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Como circulamos e nos deslocamos. Foto aérea da cidade em dia de sol, com uma praça em rotatória, viaduto, avenidas, calçadas, ciclovia e veículos. Foto: SECOM, s/d

 

 

 

São Bernardo do Campo tem muito de sua história escrita a partir dos eixos e caminhos que cruzam seu território.

Já nos tempos coloniais os “Caminhos do Mar” eram percorridos para a travessia entre o porto do litoral e o planalto paulista, atravessando o território e funcionando com uma das mais fundamentais vias para o desenvolvimento econômico da região. Por ali, subiam as tropas de mulas trazendo os jesuítas, os colonizadores europeus e também os africanos, que carregavam consigo toda sorte de objetos que chegavam da Europa de navio. Mas, por ali, também eram levadas muitas das riquezas extraídas no nosso país, como ouro e diamantes, e posteriormente, o café produzido no interior do Estado. Ainda nos idos do século XVI, os colonizadores que chegaram à região se deslocavam em direção às pequenas vilas que se formavam no planalto, muitas vezes aproveitando os caminhos já trilhados pelos indígenas. Por ali, também chegou Dom Pedro I. E assim, os caminhos do nosso município foram ganhando destaque, tornando-se cada vez mais importantes no contexto regional. Surgiram paragens para descanso ao longo das desgastantes jornadas por estradas de chão, como as pousadas do Riacho Grande. Depois vieram as rodovias Caminho do Mar (SP-148, conhecida como Estrada Velha de Santos), Anchieta, Imigrantes, e mais recentemente, o Rodoanel.

No século XX, a industrialização, sobretudo por meio das multinacionais do setor automotivo, imprimiu um caráter rodoviário ao território, que viu a urbanização aumentar e espalhar-se, elevando a necessidade de circulação das pessoas entre suas residências, o trabalho, centros comerciais e atividades de lazer. Esse movimento de industrialização e expansão urbana aconteceu em São Bernardo de forma interligada ao processo de urbanização ocorrido na capital do Estado de São Paulo e a todos os seus desdobramentos. Localizada junto aos importantes eixos logísticos que comentamos, as rodovias e estradas, São Bernardo cresceu e viu seu pátio industrial ganhar cada vez mais importância ao longo dos anos, inclusive com longas décadas de destaque na indústria automobilística e moveleira. Em 1947 foi inaugurada a Rodovia Anchieta e em 1974, teve início a construção da Rodovia dos Imigrantes.[1] 

 

Fonte: Foto 1 - Vista aérea Rodovia Anchieta, 1953 - Acervo SP in Foco; Foto 2 - Mário K. Ishimoto, 1988 - Acervo SBC - https://memoria.saobernardo.sp.gov.br/pages/view.php?ref=8290&search=%21collection457&order_by=relevance&sort=DESC&offset=0&archive=0&k=; Foto 3 - Gabriel Inamine, SECOM, PMSBC, 2019

Foto: Gabriel Inamine, SECOM, PMSBC, 2017

 

Fonte: Linha de montagem de caminhões da GM. 1930. (https://quatrorodas.abril.com.br/noticias/a-pre-historia-da-industria-automobilistica-no-brasil/) - acessado em 15/07/2020

Nossa cidade está localizada em uma região densamente habitada e com forte dinâmica econômica. Compõe o Grande ABCD, com outros seis municípios: Santo André, São Caetano do Sul, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra. Todos estes fazem parte da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), que é formada por 39 municípios e representa o maior polo econômico do país. Para saber mais sobre como tem sido o crescimento urbano da nossa cidade, acesse aqui.

Somada a outras regiões metropolitanas no entorno próximo, podemos identificar um grande e extenso aglomerado urbano de 174 municípios: a Macrometrópole Paulista (MMP), um dos maiores agrupamentos urbanos do Hemisfério Sul. A MMP contém grande diversidade de atividades econômicas, aeroportos como o de Guarulhos e Viracopos com porte internacional e dois grandes portos (Santos e São Sebastião). Todo esse território é interligado por uma malha ferroviária e ampla rede de rodovias, funcionando como um sistema logístico [2] fundamental para o funcionamento pleno de todas as atividades desenvolvidas na região como o transporte de mercadorias e de pessoas e também para a realização dos diversos serviços que a cidade oferece.

