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Um pouco mais sobre o nosso relevo. Foto aérea da Serra do Mar com mata, represa e pontes da rodovia. Foto: Luciana Dias do Nascimento, PMSBC, 2014

 

 

Estudos de Geomorfologia do Instituto de Pesquisas Tecnológicas afirmam que São Bernardo do Campo está na Província Geomorfológica do Planalto Atlântico e tem pequeno trecho na Serrania Costeira, sendo estas as duas grandes unidades geomorfológicas da região. A Serrania Costeira é uma Subzona da Serra do Mar e contempla, em nosso município, pequeno trecho de encostas com elevada declividade, no extremo sul de São Bernardo, bem pertinho de onde tem início a descida da Serra no sentido Santos. Depois de alguns quilômetros, quem desce pela serra entra no território de Cubatão ou de São Vicente.

 

 

 

 

 

O que é GEOMORFOLOGIA?

“Ciência que estuda as formas de relevo, tendo em vista a origem, estrutura, natureza das rochas, o clima da região e as diferentes forças endógenas e exógenas que, de modo geral, entram como fatores construtores e destruidores do relevo terrestre. Estuda o relevo atual. (...)”. GUERRA, 1980, p.24.

As forças endógenas são aquelas oriundas do calor que deriva do centro da terra, do núcleo terrestre, como o vulcanismo e os movimentos das placas tectônicas e as forças exógenas, estão relacionadas à ação dos ventos, da água, do sol, gelo e outros agentes externos como o próprio ser humano, os animais e a vegetação.

 

 

Fonte: Foto de Luciana Dias do Nascimento, PMSBC, 2013

 

 

Apesar dessa serra com desnível impressionante, 90% do território do nosso município fica mesmo no Planalto Paulistano, um Compartimento Geomorfológico que agrega as denominadas Colinas de São Paulo e a Morraria de Embu. E é por isso que a maior parte do município tem essas características de colinas e morros, às vezes, chamados de morrotes dependendo do seu aspecto. A amplitude topográfica (variação de altitude do relevo entre o ponto mais alto e o ponto mais baixo) só é relativamente maior no município porque existe esse desnível da Serra do Mar. Com altitudes variando entre 986,50m, no Pico do Bonilha, que é o nosso ponto mais alto, e 60m, no encontro do Rio Passareúva e do Rio dos Pilões, no ponto mais baixo da serra que ainda fica dentro do município, essa amplitude é de cerca de 926m.

 

 

 

PICO DO BONILHA

De acordo com a formação geológica na região, o pico do Bonilha é o ponto mais alto de São Bernardo do Campo, sendo sua altura de 986,50 metros (Secretaria de Obras e Planejamento Estratégico/MSBC, 2018), trazendo assim um destaque marcante à região. Este cume já teve vários outros nomes, e seu nome atual refere-se a Alferes Bonilha, antigo proprietário dessas terras, onde há relatos que de produzia chá. Bonilha foi muito influente na freguesia em 1800, sendo seu nome também atribuído à rua paralela a Avenida Marechal Deodoro (Prefeitura Municipal de São Bernardo do Campo, 2015).

Tombado como patrimônio histórico e cultural pela COMPAHC-SBC (Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Cultural de São Bernardo do Campo), o pico do Bonilha proporciona uma larga visão panorâmica do município e dá abrigo a remanescentes da Mata Atlântica, do seu alto, em dias abertos, é possível enxergar a Represa Billings.

 

 

Fonte: SMA, PMSBC, 2017

 

 

Fonte: SMA, PMSBC, 2017

 

 

VOCÊ SABIA?

Importante a gente destacar que os alagamentos e o acúmulo de sedimentos são processos que ocorrem naturalmente nas planícies mais largas, mais amplas dos rios e córregos. Isso porque quando chove, a água da chuva se espalha por toda a planície do rio, ocupando as margens dos cursos d´água..

 

 

 

 

No geral, boa parte da área urbana mais estruturada de São Bernardo tem um relevo colinoso, ou seja, com bastante colinas, que são aquelas formas de relevo com menor amplitude topográfica, com inclinação mais suave também. Essas colinas são intercaladas por planícies aluvionares. Este é o nome técnico para aquelas áreas onde costumam se formar depósitos de sedimentos e alagamentos ao longo dos rios e córregos. Para quem conhece bem a cidade, fica simples de lembrar quais bairros tem essas características e eles estão localizados no norte do município, sendo alguns deles o bairro do Taboão, o Rudge Ramos e o Centro. Estes também são os bairros mais propícios à expansão urbana, de forma planejada, e vamos falar mais disso daqui a pouco.

