Área de topografia irregular situada junto à margem direita do Ribeirão dos Alvarenga  e à estrada de mesmo nome, as terras do Jardim do Lago faziam parte, na primeira metade do século passado,  de uma das diversas pequenas propriedades rurais que caracterizavam a paisagem daquela zona do município, naquele momento intocada pela urbanização. O sítio, então chamado Chácara Dirce Maria (1), nesse período   passou pelas mãos do fabricante de carvão e motorista Cesare Presente, depois pelas do comerciante Italo Lazzuri, e, por fim, foi adquirido  pelo negociante Alberto Goethe Assunção, também comissário de café em Santos, que o  lotearia a partir de 1952 (2).

Com um total de 232 mil m2 , o loteamento foi planejado  com 635 terrenos relativamente pequenos de 250 m2, reservando  a princípio  37 mil metros quadrados de área verde para implantação  de praças e  três grandes jardins. Um destes deveria se situar, conforme a planta original,  na Rua Alvarenga Peixoto, outros  dois na Rua Nelson Hungria. Junto a esta rua  estava também  o grande lago, remanescente dos tempos da chácara, que dá nome ao loteamento. Aterrado no início dos anos 70, o lago se situava em espaço que depois  se tornou um campo de futebol e mais recentemente também pista de skate . Era formado a partir das águas de um dos afluentes do Ribeirão dos Alvarenga, sendo um dos diversos que havia nas redondezas: somente na  área  vizinha onde  foi o Clube Aranami e atualmente se encontra o Colégio Termomecanica, havia outros três.

Nos  anos iniciais do loteamento, o Jardim do Lago teve um desenvolvimento muito lento, havendo em  1957  menos de 10 casas em toda área. Seis delas eram  residências geminadas  situadas  a partir do número 80 da Rua Min. Edgard da Costa, edificadas entre 1956-7 pelo próprio Alberto Goethe (3); outras  duas, menores, estavam na Rua Gen. Frederico Barreto.

Esse crescimento incipiente contrasta com a  expansão que estaria por vir. Com efeito, até 1970, apesar do único melhoramento urbano expressivo na área ter sido o início da implantação  da energia elétrica (4),   mais de uma centena de construções foram edificadas, atingindo  quase todas as  ruas do loteamento. Até mesmo uma favela, que em 1973 atingiria 80 barracos, havia surgido na Rua Nelson Hungria, em um dos terrenos  idealizados para implantação de jardim público (5).

A partir da década de 1970, as condições locais começaram a melhorar com a extensão da iluminação viária  e da rede elétrica (1971-3) (6),  a  inauguração de um  Grupo Escolar  (1973,atual EMEB Maria Rosa Barbosa) e, na segunda metade daquela década, a pavimentação com paralelepidos de várias ruas  e  a implementação da  rede de água e esgoto (6) . Já  em 1988 foi  construída  uma nova escola (E.E. Mario Franciscon) e, em 1992, em parte do terreno em que estava a favela da Rua Nelson Hungria, edificou-se  uma creche (atual EMEB Luana Lino de Souza). No ano 2000, ao lado dela foi inaugurado o Ginásio Poliesportivo local.

Essa progressiva melhora da infra-estrutura  foi acompanhada pela ocupação definitiva dos espaços disponíveis e também pelo aumento de domicílios  em favelas no loteamento ou em suas adjacências, especialmente  entre as décadas de 70 e 90.  O núcleo Santa Mônica, por exemplo, surgido em 1983, contíguo à favela da Rua Nelson Hungria, alcançou 180 domicílios em 1990 (8).

Nos anos posteriores grande parte desses núcleos seria alvo  de projetos de urbanização ou habitacionais, o que melhoraria suas condições.

 

As ruas da Mangueira, Ministro Nelson Hungria e Frederico Barreto, no Jardim do Lago, em 1992.

 

Notas:

(1) - Processo Administrativo PMSBC 342/51

(2) - Diário Oficial do Estado de São Paulo 22-05-1953

(3) - Processo Administrativo PMSBC 2050/56

(4) - Jornal A Vanguarda 06-11-1956

(5) - Planta da Localização das Favelas do Município - Departamento de Topografia e Cadastro- PMSBC, 1974.

(6) - Orçamento Municipal 1971-3

(7) - idem, 1975-6

(8) - Secretaria de Promoção Social - PMSBC, 1990.


 

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