 

Neste imenso conglomerado urbano, a circulação acontece, principalmente, por grandes eixos, conectando os municípios:

 

  • Sistema Ferroviário Estrada de Ferro Santos – Jundiaí,

  • Sistema Rodoviário Anchieta-Imigrantes,

  • Sistema Rodoviário Regis Bittencourt,

  • Sistema Rodoviário Anhanguera-Bandeirantes,

  • Sistema Rodoviário Fernão Dias,

  • Sistema Rodoviário Castelo Branco e

  • Sistema Rodoviário Dom Pedro I

 

 

 

Fotos: Gabriel Inamine e Omar Matsumoto, SECOM, PMSBC, 2019

Nestes grandes eixos, o Sistema Ferroviário funciona como importante via de escoamento para o Porto Internacional de Santos. Os Sistemas Rodoviários são também fundamentais para o escoamento interno e externo da produção agrária e industrial brasileira. Estes sistemas rodoviários estão conectados pelo Anel Rodoviário Mario Covas, cuja construção teve início em 1998. O Rodoanel, como é conhecido este anel rodoviário, atravessa nosso município na região de mananciais, em meio à Mata Atlântica, entre outros municípios da RMSP, fortalecendo a conexão da cidade com essa importante rede de circulação de pessoas e distribuição de produtos; um projeto de interligação de 10 rodovias diferentes.

 

 

Fonte: Macrometrópole Paulista 2012 – www.emplasa.sp.gov.br

 


Fonte: Extraído de CONSÓRCIO TTC / PCK / ADVOCACIA LUIZ FELIPE. PlanMob / SBC - Plano de Mobilidade Urbana Sustentável do Município de São Bernardo do Campo, RT 09 Diagnóstico e Prognóstico. São Bernardo do Campo, 2020. Pg. 9.

 

As principais vias de caráter metropolitano no nosso município são:

  • Rodovia Anchieta

  • Rodovia dos Imigrantes

  • Rodoanel

  • Corredor ABD[3].

 

Já as principais vias de acesso municipais, podem ser vistas nos mapas mais abaixo, entre eles, um croqui extraído do Painel Estatístico da Cidade.

 

 

 

Fonte: Extraído de CONSÓRCIO TTC / PCK / ADVOCACIA LUIZ FELIPE. PlanMob / SBC - Plano de Mobilidade Urbana Sustentável do Município de São Bernardo do Campo, RT 09 Diagnóstico e Prognóstico. São Bernardo do Campo, 2020. Pg. 43.

Fonte: PMSBC, SOPE, Painel Estatístico, 2019

Por toda a cidade, a malha viária foi sendo estruturada junto aos caminhos antigos, aqueles mesmos que se tornaram importantes vias de circulação desde o período da colonização do Brasil e depois, com a industrialização. Esta malha viária, por vezes se expandiu acompanhando fundos de vale e em outras situações, desafiando a topografia. Ao longo das décadas do século XX, limitando-se aos loteamentos e em vários casos, criando barreiras urbanas. E criando até mesmo severos problemas ambientais como as enchentes e alagamentos tão conhecidos por quem circula por aqui.

Quando, na década de 1920, foi construída a Represa Billings, uma enorme barreira foi criada em São Bernardo e muitos caminhos ficaram desde então, embaixo d´água. Conexões se perderam, e o escoamento do carvão e da lenha que eram produzidos na região dos bairros Tatetos, Curucutu, Taquacetuba e outros, passou a ser realizado por meio dos Batelões.Os batelões eram barcas próprias para cargas pesadas, mas também transportavam pessoas. Seus condutores seguiram durante décadas empreendendo grande esforço para manter a conexão entre os dois lados da represa.

Além das barreiras historicamente originadas, outras barreiras mais recentes também persistem, como as linhas de alta tensão, os grandes lotes industriais, as dutovias e até mesmo alguns trechos dos corredores do ônibus que tem pontos limitados de travessia para pedestres.

 

 

Nas imagens podemos ver a represa interrompendo uma estrada já bastante antiga, mas que ainda existe, a Estrada do Rio Acima, na região do pós-balsa. Também podemos ver os batelões, barcas que serviam para realizar a conexão entre os dois lados da represa, quando de sua inundação no final do anos 1920. Na imagem, um batelão carregado de madeira chega ao Porto do Riacho Grande.