Se conhecemos bem o município e pensamos sobre onde estão localizados os morros e morrotes da cidade, vamos provavelmente lembrar do bairro do Montanhão, não é mesmo?

Pois bem, é exatamente naquela região que estão localizados alguns dos morros altos da cidade. Ao seguirmos pela Rodovia Anchieta ou pela Rodovia dos Imigrantes, deixando o centro da cidade em direção à represa e à Santos, podemos notar que aos poucos vão surgindo alguns morros na paisagem. Estes morros também estão do outro lado da represa, podemos visualizar parte deles na foto ao lado. E são justamente estes pontos mais altos que delimitam a área da Bacia Hidrográfica do Reservatório Billings. Para saber mais sobre essa importante Bacia Hidrográfica que é fonte de abastecimento de água, você pode clicar aqui.

Fonte: SMA, Seção de Fiscalização Ambiental, PMSBC, 2017

Além do Montanhão, outros bairros estão localizados em regiões em que ocorrem os morros e os morrotes como o Alvarenga, o Batistini, o Botujuru e até mesmo o Riacho Grande e os bairros do Pós-Balsa. Ou seja, a maior parte do município, em extensão territorial, esta situada em área de predominância de morros e morrotes. Estes morros tem características e altitudes variáveis, podendo apresentar formas e declividades parecidas ou diferentes. Para entender um pouco mais sobre como se distribuem na cidade e quais suas características, basta estudar o Mapa Geomorfológico do Município e sua legenda, elaborados pelo Instituto de Pesquisas Técnológicas (IPT). Este é o estudo mais detalhado sobre o tema, elaborado por uma instituição, que existe sobre o município. Que tal encontrar o seu bairro no mapa?

 

Pra quem quiser saber mais detalhes sobre as características das formas de relevo delimitadas no mapa, deixamos ao lado a descrição técnica. (PMSBC, 2019)

 

Fonte: Instituto de Pesquisas Tecnológicas (1999), Secretaria de Gestão Ambiental (SGA-2013)

 

 

Planícies aluvionares: relevo aplainado dos fundos de vales, onde ocorrem naturalmente inundações devidas às cheias dos cursos d´água que margeiam e onde há ocorrência de depósitos de sedimentos

Colinas: relevo de baixa amplitude altimétrica, variando entre 40 e 60m, e baixas declividades, intercalado por amplas planícies aluvionares e morrotes baixos. Representam extensão territorial secundária no município.

Morros e morros baixos: Representam a porção mais alta do município, com altitudes em torno de 840m, topos agudos e arredondados. São formas sujeitas à ocorrência de escorregamentos, rolamentos de blocos e outros processos erosivos, principalmente na ocorrência de solos expostos, remoção da camada superficial do solo, remoção da cobertura vegetal, lançamento de efluentes e/ou drenagem inapropriada. Ocorre principalmente no bairro conhecido como Montanhão, parte sudeste da área urbana do município.

Morrotes (morrotes alongados e paralelos, morrotes pequenos e alongados, morrotes de vales abertos, morrotes baixos, morrotes altos, morrotes pequenos, morrotes pequenos e isolados): os morrotes ocorrem com variedade de características em São Bernardo do Campo, daí decorre o fato de terem sido isolados em grupos distintos. Em geral, apresentam amplitudes topográficas inferiores a 80m, vertentes íngremes, vales fechados sem formação de planícies e aluviões com cabeceiras de drenagem bastante encaixadas e declividades acima de 15%. Sua distribuição pode ser verificada no mapa geomorfológico.

Escarpas: localizadas ao sul do município, no limite do rebordo do Planalto, em pequeno trecho na porção mais baixa do território sãobernardense. É representado pela elevada amplitude topográfica, encosta íngreme, sujeita a escorregamentos, rolamentos e movimentos de massa no médio curso do Rio Pilões, onde ocorre um grande anfiteatro. Esta região é protegida pelo Parque Estadual da Serra do Mar.

