circulação da brisa marítima e das ilhas de calor na ocorrência dessas chuvas de verão. As médias anuais de chuva da nossa cidade também sofreram variações, chegando a 1604,4mm entre os anos de 1972-2012, a maior média entre os municípios do ABC. (VALVERDE et. al., 2018)

A média de temperatura anual de São Bernardo do Campo é de 19,9°C, com mínima média de 13,7 e máxima média de 26°C[2].

 

 

Ilha de calor é um fenômeno climático decorrente da elevação da temperatura de uma determinada área, apresentando grandes diferenças em relação ao seu entorno. Estas elevações são frequentemente observadas em áreas urbanas densamente impermeabilizadas.

 

Veja o gráfico abaixo e a tabela ao lado.

 

Fonte: https://www.saobernardo.sp.gov.br/web/sbc/painel-estatistico  (acessado em 20/03/2023)

                                          

                                                 Temperatura do Ar - Médias, máximas e mínimas

MÊS

TEMPERATURA DO AR (C)

mínima média

máxima média

média

JAN

17.4

28.5

23.0

FEV

17.7

28.5

23.1

MAR

16.8

28.1

22.4

ABR

14.1

26.0

20.1

MAI

11.4

24.0

17.7

JUN

9.8

22.7

16.3

JUL

9.2

22.9

16.0

AGO

10.4

24.6

17.5

SET

12.3

25.6

19.0

OUT

14.1

26.4

20.2

NOV

15.1

27.3

21.2

DEZ

16.6

27.5

22.0

Ano

13.7

26.0

19.9

 

Fonte: CEPAGRI. Clima dos municípios paulistas. (http://www.cpa.unicamp.br/outras-informacoes/clima_muni_547.html). (acesso em 18/06/2015)

 

É importante destacarmos que os estudos apresentam médias generalizadas para todo o território, e existe uma grande dificuldade em realizar estudos climatológicos em nosso município. Isso ocorre porque não existem estações meteorológicas completas por aqui e os dados precisam ser extrapolados para a região a partir de estações próximas. Contudo, uma análise dos mapas da temperatura aparente da superfície, produzido a partir de classificações em imagens do satélite Landsat 5, em novembro de 2010, evidencia variações da ordem de 40°C no território municipal, associada tanto às questões de relevo, existência da represa e da Serra do Mar, quanto ao uso do solo. Ao observarmos o mapa, podemos ver que nas áreas urbanas densamente ocupadas da cidade, ao norte do município, a temperatura do solo atinge até 48°C, contrastando com temperaturas de 18°C nas áreas de mata ao sul e 8°C nas áreas mais frias da represa. Também é possível notar a formação de ilhas de calor, onde a temperatura é significativamente mais elevada que o entorno, em áreas industriais, totalmente impermeabilizadas e desprovidas de cobertura vegetal. É importante termos em mente que o mapeamento abaixo não diz respeito à temperatura do ar, mas à temperatura no nível do solo.

 

 

 

 

Mapa da Temperatura aparente da superfície (28/11/2010)

Fonte: Imagem de Satélite Landsat 5 (2010), Secretaria de Gestão Ambiental de São Bernardo do Campo (2013), Secretaria Estadual de Meio Ambiente (2009)

 

 

Os fatores impermeabilização do solo e remoção da cobertura vegetal, associados à emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE) emitidos pelos processos industriais e pelos veículos movidos a combustíveis fósseis, são grandes propulsores da criação de climas locais bastante alterados, capazes de impactar na saúde dos seres vivos. Mundialmente, pesquisadores estudam as mudanças climáticas provocadas pelas interferências promovidas pelo ser humano na Terra. Com isso, as cidades têm se mobilizado para enfrentar as mudanças climáticas uma vez que um clima local ameno e equilibrado garante mais saúde, ar puro, oportunidades econômicas e sociais, áreas verdes e bem-estar para seus cidadãos (Consórcio Intermunicipal do ABC, 201X)

Neste contexto a ocorrência de chuvas intensas e a alta umidade relativa do ar, a ocorrência de ventos, a presença do Reservatório Billings e de vegetação, são importantes fatores reguladores da dispersão dos poluentes em nossa cidade. A vegetação, além de contribuir na retenção de partículas de poluentes, exerce importante papel regulador da temperatura e do escoamento das águas das chuvas.