 

Foto: Ricardo Cassin, SECOM, PMSBC, 2018

Batelão - Recordações do Léli - Fonte: Ademir Médici, 2012, p. 291

 

Como já pudemos ver, as principais vias de caráter metropolitano da nossa cidade são rodovias para o modal de veículos automotores (caminhões, ônibus, veículos de passeio) que atravessam o município nos eixos norte-sul e leste-oeste.

Essas vias, ao mesmo tempo conectam o território e conectam nosso município a toda essa importante malha rodoviária e ferroviária citada, mas também representam fortes barreiras urbanas e ambientais que influenciam o zoneamento. [4] Sobretudo as vias de trânsito rápido e aquelas que contam com corredores de ônibus.

São Bernardo do Campo possui vegetação nativa em cerca de 40% de seu território, sendo 18km² do Parque Estadual da Serra do Mar, domínios da Mata Atlântica. No entanto, esses remanescentes de Mata estão fragmentados e são atravessados pelas rodovias. Para saber mais sobre a Mata Atlântica em São Bernardo, clique aqui

Do ponto de vista ecológico, esses eixos rodoviários fragmentam a paisagem, impedem a circulação da fauna e apresentam riscos à travessia. No sistema Anchieta-Imigrantes ocorrem mais de 70 atropelamentos de fauna por mês.[5]

Fotos: Gabriel Inamine, SECOM, PMSBC, 2019

Foto: Omar Matsumoto, SECOM, PMSBC, 2019

A superação dessas barreiras é um desafio não só à conectividade dos fragmentos florestais, como também à mobilidade urbana, sobretudo à mobilidade ativa ou mobilidade não motorizada. Para os modos de deslocamento não motorizados, ou seja, aqueles que dependem da força humana, as barreiras aumentam o esforço físico empreendido e o tempo de deslocamento. Ou seja, o pedestre precisa muitas vezes andar muito mais para contornar um lote de uma grande indústria, chegar até o ponto adequado de travessia num corredor de ônibus ou seguir um longo percurso em passarela suspensa, por exemplo. Para os modos motorizados, as barreiras aumentam o tamanho e o tempo do percurso, gerando maior emissão de poluentes e necessidade de mais combustível e matérias primas envolvidas na produção e manutenção dos veículos.

Nesse sentido, algumas novas conexões foram criadas nos últimos anos, no sistema viário, na tentativa de facilitar o trânsito de veículos automotores, como o Viaduto dos Bombeiros. Apesar da criação de novas conexões, muitas vias permanecem como grandes barreiras na conectividade do tecido urbano.

Por isso, a mobilidade urbana é um tema essencial no bom desenvolvimento das cidades, sendo diretamente relacionada à boa qualidade de vida da população e deve ser englobada no planejamento urbano a partir de políticas específicas, como determina a Política Nacional de Mobilidade Urbana (PNMU) - Lei nº 12.587/2012.

 

O que é mobilidade ativa?

 

Como Mobilidade ativa ou mobilidade não motorizada denominamos os deslocamentos que ocorrem a partir da propulsão da força humana, como a caminhada, a corrida e o uso de bicicletas, triciclos, patinetes e skates, entre outras formas que não fazem uso de motores. A mobilidade ativa pode abranger apenas o deslocamento humano como também o transporte de bens e mercadorias, realizado pela propulsão humana.

 


 

 

A PNMU é instrumento da política de desenvolvimento urbano. Seguindo os princípios desta política, cujos objetivos são “a integração entre os diferentes modos de transporte e a melhoria da acessibilidade e mobilidade das pessoas e cargas no território do Município” e “contribuir para o acesso universal à cidade” entre outros,  as conexões urbanas devem ultrapassar as barreiras e serem facilitadas o tanto quanto possível, em prioridade, aos modos de deslocamento ativos, seguidos pelos meios motorizados coletivos e finalmente, os individuais, sempre promovendo o “desenvolvimento sustentável das cidades, nas dimensões socioeconômicas e ambientais”. Veja como funciona essa diretriz do PNMU no esquema a seguir: “prioridade dos modos de transporte não motorizados sobre os motorizados e dos serviços de transporte público coletivo sobre o transporte individual motorizado”.

 

Foto: SECOM, PMSBC, 2017

 

Você sabia?

