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Cultura Indígena de São Bernardo é tema de projeto contemplado pela Lei Aldir Blanc

Cultura Indígena de São Bernardo é tema de projeto contemplado pela Lei Aldir Blanc

30 de Nov de 2021 Natália Fernandes

Ação, que contou com apoio da Secretaria de Cultura, promoveu rodas de conversa, caminhadas interculturais e produção bilíngue com jovens da etnia guarani na região do Pós-Balsa

O projeto Roda de Conversa - Comunicação Social Jovem Pós-Balsa Kunumingue Joguerayu'á, contemplado no Edital 19 – Culturas Identitárias, da Lei Federal Aldir Blanc, através da Secretaria de Cultura e Juventude de São Bernardo, promoveu, durante o mês de novembro, série de atividades entre jovens indígenas da etnia Guarani e jovens moradores da região do pós-balsa a fim de destacar as diferenças culturais entre eles, bem como a valorização da relação intercultural.

Ao todo, a ação contou com três rodas de conversa, com mediação do coordenador Roger Muniz, com jovens indígenas da etnia Guarani – das aldeias Guyrapaju e Kuaray Rexakã, em São Bernardo –, com jovens não indígenas do território Pós-Balsa e a população em geral. 

Na primeira etapa do projeto, os grupos se apresentaram e tiveram a oportunidade de reconhecer suas diferenças culturais por meio de nomes, palavras e histórias. Os encontros foram realizados no Polo Avançado de Assistência Social (antigo Centro de Atendimento à Criança e Juventude - CACJ), no bairro Santa Cruz, Câmara de Cultura Antonino Assumpção, no Centro, e Unidade Básica de Saúde (UBS) Santa Cruz.

Em uma segunda etapa, estimulou-se a expressão de pensamentos, percepções e experiências vividas pelos jovens, por meio das caminhadas interculturais “guata porã” no território do Pós-Balsa e nas aldeias. Já a terceira etapa do projeto prevê a construção de um canal de comunicação por meio de uma página nas redes sociais. 

Roger Muniz explica que o projeto tem um componente de relação intercultural, visando intercâmbio de informações entre os jovens indígenas e não indígenas. Ele ressalta, porém, que essa relação não busca a “integração”, pois esse é um conceito superado pela perspectiva do direito à autodeterminação dos povos indígenas. “Ao invés de ‘integração’, a orientação das ações é baseada em uma constante consulta, com a participação dos jovens e das lideranças de cada aldeia na orientação do processo, na ‘negociação’ das relações culturais”, diz.

Um dos instrumentos de valorização da cultura Guarani presente no projeto é a produção intercultural bilíngue. Com isso, os jovens pesquisadores utilizam sua língua materna no processo de produção. Essa medida, além de reforçar o reconhecimento do idioma Guarani, também proporciona uma oportunidade de contato e aprendizado por outros interessados.