Polissêmica por excelência, a palavra cultura surge,  no âmbito da história da administração municipal de São Bernardo, associada às ações do poder público no sentido da promoção das artes , dos espetáculos,  da educação e da informação de uma forma geral.

Surgida em 1945, a prefeitura de São Bernardo do Campo  atuou, pelo menos desde a administração José Fornari (1948-1951),  no setor da educação,  através da doação de terrenos, construção e reparos em prédios escolares, e,  até pelo menos  o início da década de 1960, de subsídios à escolas particulares.  A gestão da rede escolar – incluindo o financiamento do professorado – se iniciou com a pré-escola, na década de 1960, e se ampliou  com a municipalização do ensino fundamental, entre 1998 e 2004.

À parte da educação,  as intervenções da prefeitura no setor cultural se iniciaram na década de 1950, de maneira tímida e esporádica. É possível que a primeira delas tenha ocorrido em 1952, quando foi apresentado na Câmara Municipal de São Bernardo do Campo um projeto de lei do vereador Raimundo Nonato da Cruz  que criava uma biblioteca pública na cidade. No mesmo ano,  Nonato esteve ligado à criação de um grupo teatral e, em 1953,  à instalação de um centro de cultura, cuja reunião inicial aconteceu nas dependências do legislativo municipal (1). Embora fossem  iniciativas dignas de nota,  as duas últimas  não tiveram  vida longa. O projeto da biblioteca pública foi sancionado pelo prefeito Lauro Gomes em 1952, mas sua concretização ocorreria apenas em 1958,  premiando os esforços de mais de uma década de D. Odette Tavares Bellinghausen, militante da causa que há tempos vinha reunindo acervo pertinente, e a atividade do Lyons Clube de  São Bernardo do Campo, entidade recém-chegada à cidade, que contribuiu com compra de livros e mobiliário (2). Integrada,  em 1962,  na recém criada seção de Educação e Cultura - primeira repartição pública municipal com dedicação específica ao setor - a Biblioteca Monteiro Lobato foi o primeiro espaço cultural são-bernardense a ser administrado pela prefeitura.

Desde 1953,  festas de  aniversário da cidade foram promovidas pela  prefeitura municipal e, com freqüência,  apresentaram manifestações artísticas e culturais,  especialmente desfiles pela Rua Marechal Deodoro e shows musicais.  O carnaval recebeu ajuda regular durante muito tempo, sendo que desde 1961 existem registros de participação do poder público municipal na organização e custeio da festa (3).

A distribuição de auxílios financeiros - previstos no orçamento municipal - a associações que abrigavam atividades culturais foi uma das primeiras formas de ação governamental no setor cultural em São Bernardo. A Corporação Musical Carlos Gomes – surgida em 1926 – já recebia financiamento em 1952, assim como a Associação Beneficente “Bartira”, que  através  de Odete Bellinghausen  - sua criadora e gestora – atuava na formação musical com um curso de harmônica para crianças, além de realizar  outras atividades na área (4). Em 1965 a lista de contemplados por subvenções da mesma natureza incluía, além dos já citados, a Corporação Musical São José, a Banda Mirim do Baeta Neves, entre outras entidades culturais. Neste mesmo ano foi prevista a distribuição de prêmios culturais diversos (5). Em relação às bandas, também em 1965,  surgiu uma lei municipal visando a promoção de retretas nas principais praças da cidade, com remuneração financiada pela prefeitura aos conjuntos participantes (6).

Na época, no tocante às artes plásticas, a Prefeitura Municipal  contribuiu  com a Associação Sambernardense de Belas Artes (ASBA), declarando-a de utilidade pública em 1960,    promovendo exposições e adquirindo obras (7).

Em 1968, a  prefeitura inaugurou seu primeiro anfiteatro, o Cacilda Becker. Apesar do fato de que a completa integração do espaço ao setor cultural  e a grande expansão de seu uso para  atividades  artísticas ocorresse a partir de  1973,  sua inauguração possibilitou um incremento nas ações culturais promovidas pela prefeitura municipal,  a qual, ainda na década de 1960, ali programou exibição de filmes, recitais de piano e festivais teatrais. Nesta época, já se destacava o grupo teatral são-bernardense Regina Pacis,  com o qual a municipalidade colaborou em diversas ocasiões.   

Do ponto de vista da estrutura administrativa municipal o setor cultural foi levado da condição de seção à de departamento em 1965, com o surgimento do Departamento de Expansão Cultural. Originado a partir da  Seção de Educação e Cultura - criada em 1961 -  o novo departamento era ligado à Secretaria de Assuntos Jurídicos e Administrativos,  e abrigava, além de uma grande repartição dedicada à educação, a Seção de Divulgação Cultural, que  tinha como escopo executar “as tarefas ligadas aos Serviços de Recreação e Cultura, assistência às atividades recreativas e culturais, orientação e fiscalização dos parques infantis, juvenis e recreativas do Município, bem como organizar cursos e conferências de extensão cultural, Serviços de Biblioteconomia, assistência às Bibliotecas públicas e administração das Bibliotecas Municipais, Serviços de Informação e Divulgação de dados e fatos ligados ao Município e à Administração Municipal” (9) .  O novo departamento funcionou até por volta de 1970 no casarão da Rua João Pessoa, nº 236 , e  posteriormente se transferiu para o Paço municipal.

Na década de 70, esta estrutura receberia nova ampliação, acompanhando o crescimento geral do tecido urbano da cidade, da prefeitura municipal e dos espaços e das ações dedicadas  à cultura no município.

 

 

 

Vários shows musicais foram promovidos em parceria pela prefeitura municipal e as indústrias fonográficas instaladas no município – Odeon e Copacabana.   Aqui, em uma dessas ocasiões,  o cantor Moacyr Franco se apresenta na Praça Lauro Gomes, para um público estimado em cerca de  30 mil pessoas. 18/08/1968.

 

Notas.

(1) - Cf. Jornal Folha do Povo, 01/02/1952, p.5. ;  16/09/1952, p6; 06/12/1953,p.7.

(2) - Cf. PMSBC. Lei Municipal,  nº 179, de 20 de outubro de 1952;  

 - Cf. Melo, Mario Pereira de; Rosso, Silvana. Biblioteca Pública de São Bernardo do Campo- 50 anos de informação e cultura. São Bernardo do Campo: PMSBC, 2008. p. 12.-17.

(3) - Cf. PMSBC. Decreto n.248., de 06 de fevereiro de 1961.

(4) - Cf. PMSBC. Decreto n.19 ,  de 19 de Dezembro de 1952.

(5) - Cf. PMSBC. Resolução n.292/64

(6) - Cf. PMSBC. Lei n. 1324, de 13 de julho de 1965.

(7)  - Cf.  PMSBC.Resolução Nº 383, de 4 de novembro de 1968; PMSBC.. Lei Municipal nº 866/1960

(8) - Cf. PMSBC. Lei n.920, de 25 de abril de 1961

(9) -  Cf. PMSBC. LEI Nº 1312, de 3 de junho de 1965

 

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