Segundo a Política Nacional de Mobilidade Urbana, instituída pela Lei Federal 12.587/12, todos os municípios com mais de 20mil habitantes ou que estejam localizados em regiões metropolitanas ou integrantes de áreas de interesse turístico, entre outros, precisam obrigatoriamente elaborar Planos de Mobilidade Urbana Municipais. São Bernardo está incluído neste grupo, e está elaborando seu plano de mobilidade.

 

 

 

Em São Bernardo do Campo, que está em pleno desenvolvimento de seu Plano de Mobilidade, estudos diagnósticos identificaram que muitas das conexões viárias urbanas existentes se limitam pontualmente às transposições de vias e que privilegiam os modos motorizados. Ao contrário do recomendável, o ônus do deslocamento recai aos modos ativos, mais expostos à falta de segurança. Um exemplo dessa inversão de esforços motores são as travessias por passarelas¹.

Tal condição prejudica as viagens a pé, que representam a maior parte dos deslocamentos no município, com 31,4% do total, conforme os dados da Pesquisa Origem e Destino (OD, 2017). Esses estudos diagnósticos são essenciais para o bom planejamento da mobilidade urbana e a solução adequada dos problemas vivenciados pela população. Veja na tabela e no gráfico a seguir, como é a distribuição dos deslocamentos realizados na nossa cidade em comparação aos realizados na Região Metropolitana de São Paulo.

 

 

O que é mobilidade urbana?

 

Segundo a Política Nacional de Mobilidade Urbana, mobilidade urbana é a “condição em que se realizam os deslocamentos de pessoas e cargas no espaço urbano.

Quais são os modos de transporte urbano?

  1. I - motorizados; e
  2. II - não motorizados.

Como são classificados os serviços de transporte urbano?

I - quanto ao objeto:

  1. a) de passageiros;
  2. b) de cargas;

II - quanto à característica do serviço:

  1. a) coletivo;
  2. b) individual;

III - quanto à natureza do serviço:

  1. a) público;
  2. b) privado.

Quais são as infraestruturas da mobilidade urbana?

  1. I - vias e demais logradouros públicos, inclusive metroferrovias, hidrovias e ciclovias;
  2. II - estacionamentos;
  3. III - terminais, estações e demais conexões;
  4. IV - pontos para embarque e desembarque de passageiros e cargas;
  5. V - sinalização viária e de trânsito; VI - equipamentos e instalações; e
  6. VII - instrumentos de controle, fiscalização, arrecadação de taxas e tarifas e difusão de informações

 

Fonte: Lei Nº 12.587, de 3 de janeiro de 2012. Política Nacional de Mobilidade Urbana

 

 

Os modos ativos (pedestres e bicicletas) representavam, em 2017, 32,2% do total de viagens em SBC frente a 32,7% na RMSP. Somando-se os modos de transporte coletivo público (metrô, trem, ônibus, e lotação/van /peruas municipais e intermunicipais) a participação destes é de 30,8% na RMSP. Já em SBC, esse número cai para 22,5%, tornando o modo “Dirigindo Automóvel”, o de maior participação após o modo ”A pé” – o que pode ser explicado pela menor quantidade de viagens por metrô, além de outros parâmetros obtidos nessa Pesquisa OD 2017.

 

 

Fonte: Extraído de CONSÓRCIO TTC / PCK / ADVOCACIA LUIZ FELIPE. PlanMob / SBC - Plano de Mobilidade Urbana Sustentável do Município de São Bernardo do Campo, RT 09 Diagnóstico e Prognóstico. São Bernardo do Campo, 2020. Pg. 90.

Fonte: Extraído de CONSÓRCIO TTC / PCK / ADVOCACIA LUIZ FELIPE. PlanMob / SBC - Plano de Mobilidade Urbana Sustentável do

Município de São Bernardo do Campo, RT 09 Diagnóstico e Prognóstico. São Bernardo do Campo, 2020. Pg. 91.