Resumindo, no relevo de São Bernardo do Campo, as planícies aluvionares e as colinas (relevo de baixa amplitude altimétrica, variando entre 40 e 60m, e baixas declividades), ocorrem principalmente na porção norte do território municipal. Os morros e morros baixos dizem respeito à porção mais alta do município (altitudes em torno de 840m, topos agudos e arredondados) e são mais propícios à ocorrência de escorregamentos e outros processos erosivos que ocorrem principalmente no bairro conhecido como Montanhão e seus arredores. Os morrotes (morrotes alongados e paralelos, morrotes pequenos e alongados, morrotes de vales abertos, morrotes baixos, morrotes altos, morrotes pequenos, morrotes pequenos e isolados) são formas de relevo que ocorrem com variedade de características em São Bernardo do Campo, daí decorre o fato de terem sido isolados em grupos separados no mapa. Em geral, apresentam amplitudes topográficas inferiores a 80m, declividades importantes, planícies menos amplas e nascentes bem delimitadas e encaixadas na paisagem.

 

 

Relevo é um conjunto de formas de terreno que compõe as diversas paisagens que encontramos ao redor do mundo.

 

 

Fonte: Seção de Fiscalização Ambiental, SMA, PMSBC, 2017

 

 

RELEMBRANDO

Forças ou fatores endógenos são aqueles oriundos do calor que deriva do centro da terra, do núcleo terrestre, como o vulcanismo e os movimentos das placas tectônicas e os fatores exógenos, estão relacionados à ação dos ventos, da água, do sol, gelo e outros agentes externos como o próprio ser humano, os animais e a vegetação

Fonte: Foto de Luciana Dias do Nascimento, PMSBC, 2014

 

Todas estas características do relevo estão diretamente relacionadas ao seu processo de formação, aos fatores endógenos e exógenos, como já destacamos antes, pois eles determinam a existência das formas de relevo.

Então, podemos perguntar: quais foram os processos pelos quais chegamos às formas de relevo que temos hoje? “Por trás” dessas características temos o que chamamos tecnicamente de embasamento ou substrato rochoso e também a ação do intemperismo. Vamos falar mais sobre isso?

Para que possamos compreender um pouco mais sobre a formação do relevo, precisamos nos debruçar sobre os estudos de Geologia. Isso porque a Geologia é a ciência que nos orienta na compreensão da estrutura, dos fenômenos de formação (morfogênese) e na composição da crosta terrestre, trazendo mais clareza sobre o embasamento rochoso.

 

 

Geologia é a ciência que estuda a composição, a estrutura e os fenômenos genéticos formadores da crosta terrestre, assim como o conjunto geral de fenômenos que agem não somente na superfície, como também no interior do planeta. A Geologia Histórica estuda e procura datar cronologicamente a evolução geral, as modificações estruturais, geográficas e biológicas ocorridas ao longo da história da Terra. (IBGE, 1999, p.94)

 

 

Segundo o Instituto de Pesquisas Tecnológicas, o IPT, que fez estudos um pouco mais detalhados sobre a Geologia de São Bernardo, o embasamento geológico no município é composto por rochas e mineirais da Era Cenozóica - Período Quarternário, da Era Mezosóica e também do Pré-Cambriano. Aqui, estamos falando de rochas e minerais, portanto, também estamos falando de uma outra escala do tempo, a escala geológica. Uma escala que aborda bilhões de anos. Estima-se que o Planeta Terra tenha cerca de 4,5 bilhões de anos. Veja como é essa escala na imagem.

Olhando bem para essa escala e para Eras geológicas citadas referentes às origens do embasamento rochoso do município, podemos ver que parte das rochas e mineirais que ocorrem aqui tem mais de 570 milhões de anos podendo chegar a bilhões de anos, uma vez que foram formadas no Pré-Cambriano. Por outro lado, alguns dos materiais que compõe esse embasamento são do período Quaternário, ou seja, um período dentro da Era Cenozóica, a Era em que estamos vivendo neste momento e que teve início aproximadamente 1,6 milhões de anos atrás.

As rochas tem um ciclo de formação e transformação bastante claro. Elas se transformam pela ação dos processos endógenos, basicamente calor e pressão, e pelos processos exógenos, por vezes transformando-se umas nas outras. Aos processos exógenos também denominamos intemperismo. Esses processos podem levar até centenas de milhares de anos, e suas características ficam “impressas” nas rochas resultantes.

Veja como funciona esse ciclo no esquema da imagem.

