.BIBLIOTECA PÚBLICA LUGAR DE CONHECIMENTOS - UMA HISTÓRIA DAS PANDEMIAS -  PARTE 2 - A PESTE NEGRA  “sobreveio a morte de inúmeras pessoas, que, certamente, se tivessem merecido ajuda, teriam sobrevivido. Em decorrência da escassez de serviços no momento azado, que os doentes precisavam mas não alcançavam […]. (trecho de Decameron, de Boccaccio).

“sobreveio a morte de inúmeras pessoas, que, certamente, se tivessem merecido ajuda, teriam sobrevivido. Em decorrência da escassez de serviços no momento azado, que os doentes precisavam mas não alcançavam […]. (trecho de Decameron, de Boccaccio).

Uma bactéria que se chama Yersina Pestis mudou o rumo da história na Idade Média. Mas, que bactéria é essa? Trata-se do microorganismo transmitido ao ser humano via roedores, causador da Peste Negra, que assolou a Europa nos idos de 1346 a 1353. No inverno de 1347-1348, a peste assolou a Toscana e a Provença; atingiu Bordeaux, os portos ingleses, Londres e Paris, progredindo de 30 a 130 km por mês. Depois de acometer as regiões germânicas e escandinavas, desapareceu nas tundras da Rússia Central, em 1352.

As estatísticas tradicionais indicam que um terço da população europeia faleceu com a peste, mas alguns estudos recentes têm apontado que a doença causou um impacto muito mais profundo na Europa do século XIV, ao afirmarem que cerca de dois terços da população europeia faleceu em decorrência da doença. Em questões de números, os estudiosos falam em 50 milhões de mortes.

A bactéria causadora da epidemia teve origem na China ou na Ásia Central, de onde viajou pela rota da seda, nos intestinos das pulgas que infestavam os ratos. Chegando ao Mediterrâneo, os ratos se encarregaram de levá-las para os navios, que disseminaram a doença pelos portos em que atracavam. Os governos procuraram remediar a expansão do problema, mas as medidas eram dificultadas pela falta de higiene, população desnutrida e medicina pouco desenvolvida. As casas dos acometidos eram trancadas, mas frequentemente eram deixadas no mesmo espaço pessoas sadias e doentes.

De acordo com os relatos da época, a doença era comum tanto em homens quanto em mulheres, apresentando grandes manchas negras seguidas de inchaços nas coxas, virilhas ou axilas, e que eram conhecidos entre as pessoas como bubões. Em ambos os casos, tais sintomas eram conhecidos como precedentes da morte do indivíduo. Além disso, os pacientes também sentiam dores musculares; tosse ou vômito com sangue; calafrios, fadiga ou febre; vômito, náusea ou diarreia.

Um dos escritores que descreveu a Europa assolada pela peste foi Giovanni Boccaccio, que nasceu entre junho e julho de 1313, na Península Itálica, provavelmente em Florença, que é evocada como sua terra natal. Filho de mãe desconhecida, foi reconhecido pelo pai, o mercador Boccaccio di Chelino, apelidado Boccaccino, funcionário dos Bardi, banqueiros de Florença. Boccaccio, estando em contato constante com o conhecimento, tinha outros interesses para além dos comerciais (exigência familiar) e, mesmo a contragosto de seu pai, cursou Direito Canônico no Studio Napolitano, dedicando-se paralelamente aos estudos humanistas. 

Então, passou a dedicar-se à poesia e à leitura dos clássicos latinos. É no ano de 1348 que Florença é assolada pela Peste Negra, período que o erudito inicia o Decameron, obra em que trabalhará até 1355, refugiado provavelmente em Nápoles, prática comum nesse contexto, pois muitas pessoas fugiam para locais mais seguros. No relato de Boccaccio, ainda hoje uma das principais fontes para o estudo da peste de 1348, a exposição da morbidez se alterna entre momentos de maior tensão e crueldade e momentos mais maliciosos, nos quais surge uma impressão de desgosto pelo senso de putrefação da vida, pelo desmoronamento das leis sociais, pela dissolução de toda possibilidade de bem-estar e de felicidade humana.

Ler Decameron de Boccaccio é entender a Peste Negra na sua dimensão humana e entender as mudanças que ela determinou. Você acha nas estantes da Biblioteca Monteiro Lobato. Basta agendar e fazer o empréstimo!

Links:
https://horadopovo.com.br/decameron-a-peste-em-florenca-pela-pena-de-giovanni-boccaccio/
https://files.cercomp.ufg.br/weby/up/80/o/TCEM2014-Historia-GabrielVieiraSilvaAlves.pdf
https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Saude/noticia/2020/07/peste-bubonica-5-pontos-para-entender-o-que-e-doenca.html
https://brasil.elpais.com/ciencia/2020-05-25/as-licoes-da-pior-pandemia-da-historia.html
http://www.revistahcsm.coc.fiocruz.br/1894-alexandre-yersin-descobre-o-bacilo-da-peste-bubonica/
https://www.stoodi.com.br/blog/historia/peste-negra-o-que-foi/

Vídeos
https://www.youtube.com/watch?v=Q87c4UBXTpY&t=196s
https://www.youtube.com/watch?v=fI7Liy7ZdWA
https://www.youtube.com/watch?v=xVj1mPatjCY
https://www.youtube.com/watch?v=Fxrd1q34V8s

 

 

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