Em 2017, segundo a pesquisa, nossa cidade gerava 1.529.033,02 viagens por dia, de um total de 42.006.659,87 de viagens geradas na Região Metropolitana de São Paulo. A grande maioria das viagens originadas em nossa cidade ocorre em deslocamentos entre a residência e o trabalho ou instituições de ensino, representando esse conjunto aproximadamente 90% de todas as viagens realizadas em 2017[6]. As viagens de pessoas que deixam a cidade, ocorrem principalmente em direção à vizinha São Paulo, seguida de Santo André e Diadema, com respectivamente 39%, 25% e 20%[7] do total de viagens realizadas a partir de SBC para a RMSP. Nas viagens geradas em São Bernardo, vale destacar a importância do transporte individual e do transporte ativo. Veja os números.

 

Fonte: CONSÓRCIO TTC / PCK / ADVOCACIA LUIZ FELIPE. PlanMob / SBC - Plano de Mobilidade Urbana Sustentável do Município de São Bernardo do Campo, RT 09 Diagnóstico e Prognóstico. São Bernardo do Campo, 2020. P.126

 

A capacidade de mobilidade da população está também associada à sua faixa de renda e ao custo, qualidade e quantidade dos serviços de transporte coletivo oferecidos. A existência de infraestrutura adequada à esta mobilidade, como terminais de ônibus, corredores, ciclovias, calçadas adequadas, vias públicas sinalizadas e com boa pavimentação, acessibilidade e segurança, são alguns outros fatores relacionados ao número de viagens e tipo de viagens realizadas por uma população. Todos estes podem ser fatores importantes na definição do tipo de viagem, se motorizada ou não, se individual ou coletiva.

E falando um pouco mais sobre as viagens de transporte individual, veja nas tabelas ao lado como são os números de frota dos veículos automotores da cidade e da região. Em nossa cidade, temos um automóvel cadastrado para cada dois habitantes! E das viagens originadas na nossa cidade, 50% são feitas de transporte individual! [8] O que é um número bastante alto e nos mostra o quanto somos dependentes dos carros e motos, fortalecendo porcentagens que citamos logo acima. Apesar disso, os municípios vizinhos de São Caetano e Santo André tem situações ainda mais complicadas nesta proporcionalidade.

Aqui, os automóveis representavam, em 2019, quase 68% do total de frota de veículos automotores. E podemos notar ainda, pelas tabelas, que a frota de motocicletas tem tido grande crescimento nos últimos anos, enquanto o número de caminhões diminuiu ligeiramente, tendo ocorrido pequeno aumento entre os anos de 2018 e 2019. Toda essa frota de veículos de transporte individual sobrecarrega as vias públicas nos horários de pico, tanto de manhã, quanto nos finais do dia, gerando grandes congestionamentos em algumas vias e até mesmo, em alguns trechos das rodovias que atravessam a cidade. Você pode encontrar mais dados a respeito da frota de São Bernardo, acessando o Painel Estatístico.

 

Fotos: Luciana Dias do Nascimento, Ricardo Cassin e Omar Matsumoto, SMA e SECOM, PMSBC, 2017, 2019

 

O sistema de transporte municipal transportou em média 224mil usuários por dia! O que representa algo por volta de 26% da população. São 68 linhas de ônibus, e quase 400 veículos rodando pela cidade, a grande maioria deles, adaptados para pessoas de baixa mobilidade. A zona rural da cidade conta com 11 linhas apoiadas no Terminal Tereza Suster (Riacho Grande).[10]. Veja os detalhes nas tabelas do Anuário Estatístico que destacamos a seguir. Só a EMTU tem mais 61 linhas que cruzam a cidade em algum ponto.[10]

 

Além dos modos de deslocamento que citamos, nossa cidade oferece o deslocamento por balsa a cabo, ainda bastante desconhecido por muitos moradores da cidade e região. Pois é, atualmente, como forma de promover a conectividade entre a parte do munícipio ao sul do reservatório Billings e a área ao norte do reservatório, existem 3 grandes sistemas de pontes, que tem importância regional. Mas além destas transposições, ainda existem outros dois pontos de conexão local por balsa, interligadas com o transporte coletivo. Entre a região que conhecemos como pós-balsa e o Distrito do Riacho Grande, circula a Balsa João Basso. Entre São Bernardo, bairro Taquacetuba e a Ilha do Bororé, em São Paulo, circula uma balsa menor, conhecida como Balsa do Taquacetuba. Ambas inclusive, promovendo a travessia dos usuários do Transporte Coletivo. O sistema de balsas na represa é gratuito, operado pela Empresa Metropolitana de Águas e Energia (EMAE)[9] e faz parte de um antigo acordo realizado entre a Companhia Light e a Prefeitura ainda na época da construção da represa, na década de 1920.

