Voltar

Prefeitura de São Bernardo promove seminário sobre visibilidade do povo indígena

Prefeitura de São Bernardo promove seminário sobre visibilidade do povo indígena

11 de Ago de 2022 Fábio Martins

Evento na Pinacoteca mostrou panorama da população guarani na cidade, visando estimular o respeito à cultura originária

Com objetivo de dar visibilidade aos povos indígenas e mostrar um panorama atual da população originária na cidade, a Prefeitura de São Bernardo promoveu nesta quinta-feira (11/8) o seminário Agosto Indígena: O Povo Guarani em São Bernardo, por meio da Secretaria de Meio Ambiente e Proteção Animal, além das pastas de Assistência Social e Cultura e Juventude. Criado para tratar sobre as raízes da história, o evento ocorreu no auditório da Pinacoteca, e registrou a presença de aproximadamente 200 pessoas.

A atividade integra a programação pelos 469 anos do município, visando estimular o respeito à cultura indígena. Em São Bernardo existem, atualmente, três aldeias guarani: Guyrapaju, Kuaray Rexakã e Nhanderu Mirim, localizadas na região do Pós-Balsa, bairro Curucutu, onde vivem cerca de 130 indígenas. Outra aldeia, a Krukutu, bastante visitada e estruturada, fica localizada bem próxima à divisa da cidade com Parelheiros, em São Paulo. O território conta com oito aldeias, com mais de 1.500 nativos.

“É uma honra para a Secretaria de Meio Ambiente e Proteção Animal fazer parte deste especial evento. Embora o tema esteja agora muito discutido, sempre foi de extrema importância. Estamos falando de nossa ancestralidade. Para além da cultura de paz, de reverência e respeito à natureza que os povos indígenas comungam e podem compartilhar conosco, há também preocupação com os ativistas. Muitos estão dedicando não só a vida como até a morte em defesa da causa ambiental e indigenista. Se cada um de nós sair daqui um pouco mais consciente do quão pode ser fácil fazer essa transformação na nossa cultura, desde que estejamos despertos e unidos, já nos daremos por satisfeitos com o resultado desta iniciativa”, pontuou a secretária de Meio Ambiente de São Bernardo, Regina Célia Damasceno.

O seminário ocorreu entre as ações pela comemoração ao Dia Internacional dos Povos Indígenas, celebrado em 9 de agosto, data estabelecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) para nortear os debates sobre o significado de garantir condições de existência dignas aos povos indígenas. O censo de 2010, último registrado no País, aponta que há mais de 800 mil indígenas vivendo no Brasil, de 305 etnias diferentes e falando 274 línguas nativas, o que dá a dimensão da diversidade.

Entre os assuntos abordados estavam o cuidado e preservação do povo originário e demarcações. Representantes da Funai e do Ministério Público Federal (MPF), bem como lideranças de aldeias da cidade estiveram presentes no seminário. Integrante da Guyrapaju – a primeira instalada em São Bernardo –, Elson Mirim da Silva destacou a importância da luta pela sobrevivência do povo indígena e de reduzir o distanciamento da sociedade. “É importante conhecer para respeitar. Essa iniciativa tem muito significado para termos mais respeito. Momento de fazer discussões. Podemos obter um futuro melhor.”

A iniciativa nasceu do comitê oficialmente implantado pela Prefeitura para discutir questões indígenas. Procurador da República, Steven Zwicker parabenizou o município pela medida. “É uma iniciativa que estamos acompanhando desde 2017. O grande marco foi o decreto que institucionaliza o comitê de assuntos indígenas na cidade. O Ministério Público entra como convidado. O seminário ajuda a aproximar, oportunidade de se desfazer estereótipos, de desmistificar concepções errôneas e perceber que é uma população que vive no município, são cidadãos da cidade, em que pese seja uma cultura diferenciada.”

TERRITÓRIO INDÍGENA - Ainda pouco conhecida por muitos dos habitantes da Região Metropolitana de São Paulo, a terra indígena Tenondé Porã, que compreende parte do território com os povos originários da cidade, tem cerca 159,69 quilômetros quadrados, estendendo-se por São Bernardo, Capital e pelos munícipios da Baixada Santista, a exemplo de São Vicente e Mongaguá.