Iniciada em 1948, pouco tempo depois da inauguração da sua vizinha Via Anchieta, a Vila Marchi foi um dos empreendimentos que apareceram em função do boom imobiliário gerado com o advento da Anchieta e da expansão industrial na cidade. Anteriormente na área estava fragmento de um sítio da Linha Colonial Jurubatuba , que primeiro pertenceu ao casal Antonio e Maria dalle Mulle, os quais ali chegaram em 1877, vindos de Treviso (Veneto-Itália) (1). Em 1940, quando uma parcela das terras foram desapropriadas para construção da Via Anchieta, o sítio ainda pertencia a herdeiros de Antonio e Maria, como João Dalle Mulle (2), mas, pouco tempo depois, muito provavelmente ele foi negociado com Salvador Marchi ( paulistano oriundo do Ipiranga que tinha outras terrenos nos arredores, como a vizinha Vila Cidade Miramar) e em seguida adquirido pela Casa Bancária Munhoz, que lançaria o loteamento com o nome de Vila Marchi.

Com área loteada de 45 mil m², o espaço foi dividido em seis ruas e 148 terrenos de 300 m², em média. Quatro terrenos foram a princípio reservados para construção de praças. Segundo o memorialista Ademir Medici (3), os primeiros moradores pertenciam às famílias Tolotti, Fregel, Marson e Zanata. No começo, a vida local era atrapalhada pela dificuldade de acesso, não havendo então uma ligação com a Av. João Firmino, antiga estrada do Alvarenga. Em 1958, com a desapropriação de um terreno na Rua Vítor Hugo, pertencente à Sra. Maria Ortolani, foi possível ligar a Rua Nestor Moreira à Rua Assunção (um antigo caminho de servidão) e, assim,ter acesso direto à avenida. Na Rua Nestor Moreira já funcionava por sinal o primeiro comércio da vila, um bar e armazém pertencente ao libanês Elias Jorge (4). No ano em ocorreu a supracitada desapropriação, a vila tinha cerca de 70 casas, o que representava quase 50% dos lotes com construções. A luz elétrica tinha chegado dois anos antes, em 1956. Além das casas, em um terreno vizinho estava instalada a fábrica de bicicletas Mercantil Suissa (da família Lewandowski), que em 1973 mudou seu nome para Walcar Industrial. Atualmente se encontra no local a empresa Rai - Rede de Armazéns Integrados.

Gozando de uma infraestrutura melhor, com as ruas pavimentadas, em 1970 cerca de 75% dos seus lotes tinham construções, restando 38 terrenos vazios. A essa altura, já havia também na vila um posto de puericultura e, na Rua Assunção, um Grupo Escolar (5). Também naquele ano foi construída uma escadaria de acesso entre a Rua Nações Unidas e a Via Anchieta, bem como a Praça Castro Alves (6). Por volta de meados daquela década, o comércio local foi incrementado com a instalação de um açougue, uma quitanda e uma padaria - a Flor da Vila Marchi, na Rua Orquídeas, que duraria ali por várias décadas.

 

Acima, o Grupo Escolar Estudante Flamínio Araújo de Castro, em 1972. Abaixo, a Praça Monteiro Lobato, na Rua Nestor Moreira, em 1970, onde é possível ver também o antigo Bar e Café Monteiro Lobato.

 

 


Notas:
(1) - Livro de Matrículas do Núcleo Colonial de São Bernardo, 1877-1892. Arquivo do Estado de SP
(2) - Decreto GESP, 10887/1940
(3) - Medici, Ademir. São Bernardo, Seus Bairros, Sua Gente. 1981. PMSBC.
(4) - idem e Decreto 210/58
(5) - Decreto PMSBC 411/61. Denominado Flamínio Araújo de Castro em homenagem a um estudante morto tragicamente, atropelado por um caminhão na Rua Marechal Deodoro em 1968.
(6) - Decreto PMSBC 1823/68

 

 

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