Quanto ao transporte coletivo, o Sistema de Transporte Público de SBC funciona em três redes diferentes: SBCTrans – Urbana Municipal, EMTU – Metropolitana; e METRA – Intermunicipal, sendo que a última rede funciona com veículos elétricos por cabeamento em corredores exclusivos.

Fonte: http://metra.com.br (acessado em 15/07/2020)

Foto: Gabriel Inamine, SECOM, PMSBC, 2019

Fonte: PMSBC, SOPE, Painel Estatístico, 2020

Como parte da infraestrutura de mobilidade urbana da cidade, atualmente, o município conta com dois terminais metropolitanos – Terminal São Bernardo do Campo e Terminal Ferrazópolis – e três terminais municipais – Terminal Tereza Suster – no Riacho Grande e Terminal Grande Alvarenga (antigo Terminal Alves Dias); além da Rodoviária João Setti, localizada no centro da cidade, onde também operam ônibus municipais. A fim de melhorar a eficiência e segurança das viagens realizadas de transporte público coletivo, o município recentemente iniciou a implantação de faixas exclusivas de ônibus.[11]

 

Fonte: https://www.reporterdiario.com.br/noticia/2470765/sao-bernardo-inaugura-terminal-alvarenga-em-operacao-reduzida/ foto de Pedro Diogo (acesso 13/08/2020)

Além da implantação de corredores exclusivos de ônibus, também tem sido implantadas novas ciclofaixas e ciclovias em alguns pontos da cidade, algumas delas ao longo dos novos corredores de ônibus. Atualmente (2019), o município de SBC possui cerca de 8 km de infraestrutura cicloviária, parte de uso misto com o pedestre, que estão distribuídos conforme o mapa a seguir.[12] Vale lembrar que em 2017, a pesquisa OD contabilizou 0,8% das viagens sendo realizadas de bicicleta em nossa cidade.

 

Fonte: Extraído de CONSÓRCIO TTC / PCK / ADVOCACIA LUIZ FELIPE. PlanMob / SBC - Plano de Mobilidade Urbana Sustentável do Município de São Bernardo do Campo, RT 09 Diagnóstico e Prognóstico. São Bernardo do Campo, 2020. Pg. 198.

 

 

 

Fotos de: PMSBC, SECOM, Gabriel Inamine, 2019 e 2020.

 

Voltando ao transporte motorizado, com destaque para o transporte motorizado individual que ocorre em maior número de viagens, mas também para o transporte de cargas, não podemos esquecer que o fluxo de veículos automotores está atrelado a emissões de poluentes atmosféricos, já que os veículos dependem, principalmente, de combustíveis fósseis para seu funcionamento.

Além dos automóveis, um dos principais modais na cidade, existe também um intenso fluxo de transporte de cargas pelo município, principalmente devido à importância das vias no contexto logístico da macrometrópole. Ou seja, os eixos que cruzam a cidade recebem veículos de diversas origens e não apenas os registrados localmente, sobrecarregando o sistema e aumentando os índices de poluição.

 

O município que mais “envia” pessoas para nossa cidade, na RMSP, é São Paulo, seguido por Santo André e Diadema. Veja como é essa distribuição de viagens diárias, conforme os dados da pesquisa Origem e Destino de 2017, na tabela. 

 

 

Fonte: Extraído de CONSÓRCIO TTC / PCK / ADVOCACIA LUIZ FELIPE. PlanMob / SBC - Plano de Mobilidade Urbana Sustentável do Município de São Bernardo do Campo, RT 09 Diagnóstico e Prognóstico. São Bernardo do Campo, 2020. Pg. 128.

Foto: Gabriel Inamine, SECOM, PMSBC, 2019

A Tabela abaixo mostra um quadro geral dos principais poluentes considerados indicadores da qualidade do ar, bem como suas características, quais suas origens principais e seus efeitos ao meio ambiente. Se observarmos, vamos notar que a maior parte dos poluentes tem como fonte principal os veículos automotores!