Eras e períodos do tempo Geológico – escala em milhões de anos

Fonte: Universidade Federal do Rio Grande do Sul – Departamento de Paleontologia e Estratigrafia - http://www.ufrgs.br/paleodigital/Atividade9_Tempo.html (acesso em 18/06/2015)

 

Metamorfismo é um “processo pelo qual uma rocha para equilibrar-se internamente, e com o meio em que se encontra, ajusta-se, estrutural e/ou mineralogicamente, a condições de pressão e temperatura diferentes daquelas em que foi formada” (...) (IBGE, 1999)."

 

As rochas encontradas em São Bernardo do Campo são basicamente pré-cambrianas ígneas e metamórficas, diques de diabásio (rochas ígneas intrusivas) da Era Mezosóica, rochas sedimentares da Bacia de São Paulo e diversos depósitos recentes do Período Quaternário. Mas, o que isso tudo significa? Vamos às definições:

 

  • Rochas Ígneas: rochas magmáticas ou eruptivas, produzidas pelo resfriamento do magma existe no interior do globo terrestre ao se movimentar em direção à superfície. Este resfriamento pode ocorrer em altas e médias profundidades ou na superfície terrestre, a partir das erupções.

  • Rochas Metamórficas: resultante da transformação de outras rochas preexistentes, sedimentares ou ígneas; submetidas a condições de pressão e temperatura elevadas.

  • Rochas Sedimentares: são rochas formadas por sedimentos que no passado foram transportados pelo vento ou pela água e depositados em regiões baixas. Esses sedimentos, em geral, são provenientes de outras rochas, mas também podem contar com a presença de animais e vegetais que foram depositados nestas regiões.

 

 

ROCHA

Conjunto de minerais ou apenas um mineral consolidado. As suas diferenciações estão ligadas a fatores como origem, composição química, tipo de clima, declive, estrutura, textura, cobertura vegetal, tempo geológico. Quanto à origem podem ser classificadas em 3 grupos: ígneas, metamórficas e sedimentares. (GUERRA, 1980)

 

 

 

 

MINERAL

“Minerais são uma massa inorgânica natural, de composição química definida, com um ou vários tipos de cristalização. Os minerais compõem as rochas, que constituem a litosfera.” (GUERRA, 1980, p. 291)

 

 

Ou seja, estamos falando de rochas que foram formadas há milhões de anos e, possivelmente, há bilhões de anos atrás (pré-cambrianas), com características variadas. As rochas pré-cambrianas que ocorrem no município são xistos, metarenitos, migmatitos, gnaisses, rochas graníticas entre outras. Existe até mesmo extração de areia, inclusive com atividade mineradora, conforme é possível ver no mapa de Recursos Minerais do Estado de São Paulo da CPRM (Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais - Serviço Geológico do Brasil).

Ao sul do município ocorrem diversas e extensas zonas de cisalhamento, que são zonas em que movimentações das placas tectônicas geraram falhas e fraturas nas rochas, próximas à Escarpa da Serra do Mar, borda do Planalto Paulistano, com rochas metamórficas bastante alteradas de até dezenas de metros de espessura e profundidade. Nesta porção do território concentram-se principalmente rochas metamórficas como migmatitos e gnaisses; e ocorrem solos com bastante presença de areia, que são inclusive extraídas por mineradoras e exploradas comercialmente. É pela existência desse embasamento rochoso e do cisalhamento ao sul do município, que temos a Serra exatamente neste local e com tamanha amplitude topográfica. Claro, existem outros fatores associados a isso como a ação dos fatores exógenos. Contudo, por apresentarem maior resistência ao intemperismo e pelo período em que foram formadas, essas rochas sustentam uma grande, ampla e exuberante serra.

Fonte: infraestruturameioambiente.sp.gov.br (acessado em 20/06/2020)

 

 

 

 

Fonte: Datageo, 2020.

Já na porção central do município e na região de cabeceiras da Bacia do Ribeirão dos Meninos, os solos apresentam textura siltosa à arenosa fina, devido à ocorrência de xistos e metarenitos, que são rochas metamórficas. Nas áreas de ocorrência de xistos e metarenitos, cuja maior parte se concentra na Bacia Hidrográfica do Reservatório Billings, o relevo se apresenta em morrotes e com encostas de declividade e fragilidade ambiental acentuada. No oeste, em grande parte na Bacia do Ribeirão Alvarenga, ocorrem granitos, rochas ígneas, relevo de morrotes de encostas suavizadas a declivosas.

