BIBLIOTECA PÚBLICA - LUGAR DE CONHECIMENTOS -  CONCEIÇÃO EVARISTO
 
"A nossa escrevivência não pode ser lida como história de ninar os da casa-grande, e sim para incomodá-los em seus sonos injustos."
 
A escritora Conceição Evaristo sintetiza o seu método, a sua razão maior de escrita na frase acima. Longe de ser um slogan, ela faz questão de dizer que a sua literatura é marcada pela história das mulheres negras, suas vivências no campo afetivo, no mundo do trabalho, nas relações da vida. Ela se faz entender quando diz que a gramática é uma coisa morta e afirma que a fala é quem desperta a vida da gramática. Sua escrita valoriza a oralidade, as lembranças das histórias de sua mãe e tias, a memória das palavras ditas. Escrevivência é tudo isso. É bom saber pelas próprias palavras de Conceição:
 
” Em síntese, quando escrevo, quando invento, quando crio a minha ficção, não me desvencilho de um ‘corpo-mulher-negra em vivência’ e que por ser esse ‘o meu corpo, e não outro’, vivi e vivo experiências que um corpo não negro, não mulher, jamais experimenta.”
Maria da Conceição Evaristo de Brito nasceu em Belo Horizonte, em 1946. Na década de 1970, mudou-se para o Rio de Janeiro. Da periferia de Belo Horizonte, da infância junto à mãe lavadeira, do trabalho como empregada doméstica, foram extraídas as primeiras experiências que verdadeiramente antecederam a vida de universitária - aliás, é bom que se diga, ela foi a primeira a se formar em sua família -, de educadora e, enfim, da poeta, romancista e contista que hoje conhecemos.
 
Lembremos que Evaristo é graduada em Letras pela UFRJ, Mestre em Literatura Brasileira pela PUC-RJ e Doutora em Literatura Comparada pela Universidade Federal Fluminense. Os títulos todos se juntaram à sua história de vida, que, como ela própria reafirma, são a verdadeira essência de sua literatura.
 
A vida acadêmica só veio formalizar as várias fontes de conhecimento enredadas nos seus livros. Como ela própria diz, sua literatura surge lastreada na ancestralidade africana e na tradição de Maria Firmina, Carolina Maria de Jesus, Solano Trindade. A nossa autora estreou na literatura em 1990, com a publicação de poemas e contos na série Cadernos Negros 13, do Grupo Quilombhoje de São Paulo.
 
No mês de comemoração do Dia do Trabalho, escolhemos homenagear a história de milhões de trabalhadoras, mulheres negras, que estão expressas direta ou indiretamente na literatura de Conceição Evaristo. O livro do mês, que será apreciado na roda do nosso Clube de Leitores, é Olhos D’Água, os quinze contos, que foram a estreia de Conceição como escritora. Convidamos a todos que  mergulhem conosco nas histórias de uma de nossas mais importantes escritoras contemporâneas.
 
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