 

Fonte: CETESB. Qualidade do Ar no Estado de São Paulo, 2018. Série Relatórios  (p.27-28). https://cetesb.sp.gov.br/ar/wp-content/uploads/sites/28/2019/07/Relat%C3%B3rio-de-Qualidade-do-Ar-2018.pdf.[13]

Existem Padrões de Qualidade do ar, no Estado de São Paulo, que foram definidos no Decreto Estadual nº 59.113, de 23/04/2013. A Legislação Estadual estabelece critérios para episódios críticos de poluição do ar para a declaração dos estados de Atenção, Alerta e Emergência, conforme o grau de severidade, do menos severo ao mais severo, respectivamente. Existem também os Padrões Nacionais de Qualidade do ar, fixados na Resolução CONAMA nº 03, de 28/06/1990, vigentes até 2018, data do último relatório de monitoramento publicado pela CETESB³. Os níveis de concentração sofrem influência direta das condições meteorológicas, que podem ser favoráveis ou desfavoráveis à dispersão.

Assim, temos as informações sobre a qualidade do ar em São Bernardo do Campo[14], conforme podemos visualizar nas tabelas ao lado. Podemos notar a partir das tabelas que estas condições tem se mantido bastante semelhantes nos três anos da série de dados apresentada e que são também semelhantes entre os municípios do ABCD. É importante destacar que a rede coleta de dados de qualidade do ar na região é extremamente reduzida, com apenas um ou dois pontos no município e que existem variações bastante grandes entre os bairros das cidades, mesmo que as estatísticas não mostrem isso. Sobretudo porque cada uma das regiões nos munícipios apresentam condições microclimáticas variadas, tanto nos aspectos de direção dos ventos, emissão e concentração de poluentes, umidade relativa do ar, temperatura da superfície, entre outras.Saiba mais sobre o clima da nossa cidade clicando aqui

O setor de transportes também contribui para a emissão de Gases que intensificam o Efeito Estufa (GEE). Esses gases atuam na atmosfera retendo o calor, gerando desdobramentos que influenciam diretamente no aquecimento global. No inventário de gases de efeito estufa realizado para a região do Grande ABC, São Bernardo do Campo aparece como o município que mais contribui com essas emissões no setor de transporte, com 35% do total emitido na região, segundo dados de 2016. Esta condição se dá, possivelmente, em razão da presença maciça de vias de tráfego rápido cruzando a cidade.

 

FONTE: Consórcio Intermunicipal Grande ABC. ICLEI. 1º Inventário Regional de Emissões de Efeito Estufa do Grande ABC., 2016, P.22. http://e-lib.iclei.org/wp-content/uploads/2017/04/INVENTARIO_ABC-1.pdf

Fonte: PMSBC, SOPE, Painel Estatístico, 2019

 

 

Com relação ao tipo de veículo, os caminhões (leves e pesados) seguidos pelos automóveis são os maiores emissores de GEE como podemos ver no gráfico.

 

Fonte: Consórcio Intermunicipal Grande ABC. ICLEI. 1º Inventário Regional de Emissões de Efeito Estufa do Grande ABC., 2016, P.22. http://e-lib.iclei.org/wp-content/uploads/2017/04/INVENTARIO_ABC-1.pd

Diante de tantos dados sobre a mobilidade urbana em São Bernardo, já podemos notar que estamos frente a uma situação bastante complexa, que envolve não só os modos de deslocamento que adotamos, mas também o planejamento do desenvolvimento da cidade, em seus mais diversos aspectos.

Como nossa cidade cresceComo nossa cidade cresceu, indo de Vila a Metrópole? Como é construída e no que está apoiada nossa economia? Trata-se de uma economia inclusiva, adequada aos interesses da população?

Pensar em formas de melhorar a mobilidade urbana passa por todos estes aspectos! Passa por pensar em caminhos que possam promover a melhoria do transporte público, coletivo e realizar escolhas mais sustentáveis no desenvolvimento do tecido urbano, que são ações fundamentais para mitigar os impactos ambientais gerados pelos deslocamentos, os impactos gerados na qualidade de vida da população e também na fauna e no clima. Sobretudo em razão da matriz energética mais utilizada no transporte motorizado, o petróleo, uma fonte de energia não renovável. E na geração de resíduos, derivados da produção infinita de peças e veículos para transporte individual. Será que as condicionantes ambientais definidas pelo terreno foram respeitadas na expansão do viário urbano? Consideramos os cursos d´água e as áreas de preservação permanente na implantação do viário? E além de tudo isso, ainda temos em nossa cidade, uma via expressa, que atravessa um dos nossos maiores patrimônios: a Represa Billings

Pensar a mobilidade é pensar em diversas conexões, com temas transversais, que se interconectam numa grande teia. Por isso, recomendamos a você que explore um pouco mais sobre o assunto, acessando os links que disponibilizamos aqui!