Quanto às rochas sedimentares que ocorrem no território municipal, estas estão localizadas de maneira mais concentrada na Bacia do Ribeirão dos Couros e sobretudo na porção norte de São Bernardo do Campo, onde também se concentra a maior parte da população. Nestas áreas, em geral, o relevo é colinoso, com declividades pouco acentuadas, propenso à ocupação urbana. Intercaladas a estas áreas colinosas, encontram-se planícies em que predominam os sedimentos de depósitos recentes. Estes depósitos estão situados em planícies inundáveis, embora boa parte delas já tenham sido ocupadas e impermeabilizadas no processo de urbanização. Veja alguns exemplos de rochas na imagem abaixo.

Considerando que essas informações fazem parte de relatórios analíticos produzidos pelo IPT, e que as mesmas não estão disponíveis em mapeamento específico, mas foram condensadas em um Mapeamento Geotécnico, que veremos mais adiante, podemos confirmar sua distribuição no mapeamento geológico elaborado pela CPRM, em 2006. Veja a seguir.

 

 

As condições geológicas e os fatores exógenos também estão diretamente relacionados à formação dos solos (pedogênese). A Pedologia é a ciência que estuda a origem e o desenvolvimento dos solos. O Mapa Pedológico do Estado de São Paulo, elaborado em escala 1:250000, pelo Instituto Florestal (IF), no ano de 2017, nos indica que predominam, em São Bernardo do Campo, os Cambissolos Háplicos em associação ao Latossolo Amarelo e ao Latossolo vermelho-amarelo típico ou cambissólico (CX16 - Associação de CAMBISSOLO HÁPLICO Tb A moderado ou proeminente LATOSSOLO AMARELO/VERMELHO-AMARELO típico ou cambissólico A moderado, ambos Distróficos, textura média ou argilosa, fase relevo forte ondulado).

Os Cambissolos são solos de fertilidade natural variável, apresentam pequena profundidade e ocorrência de pedras na massa do solo, sendo associados ao relevo com declives acentuados. Os latossolos são solos em avançado estágio de intemperização, muito evoluídos, como resultado de enérgicas transformações do material constitutivo. Os Latossolos Vermelho-Amarelos ocorrem em extensas áreas em todo o território nacional e estão associados aos relevos plano, suave ondulado ou ondulado, com frequência em ambientes bem drenados, sem o muito profundos e uniformes em características de cor, textura e estrutura em profundidade. Porém, ocorrem na nossa cidade, com a presença de fragmentos de rochas e minerais primários, apresentando restrições à agropecuária e exigindo intenso manejo. Os Latossolos Amarelos, que também ocorrem em associação ao Cambissolo Háplico, são solos desenvolvidos de materiais argilosos ou areno-argilosos, que apresentam boas condições físicas de retenção de umidade e boa permeabilidade, porém apresentam baixa fertilidade devido às suas características no município. Os latossolos citados são possivelmente mais comuns na porção norte do município sendo os cambissolos possivelmente mais frequentes na porção centro-sul, o que se pode prever a partir de estudos realizados pelo IPT.

O Latossolo Amarelo também ocorre no município, próximo às bordas do Reservatório Rio das Pedras, associado ao Argissolo Amarelo (LA13 - Associação de LATOSSOLO AMARELO Distrófico típico, A moderado, textura média gleico, com ou sem plintita ARGISSOLO AMARELO Distrófico típico, A moderado, textura média, fase relevo suave ondulado e ondulado). Os Argissolos Amarelos são originados principalmente de materiais argilosos ou areno-argilosos sedimentares, sendo a principal limitação de uso, a fertilidade normalmente baixa, além do risco de erosão.

Também ocorrem os Neossolos Litólicos (RL26 - Associação de NEOSSOLO LITÓLICO Distrófico A moderado, textura média ou argilosa, substrato granitóides CAMBISSOLO HÁPLICO Distrófico A moderado textura média ou argilosa, ambos fase relevo forte ondulado), que compreendem solos rasos, que geralmente não ultrapassam 50 cm de profundidade, estando associados normalmente a relevos mais declivosos. Diante de sua fragilidade, são normalmente indicados para preservação da flora e fauna e, em nosso município, ocorrem sobretudo na região da Serra do Mar. Ou seja, já estão protegidos pelo Parque Estadual da Serra do Mar e pelo Tombamento da Serra.

