Atravessando quase todo o Baeta Neves  de oeste a leste, a Rua Giacinto Tognato é, com seus 2,4km,   a segunda maior  via do bairro, perdendo apenas para   a Rua dos Vianas. A irregularidade topográfica que caracteriza o Baeta está plenamente representada no   trajeto da rua, que passa por diversas  ondulações entre seu início, na altura da Praça São José, onde marca 787m de altitude, e seu final, perto  do cemitério,  onde atinge a altitude de 835m, também seu ponto culminante.

Tal como a Rua dos Vianas, a Giacinto Tognato demorou bastante tempo para atingir sua plena ocupação. Nos primeiros anos do loteamento da Vila Baeta, que se iniciou em fins da década de 1920, a área da via, então designada apenas como rua  10,  foi dividida em lotes urbanos   somente até à altura  da esquina com a Rua Campos de Jordão, em seu lado par; e até  à altura da esquina com a  Rua Cruzeiro, em seu lado  ímpar.  O restante fora cortado em terrenos muito maiores, próprios para a ocupação por chácaras e sítios.

Essa situação  só mudaria duas décadas depois: em 1949, um nova  planta feita pela Companhia Construtora Paulista, responsável  pelo loteamento, acrescentou mais 83 lotes urbanos na rua, perfazendo  então um total de 104 lotes, com tamanhos que iam de 250m2 a 730m2 (1). O espaço loteado alcançou então, no lado par, a esquina com a  Rua Taubaté; e  a intersecção com a Belarmino Francisco Vasconcelos, no lado ímpar. É bastante provável  que a área original da rua  e seus arredores já estivesse nesse momento razoavelmente  povoada,  pois em fins de 1948 a prefeitura decidiu edificar (2), na esquina com a Rua Campinas, uma escola para as  crianças locais. Esta escola depois se tornaria o Grupo Escolar Dr. Baeta Neves, que  já a partir da década seguinte, seria reformado e ampliado.  O comércio também se desenvolvia: em 1950, foi concedido  um alvará de funcionamento para um armazém de secos e molhados no antigo n. 28, pertencente a Jorge Vieira,  e, em 1951, outro alvará para um bar e bilhar, no n. 166, a pedido de Josias José de Oliveira (3). Entre 1950 e 1956, foram deferidos dezenas  de alvarás de construção na rua, incluindo vários para casas operárias (como  os  de Benedito da Silva, Antonio Moreira de Oliveira  e Calimerio Sergio de Campos);  e alguns para  edificações com salão comercial e residência, como o de Antonio Alonso Cabrera (4). 

Em outubro de 1956, a rua finalmente receberia sua denominação oficial,  que homenageou  – em vida -  a Giacinto Tognato (1881-1967) , dono da tecelagem que levava seu sobrenome, principal indústria existente nas  vizinhanças do Baeta (5). No final do ano seguinte,  a prefeitura começaria a construção,  na esquina com a av. Getúlio Vargas, de um  posto de puericultura (6), solidificando como ponto de concentração de serviços e comércio  o setor da rua que ia da altura do posto até o arredores do Grupo Escolar. Não por acaso, esta era sua  área com maior aglomeração  de casas por volta de  1960, tempo em que se  iniciavam as obras de calçamento e pavimentação com paralelepípedos em seu leito.

Até 1970, esta pavimentação  alcançou a  confluência com a  Rua Belarmino Francisco de  Vasconcellos, atingindo, portanto, áreas  então recentemente ocupadas, que já estavam em forte processo de adensamento, a tal ponto de, em 1968, ser instalado,  para atender a demanda das famílias dessa região, outra escola: o  chamado  Grupo Escolar do Alto Baeta (atualmente EMEB Gofredo da Silva Telles), situado perto do final da rua. Nessa época, só estava desabitado o trecho adjacente ao terreno em que  se instalaria o Cemitério do Baeta Neves, cuja área, antes compromissada a Afonso Martins Escudeiro, já havia sido desapropriada(7). O cemitério, porém, só começou a funcionar oficialmente em meados da década de 1970.  Vizinho  a ele, do lado oposto da rua seria inaugurado em 1986 a  EMEB Odette Edith Perigo de Lima,  praticamente complementando a ocupação da rua, neste momento já completamente pavimentada.

 

Acima, o prédio da Escola Estadual Dr. Baeta Neves, em julho de 1967, perto da esquina com a R. Campos de Jordão; abaixo, vemos a Rua Giacinto Tognato na altura do quarteirão entre a Av. Getúlio Vargas e a Rua Campinas, em setembro de 1986, ocasião em que se iniciava a substituição dos paralelepípedos por asfalto

 

Notas:

(1) Planta do Baeta Neves - 1949. Arquivos de Cartografia da PMSBC.

(2) Lei 33/48 -PMSBC

(3) Processos administrativos PMSBC (1950-1956).

(4) idem

(5) Lei Ordinária 504/56 - PMSBC

(6) Decreto 162/57 – PMSBC

(7) Decretos 948/65; 1150/66; 2216/70

 

 

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