Todo mês, a Rede de Bibliotecas Públicas Municipais compartilhará um tema diferente com vocês. 

Neste mês, vamos falar de América Latina: História e Literatura, ciência e mitologia o real e o fantástico estarão conosco. Acompanhe!

E hoje vamos falar de uma guerra de mil dias, que também aparece no romance Cem Anos de solidão, de Gabriel García Marquez.

BIBLIOTECA PÚBLICA LUGAR DE CONHECIMENTOS - Quando falamos de Colömbia, lembramos de futebol, por muito tempo comparado ao futebol brasileiro. Mas o que mais sabemos sobre a história do país que inspirou Gabriel García Márquez a escrever Cem Anos de Solidão?

 

Guerra dos Mil Dias (1899-1902) - 1ª Parte

“(...)
‘Independencia’ grita
El mundo americano:
Se baña en sangre de héroes
La tierra de Colón.
(...)”
Trecho do Hino Nacional da Colômbia

Talvez você já tenha ouvido o Hino Nacional da Colômbia (provavelmente, antes de partidas da seleção de futebol), mas nunca prestado atenção, certo? 

 

http://historico.presidencia.gov.co/asiescolombia/himno.htm

 

O trecho destacado acima representa, de modo geral, as dificuldades e os conflitos porque passou “La tierra de Colón” ao longo da história até se consolidar como República da Colômbia, assim como aconteceu no processo de formação de outras nações da América Latina.

O autor da letra do hino é o poeta Rafael Núñez que, não por acaso, foi  presidente do país por quatro mandatos e um dos personagens principais de parte dessa história marcada por uma cisão política interna bipartidária que levou a guerras civis nos séculos XIX e XX.

A mais importante (e sangrenta) de todas foi a Guerra dos Mil Dias, entre os anos de 1899 e 1902, que deixou milhares de mortos e grandes consequências para o país. E esse triste episódio foi retratado no romance Cem anos de solidão, de Gabriel García Marquez, o livro do mês do clube de leitura “Leitores da Cidade”.

Ainda que Rafael Núñez não tenha participado da Guerra (pois faleceu em 1894), esse conflito tem antecedentes no período em que governou o país. Por isso, antes de falar objetivamente sobre a Guerra dos Mil Dias, é importante contextualizá-la.

O século XIX na Colômbia foi marcado por conflitos decorrentes da polarização política entre liberais e conservadores.

Líder de um grupo de liberais independentes, Rafael Núñez tentou se eleger Presidente da Colômbia em 1876, diante da situação caótica em que o país se encontrava (como consequência da guerra civil daquele ano e das medidas instituídas a partir da Constituição de 1863), mas não conseguiu. Ainda como presidente do Congresso, fez um discurso em que a frase “Regeneração ou catástrofe” ficou famosa e dava indícios do que viria pela frente. Em 1880, foi eleito apoiado também por conservadores, com objetivo de implementar reformas para tirar o país daquela situação.

Ao longo dos anos no governo do país, o movimento político Regeneração (liderado por Núñez) ganhou mais força, entre outros fatores, com a centralização do poder e a reaproximação do governo e da Igreja Católica. Na prática, a Regeneração foi um regresso a práticas  ultraconservadoras em oposição aos projetos progressistas dos liberais.

Os liberais radicais, insatisfeitos com essas ideias e interferências políticas, revoltam-se contra o governo, dando início à Guerra Civil de 1885, que termina com a derrota dos radicais e, no ano seguinte, com a aprovação de uma nova Constituição (redigida pelo conservador Miguel Antonio 
Caro, o vice que assumiria a presidência do país com a morte de Núñez, em 1894), que
estabelecia, entre outras coisas, a mudança de Estados Unidos da Colômbia (autonomia dos estados) para República da Colômbia (poder centralizado).

Foi durante o terceiro mandato, em 1887, que a versão poeta de Rafael Núñez ganhou destaque, quando o maestro italiano Orestes Síndici musicou o poema de Núñez que se tornaria oficialmente, em 1920, o hino nacional da Colômbia.

Na próxima postagem, acompanharemos os antecedentes e o desenrolar da Guerra dos Mil Dias.
Referências:

http://historico.presidencia.gov.co/asiescolombia/presidentes/34.htm

http://www.scielo.org.co/pdf/ojum/v10n20/v10n20a11.pdf

https://bibliotecanacional.gov.co/es-co/proyectos-digitales/historia-de-colombia/libro/capitulo8.html

https://publicaciones.banrepcultural.org/index.php/boletin_cultural/article/view/5554

 

 

 

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