Com seus mais de 7 km de extensão, a Estrada Galvão Bueno é a maior via do Batistini, bairro que ela atravessa de fora a fora, ligando entre si as diversas vilas do bairro e  este com o bairro Demarchi, local de onde a estrada parte, como uma continuação da Av. Maria Servidei Demarchi, que até 1961 também a integrava. As origens da rota são antigas, remetendo no mínimo ao séc. XIX, época em que a família Galvão Bueno, que teve como patriarca o Capitão Francisco Mariano Galvão Bueno, era dona de grande parte das terras onde se situa a estrada

Antes da construção da Represa Billings (a partir de 1927), a estrada tinha um traçado diferente em seu trecho final, onde passava por áreas na altura do Ribeirão das Lavras (região do Jardim Represa) que seriam inundadas com a construção do Reservatório. Nas proximidades deste ribeirão, em meados do século XIX viviam diversos outros proprietários de terras, como José Antonio de Moraes, José Francisco de Paula Pires, Joaquim José de Santana e Antonio José da Silva (1). 

A partir de 1877, a estrada passaria a ser a principal via por onde transitavam as carroças da famílias de imigrantes instaladas pelo governo imperial nos sítios mais à sudeste da Linha Colonial Jurubatuba, que eram cortados pelo trecho inicial a da estrada. Algumas dessas famílias permaneceriam por bastante tempo nessas áreas, como os Arsuffi e os Tolotti (2). Em 1887, ao sul desses lotes seria instalada outra linha colonial, denominada Galvão Bueno por estar nas antigas terras daquela família. Também cortada pela estrada, a linha possuía 33 lotes ao todo. Nela, já por volta de 1892, moravam as famílias Battistini, Demarchi e Morassi (3), que por gerações ficariam associadas ao local. Ficariam especialmente conhecidas, juntamente com os Tolotti acima citados, pelos restaurantes que instalaram ao longo da estrada a partir da década de1940, quando o movimento nela começava a aumentar devido à construção da vizinha Via Anchieta (4). A instalação desses restaurantes, especializados no famoso "frango com polenta", marcou uma nova etapa na historia da Estrada Galvão Bueno: a circulação de automóveis se tornou cada vez mais intensa conforme crescia a clientela dos restaurantes, cuja fama logo atingiria uma dimensão regional. 

Este movimento local aumentou ainda mais com a instalação da Indústria Volkswagen (1959) no início da estrada, a qual teve impacto decisivo na urbanização local, estimulando o loteamento de áreas de seu entorno. Assim, em 1961, o trecho inicial da estrada seria logo alargado, retificado (5) e em seguida inserido dentro do perímetro urbano da cidade, sendo batizado no ano seguinte (6) com o nome de Avenida Maria Servidei Demarchi, a qual em poucos anos estaria totalmente pavimentada. Porém, a parte remanescente da estrada, que manteve o nome "Galvão Bueno", permaneceu sem grandes melhoramentos até o fim dos anos 1970, quando recebeu pavimentação e iluminação um extenso setor de 4 km, indo da divisa do Bairro Batistini com o Demarchi até o cruzamento com a Rodovia dos Imigrantes. Neste momento, embora a estrada ainda estivesse fora do perímetro urbano do município, já havia se instalado perto de suas margens diversas indústrias do setor químico (Acrilex, Celanese, Tintas Ipiranga), com função dentro da cadeia produtiva automotiva.

O trecho final da via, posterior a Imigrantes, seria o último a ser pavimentado, com esta ocorrendo somente nos anos 1990, após o significativo povoamento de seus arredores, com o crescimento dos jardins Represa e Nova Canaã.

 

Nas imagens: acima a estrada em 1978; abaixo, ela em 2000, na altura do Restaurante Capassi.

 

Notas:

(1) Registro de Terras de 1850. Arquivo do Estado de São Paulo.
(2) Livro de Matriculas do Núcleo Colonial de São Bernardo 1892. Arquivo do Estado de São Paulo.
(3) idem
(4) Folha de São Bernardo, 9-12-1978
(5) Decretos 376/1961, 413/1961, 416/1961, 432/1961
(6) Decreto 470/1962

 

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