 

REFERÊNCIAS

BRASIL. Política Nacional de Mobilidade Urbana (PNMU) - LEI Nº 12.587/2012 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12587.htm). Acessado 03/08/2020)

CETESB.  Qualidade do ar no estado de São Paulo 2018. Equipe técnica Clarice Aico Muramoto [et al.]; Mapas Thiago De Russi Colella.- São Paulo : CETESB, 2019. 210p. Disponível em: https://cetesb.sp.gov.br/ar/wp-content/uploads/sites/28/2019/07/Relat%C3%B3rio-de-Qualidade-do-Ar-2018.pdf (Acessado em 15/07/2020)

Consórcio Intermunicipal Grande ABC. ICLEI. 1º Inventário Regional de Emissões de Efeito Estufa do Grande ABC. 2016, Disponível em: http://e-lib.iclei.org/wp-content/uploads/2017/04/INVENTARIO_ABC-1.pdf (Acessado em 15/07/2020)

CONSÓRCIO TTC / PCK / ADVOCACIA LUIZ FELIPE. Contrato SA.201.1 nº 067/2018. PlanMob / SBC - Plano de Mobilidade Urbana Sustentável do Município de São Bernardo do Campo, RT 09 Diagnóstico e Prognóstico. São Bernardo do Campo, 2020, volume único, 332p.

INSTITUTO DE POLÍTICAS DE TRANSPORTE E DESENVOLVIMENTO. Desestímulo ao uso do automóvel. https://itdpbrasil.org/programas/desestimulo-ao-automovel/ (acessado em 03/08/2020)

MÉDICI, Ademir. São Bernardo do Campo 200 anos depois. A história da cidade contada por seus protagonistas. São Bernardo do Campo: PMSBC, 2012. 320p.

PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO BERNARDO DO CAMPO. Secretaria de Obras e Planejamento Estratégico, Departamento de Planejamento Estratégico, Divisão de Indicadores Sociais. Painel Estatístico de São Bernardo do Campo 2019 - Ano base 2018. PMSBC, agosto de 2019. Disponível em https://www.saobernardo.sp.gov.br/web/sbc/painel-estatistico (Acessado em 15/07/2020)

PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO BERNARDO DO CAMPO. Secretaria de Obras e Planejamento Estratégico, Departamento de Planejamento Estratégico, Divisão de Indicadores Sociais. Painel Estatístico de São Bernardo do Campo 2020 - Ano base 2019. PMSBC, agosto de 2020. Disponível em https://www.saobernardo.sp.gov.br/web/sbc/painel-estatistico (Acessado em nov/2020)

 

NOTAS

[1]  CONSÓRCIO TTC / PCK / ADVOCACIA LUIZ FELIPE. PlanMob / SBC - Plano de Mobilidade Urbana Sustentável do Município de São Bernardo do Campo, RT 09 Diagnóstico e Prognóstico. São Bernardo do Campo, 2020. P.90-92

[2]  idem 1

[3]  idem 1

[4]  idem 1

[5]  https://www.diarioregional.com.br/2018/04/21/atropelamentos-vitimam-77-animais-por-mes-no-sistema-anchieta-imigrantes/

[6]  idem 1 P.90-92

[7]  idem1 P. 130

[8]  idem 1 P.131

[9]  idem 1

[10] idem 1. Pg259

[11]  idem 1

[12]  idem 1

[13]  CETESB. Qualidade do Ar no Estado de São Paulo, 2018. Série Relatórios  (p.27-28). https://cetesb.sp.gov.br/ar/wp-content/uploads/sites/28/2019/07/Relat%C3%B3rio-de-Qualidade-do-Ar-2018.pdf

[14]  Fonte: PMSBC. Painel Estatístico 2019 / Ano Base 2018. Capítulo I – Geografia E Meio Ambiente. https://www.saobernardo.sp.gov.br/web/sbc/painel-estatistico

 

Atualizado em dezembro/2020

 

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