Além dos solos citados, o mapa ainda indica a presença dos Gleissolos Háplicos também associados aos Cambisssolos (GX4 - Grupamento indiscriminado de GLEISSOLO HÁPLICO ou MELÂNICO e CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico A moderado ou proeminente, textura indiscriminada, bem a imperfeitamente drenado, todos fase relevo plano). Diretamente relacionados a áreas mal drenadas, ocorre, em São Bernardo, em locais próximos ao Reservatório Billings, em áreas alagadiças e/ou planas que permanecem alagadas a maior parte do ano. É prevista a ocorrência localizada de Gleissolos ao longo das planícies amplas e alagáveis também na porção norte do município, conforme os estudos realizados pelo IPT.

 

 

 

Resumindo, estes são os solos que, segundo o mapeamento do IF, ocorrem em São Bernardo, sendo o primeiro, o principal em extensão.

 

  • Cambissolos Háplicos

  • Latossolos Amarelos

  • Neossolos Litólicos

  • Gleissolos Háplicos

 

Você notou que os solos por aqui são em geral, de baixa fertilidade e exigem bastante cuidado no manejo por causa de sua fragilidade e propensão à escorregamentos e processos erosivos em geral? Isso mesmo, principalmente nas áreas em que a declividade é maior, existe uma tendência muito grande de que estes solos, que são em geral pouco desenvolvidos, sofram com a remoção da cobertura vegetal.

Depois que vimos as principais características dos solos do município, que tal dar uma olhada no mapa e na legenda agora?

 

As características geológicas, geomorfológicas e pedológicas apresentadas, fazem de São Bernardo do Campo um município com diversas restrições à expansão urbana. Por isso, o IPT elaborou um mapeamento geotécnico com cinco unidades homogêneas: aluviões, colinas com substrato de rochas sedimentares, morrotes com substrato de rochas cristalinas (que são as rochas ígneas e metamórficas), morros com substrato de rochas cristalinas e serras e escarpas em encosta da Serra do Mar.

Esse mapeamento geotécnico une as informações referentes ao substrato rochoso, com as características geomorfológicas e alguns aspectos do solo, considerando a fragilidade ambiental e sua aptidão ao assentamento urbano. Diante de todas estas características, a porção mais favorável ao uso urbano do nosso município é justamente o local onde estão alguns dos bairros mais antigos, como o Rudge Ramos, ou seja, a porção norte do território municipal; onde colinas e morrotes baixos, intercalados por planícies, apresentam declividades e amplitudes topográficas menores. Esta também é exatamente a área em que está localizada a maior porção urbana do município. Veja a Carta Geotécnica elaborada pelo IPT.

Veja descrição técnica de cada umas da unidades geotécnicas definidas pelo Instituto:

 

Unidade 1 – Aluviões

Localizados junto às margens dos cursos d´água, são áreas sujeitas a inundações devido à baixa velocidade de escoamento das águas, e a solapamento de margem em períodos de cheia, ocorrendo também a formação de depósitos de sedimentos, em geral argilosos e de baixa coesão. Tem baixa permeabilidade e capacidade de suporte, que podem promover a ocorrência de recalques em fundações e outras obras civis por adensamento dos solos moles.

Unidade 2 – Colinas com substrato de rochas sedimentares

Localizadas na porção norte do município, são compostas por rochas sedimentares e cobertura de solo mais desenvolvido, que pode atingir até 3m de profundidade, por vezes de textura mais argilosa/siltosa ou de textura arenosa. Predomina o relevo colinoso, com amplitudes médias de 40 a 60m. Nestas áreas podem ocorrer, muito eventualmente, processos erosivos devido à retirada da cobertura vegetal e exposição dos solos e à má drenagem das águas pluviais, provocando assoreamento dos aluviões.

Unidade 3 – Morrotes com substrato de rochas cristalinas

Composta por rochas do embasamento cristalino, apresenta declividades que chegam a alcançar mais de 20%, onde escorregamentos circulares e rolamentos de bloco podem ocorrer com a retirada da cobertura vegetal e com a realização de intervenções por obras mal executadas de cortes, aterros e drenagens. O solo é suscetível a processos erosivos instalados por grande concentração de águas superficiais, principalmente em áreas desmatadas, de modo que escorregamentos podem ocorrer nos locais de maior declividade.

