No último quartel do séc. XIX, a implantação de linhas coloniais formadas por imigrantes europeus em sua maioria alterou a configuração étnica da antiga Freguesia de São Bernardo.  Pouco antes,  no  censo de 1872, a região teve na composição de sua população 64,3% dos indivíduos categorizados como brancos,  26,7% como  pardos, 8,5% como pretos e 0,5% como indígenas. Ressalta-se que já naquele ano a grande maioria dos afrodescendentes que aqui viviam era composta de habitantes livres (87%, grupo formado por forros ou descendentes destes):  o  número de escravos  (119 pessoas, 4,5% da população total) vinha caindo  devido principalmente à grande elevação de seus preços, causada  tanto pela forte demanda oriunda  da  agricultura cafeeira  do interior paulista como também  pelo  fim definitivo, desde 1850, do tráfico internacional de cativos. Contribuiu também para essa redução a libertação dos escravos  nas fazendas beneditinas locais, ocorrida em 1871.

 

Com a chegada de um contingente de 340 famílias de imigrantes europeus estabelecidas no núcleo colonial, além de muitas outras que vieram de  forma espontânea, principalmente entre 1887 e 1933, o percentual de negros  (a soma dos autodeclarados  pretos e pardos, segundo o IBGE) na população são-bernardense ficaria reduzido por várias décadas. Em 1950 o total ainda não passava de 8%, apesar de nessa época muito provavelmente a tendência de queda já ter começado a se reverter:  iniciava-se por esse tempo o fluxo de migração em direção ao município, em busca de melhores oportunidades de trabalho, de pessoas vindas de regiões brasileiras onde a ascendência africana era  fortemente presente na população. Com o  aumento progressivo do  fluxo migratório e da miscigenação,  o percentual de pardos e pretos cresceria  também  em São Bernardo  nos decênios seguintes:  em 1980,  já eram 22% dos moradores da cidade; trinta anos depois, em 2010,  representavam cerca de 1/3 dos habitantes. Em bairros com urbanização  mais recente, o número é ainda maior, como  é o caso do Montanhão (com 54% de afrodescendentes) e do Alvarenga (com 42%).Também ajudou  nesse crescimento a tendência  dos últimos  anos de mais pessoas passarem a se reconhecer e se autodeclararem como negras, devido, entre outros fatores, ao incentivo de ações e políticas governamentais.

 

Na  imagem vemos  o maestro João Silverio da Silva, apelidado “João Gomes”, filho de um casal  de ex-escravos que emigrou de Minas para São Bernardo em 1929 e que aqui se tornaria regente da histórica Corporação Musical Carlos Gomes e co-autor do hino oficial da cidade.

 

Pesquisa e acervo: Centro de Memória de São Bernardo do Campo.

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