Amora estava muito contente. As duas dividiam vitórias, tabuleiros e fones de ouvido, Amora segurava na mão imaginária de Angélica, enquanto na hora do recreio deitavam sob uma jabuticabeira. Ambas sentiam todas aquelas coisas que não teriam nomes, todos aqueles movimentos dentro” (trecho de Amora, de Natália Borges Polesso).

Olá Leitores da Cidade! Neste texto, destacamos alguns títulos da Literatura Clássica e Contemporânea Brasileiras que tratam, de alguma forma, da temática LGBTQIA+. Escritoras e escritores brasileiros que expressam em suas obras a diversidade e pluralidade sexual da sociedade.

Parte desses livros mencionados poderão ser encontrados em nossa Rede de Bibliotecas Públicas Municipais. Para isso, é só pesquisar os títulos e em quais unidades estão disponíveis para empréstimo no site: https://bibliotecapublica.saobernardo.sp.gov.br/

Boas Leituras!

 

 

Bom Crioulo (1895) – Adolfo Caminha


Amaro é um escravo foragido que, ingressando na Marinha, vê realizar-se seu sonho de liberdade. Graças ao biótipo sólido e sua quase inesgotável força física, torna-se um marujo voluntarioso e benevolente, recebendo o apelido de “Bom Crioulo”. É nessa nova etapa da vida que conhece Aleixo. Surge então uma história de desejo, frustração e tragédia. A publicação causou polêmica ao mostrar seus protagonistas ― um negro e um branco ― em uma relação homossexual.

 

As Traças (1975) – Cassandra Rios

Numa época em que não se podia falar publicamente sobre lesbianismo e outra forma alternativa de amar, o presente romance pôde ser concebido como um verdadeiro "manual" - um catecismo amoroso, com dicas de locais e advertências contra certos perigos à comunidade. O público, assim como a personagem central, Andréa, é iniciado numa jornada interior de autodescobrimento e afirmação.

 

Morangos Mofados (1982) – Caio Fernando Abreu

Caio Fernando Abreu faz transbordar de cada página a angústia, o desassossego e o estilo confessional que o consolidaram como uma das vozes mais combativas e radicais de sua época. A prosa visceral dos 18 contos de Morangos Mofados ― potencializada pela hesitação coletiva de um país, que vislumbrava a redemocratização ante a falência incipiente do regime militar ― traduziu as inconstâncias humanas mais profundas e continua, ainda hoje, arrebatando leitores de todas as gerações. 

 

Pai, Pai (2017) – João Silvério Trevisan

João nasceu em Ribeirão Bonito, interior de São Paulo, filho mais velho de uma família de classe média baixa. Desde o início, acompanha a forma rude como o pai José trata sua mãe, de origem mais humilde. É vítima, ainda criança, da violência de José, que não aceita sua natureza de “menino maricas”. Antes de completar 10 anos, João entra num seminário para escapar do ambiente de casa.

 

O Terceiro Travesseiro (2007) – Nelson Luiz de Carvalho

Baseado em fatos reais, este romance desafia rótulos e hipocrisias, revelando os meandros da consciência de Marcus, um jovem comum da classe média paulistana. Com o melhor amigo Renato, descobre o amor e compreende que os dois precisarão encontrar o equilíbrio entre o que sentem e o que a família e a sociedade esperam deles, até que um terceiro personagem aparece.

 

Armários de Vidro (2011) – Pelvini, Raphael Valim e Karina Santos

Assinado por três almas transgressoras são-bernardenses – Karina, Raphael e Pelvini – e alimentadas por dois mentores com olhar tolerante para o que é novo, este livro não está às margens do que é universalmente aceito, tampouco na margem do mundo das Letras e da Literatura: é certo dizer, metafórica e geograficamente, que este livro ultrapassa todas as bordas do campo. Mas qual campo? Versando sobre o que é LGBT através de contos, poesias e outros textos de coração honesto, o tal campo pode ser um grito, um beijo, um sufoco.

 

Acenos e Afagos (2008) – João Gilberto Noll

Noll narra a história de um homem que abandona uma vida monótona para buscar sua verdadeira identidade e suas paixões ― uma epopeia libidinal, como define, em certo momento, divertidamente, o personagem-narrador. Uma libido, no presente caso, quase sempre homoerótica, sem freios, culpa ou pecado.

 

O Ano que Morri em Nova York (2017) – Milly Lacombe

Este livro não é só a história de um casamento desfeito por conta de uma suposta traição. Estas páginas trazem a trajetória de uma mulher desde a sua redescoberta até o doloroso rompimento. Uma mulher que assume sua orientação sexual tardiamente e que luta para fazer a família entender, os amigos apoiarem e os colegas de trabalho aceitarem. 

 

Amora (2015) – Natália Borges Polesso

Seria pouco dizer que os contos de Amora versam sobre relações homossexuais entre mulheres. Também estão aqui o maravilhamento, o estupor e o medo das descobertas. O encontro consigo mesmo, sobretudo quando ele ocorre fora dos padrões, pode trazer desafios ou tornar impossível seguir sem transformação. É necessário avançar, explorar o desconhecido, desestabilizar as estruturas para chegar, enfim, ao sossego de quem vive com honestidade.

 

Simpatia pelo Demônio (2016) – Bernardo Carvalho

Um funcionário de uma agência humanitária é designado para levar o resgate que libertará o jovem refém de um grupo extremista islâmico. Enquanto espera para travar contato com os terroristas, a personagem revê o mais tortuoso episódio de paixão de sua vida: seu caso com um estudante mexicano em Berlim. 

 

A Palavra que Resta (2021) – Stênio Gardel

Aos 71 anos, Raimundo decide aprender a ler e a escrever. Nascido e criado na roça, não foi à escola, pois cedo precisou ajudar o pai na lida diária. Mas há muito deixou a família e a vida no sertão para trás. Desse tempo, Raimundo guarda apenas a carta que recebeu de Cícero, há mais de 50 anos, quando o amor escondido entre os dois foi descoberto. Cícero partiu sem deixar pistas, a não ser aquela carta que Raimundo não sabe ler ― ao menos até agora.

 

Fonte: https://bibliotecapublica.saobernardo.sp.gov.br/ 

 

 

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