Unidade 4 – Morros com substrato de rochas cristalinas

Esta é a unidade com maior extensão em área no município, ocorre predominantemente na região sul, com trechos isolados na região norte. O relevo é representado por morros com declividades mais acentuadas, entre 30 e 40%, e amplitudes de até 80m. Escorregamentos circulares nesta área estão corriqueiramente associados à intervenção humana. Também podem ser observados sulcos e ravinas em áreas de solo exposto, embora predominem as áreas de cobertura vegetal por mata nativa nesta unidade, principalmente no sul. São áreas pouco propícias à ocupação urbana.

Unidade 5 – Escarpas da Serra do Mar

Localizadas ao sul do município em porção bem definida, junto ao médio curso do Rio Pilões. Possui embasamento rochoso granítico, com grande amplitude topográfica em que ocorrem solos pouco profundos e afloramentos rochosos sujeitos a escorregamentos que podem alcançar o sopé da Serra do Mar. As declividades são superiores a 30%. A região é protegida pelo Parque Estadual.

O uso da terra associado ao clima local são fatores importantes na manutenção da estabilidade das vertentes, das encostas e da conservação das planícies e cabeceiras de drenagem. Os fatores climáticos são muito peculiares na região da Serra do Mar, onde ocorrem muitos episódios de chuvas orográficas, concentradas na região das encostas, além da entrada de frentes úmidas vindas do leste.

Fonte: Instituto de Pesquisas Tecnológicas (1999), Secretaria de Gestão Ambiental - SGA (2013)

Todas estas características geológicas, geomorfológicas e pedológicas tem influência direta dos fatores exógenos, como já dissemos. Por isso, precisamos também considerar estes fatores quando pensamos na manutenção do equilíbrio ambiental. Imagine um episódio de intensas chuvas sobre as escarpas da Serra do Mar, com sua enorme declividade e presença de Neossolos Litólicos? E se esse mesmo episódio de intensas chuvas ocorresse na região de morros altos de substrato cristalino do bairro do Montanhão, com suas vertentes íngrimes e Cambissolos Háplicos? Quais poderiam ser as consequências? Digamos que a mesma quantidade de tempo de chuva, venha a cair nos bairros Centro e Rudge Ramos, de relevo colinoso, planícies amplas e Gleissolos, como seria? E se estes locais estivessem totalmente ocupados por moradias, sem a presença de árvores e de áreas permeáveis? E se o contrário acontecesse, havendo uma grande presença de cobertura vegetal, como temos na Serra do Mar?

Dessa forma, os fatores climáticos, o uso da terra e cobertura vegetal precisam ser melhor explorados.

Para saber mais sobre eles, você pode clicar em cada um dos temas:

 

Clima

Uso da Terra 

Cobertura Vegetal 

REFERÊNCIAS

INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS (1). Relatório n. 40927/99. Subsídios do meio físico – relatório final. Volume 1. São Paulo, IPT, 1999.

INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS (2). Relatório n. 40927/99. Subsídios do meio físico – relatório final. Volume 2. São Paulo, IPT, 1999.

IBGE. Glossário Geológico. 1999. https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv8304.pdf Acesso em 27/03/2020.

IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Manual técnico de geomorfologia. Coordenação de Recursos Naturais e Estudos Ambientais. – 2. ed. - Rio de Janeiro: IBGE, 2009. 182 p. Série Manuais técnicos em geociências, n. 5

EMBRAPA. Agência Embrapa de Informação Tecnológica. https://www.agencia.cnptia.embrapa.br/. Acesso em 26/03/2020.

GUERRA, Antônio Teixeira. Dicionário Geológico – Geomorfológico. Secretaria de Planejamento da Presidência da República, , 6ª. Ed. Rio de Janeiro, 1980. 448p.

Prefeitura Municipal de SBC. Década de 1950: São Bernardo cresce e perde importantes símbolos do seu passado.  Disponível em: https://www.saobernardo.sp.gov.br/historiadacidade/-/asset_publisher/iykrFCtxYcvR/content/decada-de-1950-sao-bernardo-cresce-e-perde-importantes-simbolos-do-seu-passado/maximized. Acesso em 11/03/2020.

 

 

Atualizado em dezembro/2020

 

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