Juntamente com a vizinha Vila Progressista, a Vila Euro foi o primeiro loteamento urbano a surgir no território do atual Bairro Assunção, tendo sua planta original sido elaborada em 1947, mesmo ano em que a vizinha Via Anchieta era inaugurada. Anteriormente a área fazia parte do lote rural de número 26 da Linha Colonial Jurubatuba, ocupado em 1877  pelo casal de imigrantes do Trento (Norte da Itália), Catharina e Giacomo Pedó e seus três filhos (1) .  Com a morte prematura de Giacomo, ela e os filhos  cuidariam das terras pelos anos seguintes, ficando responsáveis por fazê-lo produtivo e  pagar as prestações do lote para conseguir seu titulo de propriedade, o que fez em  1885 (2).

Anos depois parte daquelas terras seriam adquiridas por Euro do Vale Nogueira,advogado natural de Colina, no interior de São Paulo, já ativo no ramo imobiliário desde 1939, pelo menos (3). Em  uma parcela delas, mais ao norte,  ele estabeleceu uma bela chácara, denominada Nossa Senhora Aparecida, que possuía lago (ainda hoje existente), estábulo, galinheiro, vinhas, laranjal e até mesmo uma cantina e um salão de bilhar. Em outra parte, mais ao sul, ele reservaria para urbanização. Nelas ele lançaria o loteamento da Vila Euro (com 141 lotes  relativamente grandes, de 400m2 em média) (4), e pouco depois, a Vila Progressista, a principio planejada com 301 lotes, mas que por volta de 1954 seria em grande parte revendida  e remodelada (incorporando-se ao Jardim Via Anchieta)

Em maio de 1951, Euro já havia vendido um  ou mais lotes das duas vilas a mais de 100 compradores, conforme anúncio publicitário que publicara no jornal O Estado de São Paulo (5). No anúncio, Euro enaltecia a proximidade do local coma  a Via Anchieta e com o núcleo comercial, industrial e operário da cidade e  ainda ressaltava a  potencial valorização dos terrenos. A publicidade era principalmente destinada a moradores da Capital, aos quais ele oferecia condução gratuita, saindo do centro paulistano, aos que quisessem visitar  o local. Até 1964, pelo menos, Euro  faria anúncios para vender lotes da vila(6): nessa ocasião vendia-os ao preço de 1 milhão de cruzeiros cada e lembrava aos interessados que àquela altura a área já  possuía luz, água encanada, guias nas ruas e ônibus próximos.

Os lotes vendidos de início, porém,  não resultariam de imediato em um grande número de habitações construídas. Em 1958  não havia nem uma dezena de casas na Vila Euro, existindo mais construções residenciais na vizinha Vila Luiz Casa, apesar desta ter surgido de fato um pouco depois. 

Por outro lado,   nesse momento já  se  iniciava o  processo de retalhamento da antiga chácara de Euro, com  a aquisição  em 1954 de um dos quinhão desta pela  industria Fatio Fabril, que logo iniciou ali a construção de um pavilhão destinado a fiação de linho (7). Em 1962 se instalaria em outro quinhão a Empresa Granjas Reunidas S.A. ,  e em 1965 a Provimi do Brasil, fabricante de ração animal (8). Posteriormente se instalariam nesses terrenos  outras empresas, como a  Otton Deutz Motores  e  a Metalúrgica Trefilação União de Metais .

Em 1970 , mesmo com o local ja mais consolidado em termos de infra-estrutura urbana  ainda restavam bastante terrenos desocupados ao longo da vila. A maior da parte das casas situavam-se nas ruas Pe. Antonio de Souza, Pe .Jeronimo Cardim e  Pe. José Leite Penteado. Até o início dos anos 80, porém,  os terrenos vagos escasseariam bastante devido ao ritmo muito mais intenso de novas construções, incluindo  a do  prédio do parque infantil  (inaugurado em 1972, atual EMEB Guilherme de Almeida) e de algumas edificações com mais de um andar. A vila assim se firmaria a como um espaço residencial ocupado essencialmente pela classe média, ainda que exista certa discrepância de nível econômico entre alguns setores da vila, conforme apontou o censo de 2010. 

 

Acima, vemos a Praça Colina em 1971; abaixo, o Parque Infantil da Vila Euro (atual EMEB Guilherme de Almeida) na ocasião de sua inauguração em 1972.

 

Notas:

(1) Conta Corrente dos Colonos - 1878. Núcleo Colonial de São Bernardo. Arquivo do Estado de São Paulo

(2) Requerimentos do Núcleo Colonial de São Bernardo, 1890 ; recibos do Núcleo Colonial de SB. 1891. Arquivo do Estado de São Paulo

(3) Jornal O Estado de São Paulo, 27-03-1951

(4) Médici, A. São Bernardo, Seus Bairros Sua Gente. 1981. PMSBC.

(5) Jornal O Estado de São Paulo. 27-03-1951.

(6) idem, 02-06-1954

(7) Diário Oficial do Estado de São Paulo, 17-03-1955.

(8) idem, 23-05-1965

(9) Censo IBGE 2010

 

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