“Assaad está sentado à janela de sua casa em Santa Bárbara D’Oeste, um ano antes de sua morte. Algumas palavras saltam de sua mente e desabrocham em um sussurro: “O tempo de calar a dor ficou para trás.” (A Imensidão Íntima dos Carneiros, de Marcelo Maluf).

Olá Leitores da Cidade! Neste texto, destacaremos alguns títulos e autores da Literatura Brasileira que  trazem em sua obra a  temática das diásporas humanas.

Parte desses livros mencionados vocês encontrarão em nossa Rede de Bibliotecas Públicas Municipais. Para isso, é só pesquisar os títulos e em quais unidades estão disponíveis para empréstimo no site: https://bibliotecapublica.saobernardo.sp.gov.br/

 

Boas Leituras!

Lavoura  Arcaica (1975) – Raduan Nassar
Lavoura Arcaica é um texto em que se entrelaçam o novelesco e o lírico por meio de um narrador em primeira pessoa, André, o filho encarregado de revelar o avesso de sua própria imagem e, consequentemente, o avesso da imagem da família. É, sobretudo, uma aventura com a linguagem: além de fundar a narrativa, a linguagem é também o instrumento que, com seu rigor, desorganiza um outro rigor, o das verdades pensadas como irremovíveis.

Relato de um Certo Oriente (1989)  – Milton Hatoum
Após um longo período de ausência, uma mulher regressa a Manaus, cidade de sua infância. Deseja encontrar Emilie, a extraordinária matriarca de uma família libanesa há muito radicada ali. Encontra a casa desfeita - como desfeitas para sempre estão as casas da infância. Situado entre o Oriente e o Amazonas, este relato é a busca de um mundo perdido, que se reconstrói nas falas alternadas das personagens, longínquos ecos da tradição oral dos narradores orientais.

Apátridas (2020) – Alejandro Chacoff
Depois de passar a infância na Filadélfia, o narrador de Apátridas retorna com sua mãe e irmã ao Centro-Oeste brasileiro. Numa pequena cidade do Mato Grosso, ele vai travar contato com sua família materna, principalmente seu avô, José, que fez fortuna como dono de cartório. A sombra do pai ausente - um homem de moral duvidosa -, parece estar em tudo. À medida que acompanhamos as histórias do clã, somos enredados numa prosa que vai e vem no tempo, sem nunca perder a intensidade.

Anarquistas, Graças a Deus (1979) – Zélia Gattai
Intrépida aventura dos imigrantes italianos em busca da terra de sonhos e o percurso interior da pequena Zélia na capital paulista - uma menina para quem a vida, mesmo nos momentos mais adversos ou indecifráveis, nunca perdeu o encanto. A determinação de “seu” Ernesto e a paixão pelos automóveis, a convivência diária com os irmãos e dona Angelina, os sábios conselhos da babá Maria Negra, as idas ao cinema, ao circo e à escola, as viagens em grupo, o avanço da cidade e da política; nessas crônicas familiares, vida e imaginação se embaralham, tendo como pano de fundo um Brasil que se moderniza sem, contudo, perder a magia.

A Imensidão Íntima dos Carneiros (2015) – Marcelo Maluf
Das distâncias entre as montanhas de Zahle e Santa Bárbara D'Oeste, entre 1920 e 2013, entre o império otomano e a ditadura brasileira, entre um avô e um neto e da aproximação do fantástico com o autobiográfico, irrompe a narrativa desse romance evocativo, lírico e sensível sobre o medo e suas consequências. Assaad Simão Maluf veio do Líbano para o Brasil ainda menino, depois de viver uma tragédia na família, no ano de 1920. Marcelo, seu neto, não o conheceu. Quando nasceu, em janeiro de 1974, Assaad Simão já havia falecido. Apenas sabia de seu avô pelas histórias que contavam os seus pais e tios.

O Filho da Mãe (2009) – Bernardo Carvalho
São Petersburgo, cidade literária por excelência, é o epicentro da tragédia. Como costuma acontecer nos livros de Bernardo Carvalho, porém, a ação se expande vertiginosamente no tempo e no espaço. Do Oiapoque ao Nieva, de Grozni ao mar do Japão, chegam os estilhaços desses dramas nucleares de mães culpadas, filhos extraviados e pais tirânicos ou ausentes. Todos os personagens parecem, em alguma medida, estar fora do lugar, em famílias e países alheios - daí a força que adquire, no contexto, a figura monstruosa da quimera, aberração rejeitada pela Natureza e pelo homem.

Cordilheira (2008) – Daniel Galera
O livro gira em torno de um recomeço: ao se envolver com um misterioso fã argentino e conviver com seus amigos de hábitos bizarros, a protagonista começa a deixar o passado para trás e a se tornar algo que ainda não sabe bem o que é. Diferentemente dos romances anteriores de Daniel Galera, porém, a perspectiva não é a do universo masculino, e sim a de uma narradora sem receio de encarar os próprios abismos emocionais.

Imigrantes e Mascates (2016) – Bernardo Kucinski
Quando a Alemanha invadiu a Polônia no dia 1 de setembro de 1939, dando início à Segunda Guerra Mundial, Bernardo Kucinski estava prestes a completar dois anos de idade. Sua mãe, polonesa, tinha chegado ao Brasil havia apenas quatro anos e mal falava português. Nesse livro, o autor conta sobre a sua infância no bairro da Água Fria, em São Paulo, com a descoberta dos livros, a influência de seu pai em sua vida e, entre outros temas, sobre as dificuldades enfrentadas por uma família judaica em um dos períodos mais conturbados da História.

 O Inventário das Coisas Ausentes (2014) – Carola Saavedra
Como começa o amor? À primeira vista, num encontro casual, depois de anos de convivência? Qual é a distância entre dizer "eu te amo" e amar alguém? O que resta quando o tempo passa, as pessoas mudam e o amor acaba? Nina tem 23 anos quando ela e o narrador se conhecem na faculdade. Os dois têm um envolvimento amoroso, mas, certo dia, ela desaparece sem deixar notícias. A partir da reconstrução ficcional dos diários deixados por Nina, o narrador conta a história de seus antepassados e assim vai delineando seus contornos, numa tentativa de recriar a mulher amada.

A vida Crônica (1999) – Dalila Teles Veras
Nesse livro, Dalila encerra um conjunto de crônicas de agradável leitura. Isso faz com que nos deparemos com cerca de 50 textos, sem olhares cotidianos restritos, mas de abrangência universal.