Delimitada pelo córrego da Chrysler ao sul e por morros do entorno do maciço do Bonilha ao norte, a Vila São José, no Bairro Ferrazópolis, é composta por um conjunto  heterogêneo de vias,  onde misturam-se  traçados  sinuosos e/ou  íngremes, predominantes nos segmentos elevados, com alguns mais retilíneos e com menor declividade, mais comuns nas áreas mais baixas. Todas essas terras eram chamadas no passado de Sítio do João Manoel, muito provável  referência ao carreiro João Manoel da Silva, que por aquelas bandas viveu com sua esposa Ana Maria de Jesus  na década de 1870 (1).  Posteriormente a propriedade   passaria pelas  mãos do lavrador Felício Antônio de Oliveira e em seguida, já no início do século XX, para a sua filha Augusta Cesária de Oliveira, casada com  o também comerciante José Colleoni, que era dono de  armazém e açougue no centro da cidade (2). Depois da morte deste em 1913, os sucessores venderam a área a investidores de Santos, sócios da firma Imobiliária Moreira, Maia e Bueno Ltda. (3), a qual planejou e lançou a planta do loteamento da Vila São José em 1927, com 384 lotes.
 
Contudo, o loteamento não sairia do papel tão cedo:  somente após a venda do terreno  em 1942 para os negociantes José Vicente  de Lassala Freire e Waldemar Maia (ambos também da baixada santista), o loteamento começou a tomar forma, já no início dos anos 1950. A planta da vila foi modificada, trazendo um maior número de lotes (444), sem alguns espaços verdes originalmente planejados.  Em 1957, o levantamento aerofotogramétrico do local indicava que a vila tinha somente cerca de duas dezenas de construções, concentradas na rua Vanda Bueno Coelho e, principalmente, no início da Manoel Antonio de Almeida, embora esta ainda não estivesse totalmente aberta. 
 
Ao longo das duas décadas seguintes, embalada pela concentração industrial nas cercanias,  a vila cresceria bastante em todas as  suas vias, em especial nas áreas mais altas onde se estabeleceram significativo número de edificações, boa parte delas moradias precárias. Em 1973 o cadastro de favelas da prefeitura  indicava um total de 700 barracos nessas áreas (4),então o maior núcleo da cidade,  batizado como Jesus de Nazareth.  Nesse período, a  pavimentação e a rede de água e esgoto começavam a chegar  às ruas da vila, inicialmente nas  zonas mais baixas. Pouco depois, ainda nos anos 70, surgiram as primeiras escolas, quase encostadas uma na outra: a EEPG da Vila São José, de madeira, na Rua Augusto Bulle e a EMEI Euclides da Cunha, na Rua José Fiuza da Rocha.    Pequenos estabelecimentos industriais e o comércio local (mercearia, bares, açougue, avícola, quitanda)  começavam a despontar,   especialmente  nas ruas Augusto Bulle e Vanda Bueno Coelho (5).  Posteriormente o setor comercial se incrementaria, acompanhando a expansão da infra-estrutura urbana em todas as áreas da vila e a progressiva transformação dos antigos barracos de madeira em edificações de alvenaria.
 
Na imagem vemos uma tomada aérea da Vila São José em 1988. Foto: Mário K. Ishimoto.
 
 
NOTAS:
1. Lista de eleitores da Freguesia de São Bernardo 1873-5. Arquivo Municipal Washington Luiz- PMSP
2. Folha de São Bernardo 26-09-1979; Impostos de Indústria e Profissões de São Bernardo, 1910-11- Museu de Santo André
3. Médici, Ademir. in Diário do Grande ABC, Coluna Memória, 25-01-2012, 25-01-2017.
4. Localização das Favelas do Município, 1973-4. PMSBC
5. Diário Oficial do Estado de São Paulo,26-09-1972, 23-11-1976,  13-01-1979, 16-06-1979. 06-09-1979.

 

 

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