Nossa cidade tem uma legislação específica para tratar das mudanças climáticas, a Lei nº 6.812/2019. Esta lei define uma Política de Enfrentamento às Mudanças Climáticas, abordando os princípios, objetivos, conceitos, diretrizes e instrumentos para o seu efetivo desenvolvimento. A política pretende, resumidamente, promover o desenvolvimento sustentável, controlar as emissões dos GEE dentro de padrões saudáveis, construir uma cidade capaz de lidar e se recuperar diante das mudanças do clima protegendo as comunidades mais vulneráveis e estimular a inovação para melhorar a qualidade de vida da população como um todo. Tudo isso para assegurar a contribuição do Município no cumprimento dos propósitos da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, conforme diz a própria lei. A lei ainda define metas, estratégias de adaptação e mitigação e vários outros pontos, todos importantes para a construção de uma cidade economicamente sustentável; sendo um dos fatores mais importantes dentro destes aspectos, as boas práticas em mobilidade urbana. Você pode saber mais sobre esse tema, clicando aqui.

Em 2021, foi realizado um Estudo de Vulnerabilidade Climática sobre São Bernardo do Campo. Este estudo teve o objetivo de "avaliar os riscos e oportunidades relacionados à mudança do clima, com a finalidade de antecipar impactos, identificar oportunidades e propor as ações de adaptação necessárias frente aos cenários futuros". (WayCarbon, 2021, p.12) Algumas das tendências gerais, relativas às mudanças climáticas, para o município, estão relacionadas no quadro ao lado. Estas tendências foram identificadas a partir do Estudo de Vulnerabilidade, que criou projeções baseadas em metodologia internacional, específica, para realização dos cálculos.

A partir da leitura do quadro é possível notar que existe uma tendência de aumento das temperaturas médias mensais, e uma tendência de redução da precipitação mensal. O estudo ainda indica a constante redução da umidade do ar. Todas estas tendências podem ser mitigadas a partir de ações de adaptação, conforme aponta o Estudo. Confira o documento na íntegra clicando aqui.

Quadro resumo das tendências climáticas, 2021

Fonte: WayCarbon, 2021, p.27

REFERÊNCIAS

CONSÓRCIO INTERMUNICIPAL DO GRANDE ABC. Plano de Ação de Enfrentamento às Mudanças Climáticas do Grande Abc. Santo André, 201X.

CEPAGRI (UNICAMP) – Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura da Universidade de Campinas. Clima dos municípios paulistas. Disponível em: http://www.cpa.unicamp.br/outras-informacoes/clima-dos-municipios-paulistas.html . Acessado em 18/10/2013

DEFESA CIVIL DE SÃO BERNARDO DO CAMPO. Blog da Defesa Civil. Disponível em: www.decsbcp.blogspot.com . Acessado em 20/06/2015

INMET - INSTITUTO NACIONAL DE METEROLOGIA. http://www.inmet.gov.br/portal/index.php?r=home/page&page=clima. Acessado em 20/06/2015.

PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO BERNARDO DO CAMPO. Secretaria de Obras e Planejamento Estratégico, Departamento de Planejamento Estratégico, Divisão de Indicadores Sociais. Painel Estatístico de São Bernardo do Campo 2022 - Ano base 2021. PMSBC, outubro de 2022. Disponível em https://www.saobernardo.sp.gov.br/documents/10181/1577984/painel_estatistico_sbc_2022_ano_base_2021.pdf/b2258f39-e76f-cc23-6293-4217627ab2e0 (acessado em março de 2023)

TARIFA, José Roberto; AZEVEDO, Tarik Rezende. Os climas da cidade de São Paulo: teoria e prática (org.). São Paulo, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Laboratório de Climatologia, 2001, 199p.

VALVERDE, María; CARDOSO, Andréa de Oliveira; BRAMBILA, Ricardo. PADRÃO DE CHUVAS NA REGIÃO DO ABC PAULISTA: OS EXTREMOS E SEUS IMPACTOS. Revista Brasileira de Climatologia. ISSN:2237-8642 (Eletrônica), Ano 14, Vol. 22, JAN/JUN2018. (disponível em https://revistas.ufpr.br/revistaabclima/article/view/45929/35032 - acesso 15/04/2020)

WAYCARBON, ICLEI. Estudo de Avaliação de Riscos e Vulnerabilidade Climática. P5 – Sumário Executivo. Prefeitura de São Bernardo do Campo PROINFRA/CAF, Jun/2021. 73p. (disponível em https://www.saobernardo.sp.gov.br/web/sbc/vulnerabilidade-climatica). 

NOTAS

[1] Estudos desenvolvidos para o município de São Paulo por Tarifa e Azevedo (2001) foram correlacionados, pelo comportamento análogo e características de localização e relevo, com o município de São Bernardo do Campo e deste modo, adotados os mesmos padrões.

[2] CEPAGRI. Clima dos municípios paulistas. (http://www.cpa.unicamp.br/outras-informacoes/clima_muni_547.html).

 

Atualizado em março/2023

 

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