Uma das ruas do município com origens centenárias, a Rua Alferes Bonilha, situada no centro da cidade, surgiu no contexto de formação da sede urbana do núcleo colonial de São Bernardo, implantado pelo governo imperial em 1877. Localizada em terras que pertenceram ao fazendeiro que lhe empresta o nome, a rua originalmente tinha extensão bem menor, indo da esquina com a Rua Américo Brasiliense até a altura de um córrego que havia onde hoje passa a Rua 28 de Outubro. Ela era composta de apenas 10 lotes, todos relativamente grandes para os padrões atuais, sendo que os lotes do lado de cima (lado ímpar) constituíam os fundos de terrenos cujas construções davam de frente para a Rua Marechal Deodoro, terrenos estes que seriam, em parte, posteriormente desmembrados (1). Na lado oposto da rua (atual lado par), até 1902 havia apenas uma construção, em área pertencente a Adolfo Ferrari, próximo da esquina com a Rua Américo Brasiliense (2).

Na época em que recebeu sua denominação, no início do anos 30, a Alferes Bonilha foi estendida até ligar-se às ruas Paissandu e Frei Gaspar, já dentro do loteamento da Vila Magnólia, pertencente a Aristides Zanella, também dono do famoso Restaurante Magnólia, situado ali perto. Apesar dessa expansão, em 1934, as únicas edificações com frente para a rua eram as casas do operário Natalino Vertamatti, do empreiteiro Francisco Ongaro e do dirigente partidário Flaminio de Oliveira (3) - os dois últimos nomes, por sinal, batizaram duas vias adjacentes da Alferes Bonilha. Essas casas ficavam perto do início da rua, onde havia também um campo de futebol de várzea usado por um time amador chamado Luso-Brasileiro (4), em terreno da família Setti, na altura da atual Rua Carlos Spera. Um outro campo de futebol, usado desde os anos 20, situava-se no que era então o final da rua, junto à Rua Frei Gaspar.

O ritmo de ocupação da Alferes Bonilha começaria a crescer de forma mais intensa após ela receber seus primeiros melhoramentos urbanos, com a chegada da rede elétrica, em 1946 (5) , e as primeiras ligações de água, no início dos anos 50. Foi nessa época em que nela se instalou a Vidrotil, famosa empresa fabricante de mosaicos de vidros, a qual em 1951 solicitou à prefeitura ligação de água potável para seus 50 funcionários (6). A empresa ficaria ali por muitas décadas, se tornando um ponto de referência do local. 

Por volta de 1960, com o loteamento de uma área pertencente a Ermelinda Setti, a rua foi estendida novamente em cerca de trezentos metros, atravessando o espaço onde hoje está o Terminal Ferrazópolis de Trólebus e quase alcançando os fundos da antiga Fábrica de Disco Odeon. Este setor teria, porém, existência efêmera, sendo desapropriado em 1971, em função das obras da Avenida Faria Lima, junto a qual a Alferes Bonilha passaria a acabar (7). Nesse momento, o restante da rua já estava consistentemente ocupado, uma vez que nos anos anteriores muitas novas construções haviam surgido no seu trajeto, entre elas as dependências do clube da Associação dos Funcionários Públicos de SBC (em um grande lote cedido pela prefeitura ,com frente para a recém criada Rua 28 de outubro) e o prédio da Cooperativa da Volkswagen, inaugurado em 1968, primeiro grande estabelecimento comercial da via.

 

Na imagem, a Rua Alferes Bonilha em 1976, no setor entre a Cooperativa da Volks (abaixo) e as instalações da

Associação dos Funcionários Públicos de SBC e da Vidrotil (acima).

 

Notas:

(1) Planta do Núcleo Colonial de São Bernardo, 1877. Arquivo do Estado de SP.
(2) Planta Cadastral 1902 - PMSBC
(3) Livro de Impostos de Viação (1930-1935).Prefeitura do antigo município de São Bernardo. Museu de Santo André.
(4) Pessoti, A. Vila de São Bernardo.PMSBC. 2007.
(5) Asquini,A; Barbosa, N.A.M.; Oliveira. P. Folha de São Bernardo,1-12-1979.
(6) Processo PMSBC 1944/51
(7) decretos PMSBC 2490/71, 2496/71, 2500/71

 

 

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