No texto anterior, conhecemos um pouco sobre a vida, as pesquisas e a luta por direitos da brasileira Bertha Lutz. Lembram-se que ela se especializou em estudar anfíbios? Lembrando que os anfíbios são uma transição da saída da vida marinha para a terra, vamos voltar ao mar e, para isso, que tal procurarmos um lugar onde o mar é reconhecido por ser mais azul? Biblioteca Pública Lugar de Conhecimentos - Parte 5 - Idelisa Bonelly, Bióloga Marinha Dominicana - "É apaixonante conhecer o mar e poder utilizar seus recursos e suas belezas em benefício da sociedade dominicana".

A bióloga marinha Idelisa Bonelly de Calventi, nascida em 1931 na República Dominicana, é considerada “A Mãe da Conservação Marinha no Caribe.” É dela, inclusive, o reconhecimento por criar o primeiro santuário de baleias jubarte no Oceano Atlântico.

Um pouco sobre o santuário: https://youtu.be/bSZqZFej-FY

Sobre sua carreira e sua vida, Idelisa fala: “Tem sido uma experiência maravilhosa. É apaixonante conhecer o mar e poder utilizar seus recursos e suas belezas em benefício da sociedade dominicana. Em alguns momentos tem sido difícil, mas como minha carreira está unida à educação e à formação de novos pesquisadores, biólogos marinhos, tem sido extremamente gratificante. É como semear, é como produzir e multiplicar o desejo de servir à sociedade.”

https://bachillere.com/2020/09/biografia-idelisa-bonelly-de-calventi/

Na América Latina, região de mulheres fortes como Frida Kahlo, as mulheres cientistas, em sua maioria, colocam suas pesquisas à serviço de produzir transformações sociais profundas em seus países. Idelisa não fugiu a isso. Abaixo, algumas referências sobre como Idelisa usou as belezas naturais e a fauna e flora marinha para ajudar seu país.

https://es.wikipedia.org/wiki/Idelisa_Bonnelly

https://youtu.be/CMWq9rhVyIA

https://www.terra.com.br/vida-e-estilo/turismo/internacional/america/praia-cultura-e-historia-se-fundem-na-republicadominicana,6008154c9724d310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html

Formada em Nova York, Idelisa retorna ao seu país num momento decisivo de sua história. A década de 1960 é uma década de muitos golpes de estado e guerras civis no continente, com o avanço da Guerra Fria no mundo. Na República Dominicana não foi diferente. Entre 1960 e 1965, o país retira do poder um ditador, Trujillo, e a partir daí passa por instabilidades políticas que deflagram um conflito civil. Há a intervenção de tropas estadunidenses, brasileiras e paraguaias. Sim, o Brasil participou de uma campanha militar na América Central!

https://www.google.com.br/amp/s/aventurasnahistoria.uol.com.br/amp/noticias/reportagem/intervencao-brasil-republica-dominicana-1965.phtml

É nesse contexto que Idelisa retorna, se engajando num movimento de renovação do ensino universitário no país, sendo responsável pela criação da cadeira de Biologia Marinha na Universidade Autônoma de Santo Domingo, com o objetivo de incentivar jovens mulheres a se tornarem cientistas, criando um Centro de Pesquisas.

E por que essa preocupação em incentivar jovens mulheres a se tornarem cientistas?

Você sabia que a República Dominicana foi tema de um estudo em 2018, e que o país ficou conhecido como aquele onde a mulher “fica pra titia” aos 18 anos? Segundo o artigo, cerca de 25% das meninas se casam (formal ou informalmente) antes dos 18 anos de idade e muitas delas tornam-se mães antes dos 22 anos. Lá, como em muitos países da América Latina, faltam políticas públicas que ensinem métodos contraceptivos e forneça insumos necessários para um planejamento familiar mínimo.

Segundo Rosana Elcarte, representante da UNICEF na República Dominicana, há um diagnóstico sobre isso: "O que mais influencia é o machismo. Isso afeta muito. Isso de que um homem é mais homem de acordo com a quantidade de mulheres que tem... Abaixo de 15 anos aqui, elas [as famílias] oferecem meninas em troca de compensação financeira e acima de 18 anos são as que têm pressão social de que vão ficar para tia".

Crisman Martinez, menina grávida aos 16 anos, sintetiza esse grave problema social e coloca em destaque a luta e o engajamento social de Idelisa por meio da Ciência: “Meu marido de 18 anos está feliz porque queria ser pai. Eu queria estudar um pouco mais, mas…” No artigo e na matéria abaixo, vemos como existe uma pressão social que impulsiona essa situação, seguido do abandono das jovens mães com seus filhos por parte dos maridos:

 https://www.google.com.br/amp/s/brasil.elpais.com/brasil/2019/11/18/internacional/1574095912_885187.html%3foutputType=amp

A solução não passa por tratar esse problema como um caso de saúde, mas como um problema de cultura e educação, em que as mulheres possam construir outras possibilidades, e o estudo e a Ciência são algumas delas.

Apresentamos Idelisa Bonelly, bióloga marinha dominicana, “A Mãe da Conservação Marinha no Caribe”, para apontar e favorecer outros caminhos possíveis.

No próximo texto, traremos mais histórias importantes sobre os lugares das mulheres e dos seus papéis nas obras da escritora brasileira Maria Valério Rezende.

 

 

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