No início da década de 1970, após o fechamento definitivo dos estúdios administrados pela Cia. Cinematográfica Vera Cruz, o BANESPA (banco estatal responsável pela execução financeira das dívidas da empresa) passa para a Prefeitura de São Bernardo do Campo a posse do terreno e dos galpões de alvenaria situados na Avenida Lucas Nogueira Garcez. A partir de então, a Prefeitura utiliza os galpões como depósito e local para exposições e eventos ligados à iniciativa privada, como feiras e mostras relacionadas à indústria e ao comércio, que ocorrem desde aquele período até os dias de hoje, com maior ou menor constância.


A partir de 1984, ano em que o espaço é tombado como Patrimônio Cultural Municipal, os antigos estúdios voltam a atrair a atenção de produtores de Cinema, e algumas gravações de filmes passam a ser realizadas nos pavilhões da Vera Cruz, retomando um pouco da alma cinematográfica dos estúdios. 

 

Vamos relembrar as principais produções realizadas no local e contar um pouco da história desses filmes. 

 

O Beijo da Mulher Aranha (Hector Babenco, 1985) 
Num país latino, um homossexual acusado de comportamento imoral e um prisioneiro político dividem a mesma cela. Baseado no romance de Manuel Puig, a produção de Babenco reúne Sônia Braga, Raul Júlia e William Hurt, entre outros. Indicado a vários prêmios nos principais festivais de Cinema do mundo, o longa deu a Hurt o Oscar de melhor ator em 1986, além de receber a mesma premiação no Festival de Cannes e no Bafta inglês. O filme foi rodado no Brasil e as cenas internas da carceragem foram rodadas nos antigos estúdios da Vera Cruz, onde foi construída uma cela cenográfica e cenários em estúdio.

Sábado (Ugo Giorgetti, 1994)
Uma equipe de publicidade ocupa o saguão do antigo Edifício das Américas, no centro da cidade de São Paulo. Um elevador com defeito obriga equipe, atores e moradores do prédio a dividirem o mesmo espaço. Desse encontro forçado surgem situações inusitadas. Com roteiro e direção de Ugo Giorgetti, essa comédia urbana reúne grandes atores (Otávio Augusto, Giulia Gam, Renato Consorte, Maria Padilha) e participações muito especiais (Jô Soares, Tom Zé, Décio Pignatari, André Abujamra). Todas as cenas internas do filme foram gravadas nos antigos estúdios da Vera Cruz, onde a produção construiu grandes cenários e reproduziu artisticamente o ambiente de um edifício paulistano. No elenco de apoio Giorgetti utilizou atores profissionais e amadores, selecionados em oficinas culturais promovidas pela Secretaria de Cultura do município.

 

A Grande Noitada (Denoy de Oliveira, 1997)

Um rico industrial, Tristão Roque Brasil, entra num turbilhão de decepções e tristezas pessoais: derrota nas eleições para prefeito; empresa em crise, esposa indiferente e filhos irresponsáveis. Em meio a esse momento de desventuras, Tristão encontra Mimi, uma manicure que o leva para o que seria sua primeira relação extraconjugal. Denoy de Oliveira gravou 80% do filme nos antigos estúdios da Vera Cruz e ministrou oficinas e encontros para jovens de São Bernardo durante o período de filmagens. No elenco estão Othon Bastos, Silvia Pompeo, Ítalo Rossi, Ester Góes, entre outros.

 

Carandiru (Héctor Babenco, 2003)
Um médico se oferece para realizar um trabalho de prevenção à AIDS no maior presídio da América Latina, o Carandiru. Lá, ele convive com a realidade dos encarcerados, que inclui violência,  superlotação das celas e instalações precárias. Baseado no livro de Drauzio Varela, tem no extenso elenco grandes atores, como Ailton Graça, Caio Blat, Lázaro Ramos, Luiz Carlos Vasconcelos, Maria Luisa Mendonça, Milton Gonçalves, Rodrigo Santoro e Wagner Moura. Participou da Seleção oficial no Festival de Cannes em 2003. Todo o interior dos pavilhões do presídio Carandiru foi minuciosamente reproduzido dentro dos antigos estúdios da Vera Cruz.

 

Garotas do ABC (Carlos Reichenbach, 2004)
Em São Bernardo do Campo, um grupo de operárias vive seu cotidiano de intenso trabalho, sonhos e ilusões. A principal delas, Aurélia, é fã do ator Arnold Schwarznegger. Seus problemas começam quando ela se apaixona por Fábio, um musculoso neonazista que integra uma gangue. Seus membros praticam atentados contra negros e nordestinos. O diretor Carlos Reichenbach gravou o filme em diversas locações na cidade de São Bernardo e redondezas. Dentre elas, os antigos estúdios da Vera Cruz e os galpões da Tecelagem Tognato. No elenco, Michelle Valle, Selton Mello, Antonio Pitanga, Milhem Cortaz e Luciele de Camargo.

 

Hora Mágica (Guilherme de Almeida Prado, 1999)
Livremente inspirado no conto Cambio de Luces, de Júlio Cortázar, o filme procura sutilmente discutir as relações entre cinema, rádio e televisão, através de uma história em que também se relacionam duas visões de mundo: a romântica e a realista. No elenco estão Raul Gazolla, Júlia Lemmertz, Maitê Proença, José Lewgoy e outros atores importantes. Mais de 70% de suas cenas foram gravadas em cenários montados nos dois galpões da Vera Cruz, dentro do Programa PIC/TV, mantido à época pela Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo.

 

As fotos foram retiradas dos sites www.adorocinema.com.br e www.papodecinema.com.br

 

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