Biblioteca Pública - Lugar de Conhecimentos   Arqueologia I

Arqueólogo: um cientista (re)contador de histórias.  

Desde a Pré-História, o homem tem deixado marcas por onde passa. E só sabemos disso, pois há pesquisadores que se esforçam para explorar, estudar e divulgar todo o conhecimento sobre a evolução humana, cada qual em sua área e especialidade. E não estamos falando somente da roda, da escrita e de outras invenções que contribuíram significativamente para o desenvolvimento do ser humano. Talvez você nunca tenha parado para pensar, mas você, seus familiares, seus amigos, todos têm deixado vestígios neste mundo, seja na forma, por exemplo, de fotografias e textos em uma rede social até por meio de invenções revolucionárias ou mesmo sobre como tratamos nosso lixo. Ainda hoje a preservação dos sambaquis brasileiros ainda é muito precária por serem vistos como amontoados de lixo pela população, que sem informação de qualidade, não os reconhece como cultura material de um povo.

https://tvbrasil.ebc.com.br/expedicoes/conteudo/a-pre-historia-no-brasil-e-os-sambaquis

https://www.nexojornal.com.br/expresso/2018/09/08/O-que-são-sambaquis.-E-a-descoberta-de-um-esqueleto-em-SC

Dentre as ciências que tratam da origem e da evolução humana (analisando as transformações e adaptações morfológicas, comportamentais e sociais ao longo do tempo) estão a Biologia e a História. Porém, como estamos falando de marcas, de elementos materiais que o homem deixa em sua passagem pelo planeta, vamos conversar nessa semana sobre outra ciência: a Arqueologia.


Para começar, vamos citar dois exemplos que você talvez já tenha ouvido falar: Machu Picchu e Indiana Jones. Conhecida como a “cidade perdida dos Incas”, Machu Picchu foi construída no século XV, para abrigar o maior império da América pré-colombiana. Em 1911, suas ruínas foram descobertas em uma expedição do arqueólogo estadunidense Hiram Bingham.

https://escola.britannica.com.br/artigo/Machu-Picchu/481790

(Artigo eletrônico sobre Machu Picchu na plataforma Britannica Escola).

http://www.gutenberg.org/ebooks/10772 

(E-book Inca Land: explorations in the Highlands of Peru, de Hiram Bingham. Disponível em inglês pelo Project Gutenberg).

Indiana Jones é um personagem fictício de uma série de filmes homônima. Ele é um professor de Arqueologia que se aventura pelo mundo em busca de relíquias famosas. Trata-se de uma caricatura do arqueólogo, dado o caráter fantasioso da obra, transformando o profissional em um herói.

http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0009-67252013000200017 

(Artigo sobre Arqueologia e a representação do profissional pelo personagem Indiana Jones).

Veja também a série de filmes Indiana Jones, disponível em plataformas de vídeos streaming.

Mas, então, o que é Arqueologia? E de que maneira o arqueólogo pode ser um contador de histórias?

Arqueologia é uma ciência humana que, como já falamos, estuda o desenvolvimento do homem por meio dos vestígios materiais deixados ao longo da evolução no planeta. O arqueólogo precisa ir a campo em busca do objeto de sua pesquisa, por meio de escavação e, depois, com acervo extraído, tratado e classificado, ele pode analisar o material descoberto e juntar os pedaços da história relacionados a cada item encontrado debaixo da terra. Então, depois de montar esse quebra-cabeça (com peças faltantes, em boa parte) de vestígios humanos, com a ajuda de outras ciências como a História e a Antropologia, é que o arqueólogo consegue recontar a história da comunidade que viveu ali, em seu contexto temporal e social. 

http://www.arqueologia-iab.com.br/page/arqueologia

(Instituto de Arqueologia Brasileira)

https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142018000300285&lang=pt 

(Artigo sobre a interdisciplinaridade da Arqueologia)

http://portal.iphan.gov.br/dicionarioPatrimonioCultural/detalhes/63/arqueologia-historica 

(IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional)

A descoberta de Hiram Bingham proporcionou um novo  capítulo na história da civilização Inca e, consequentemente, na do homem nas Américas. E as aventuras de Indiana Jones, ainda que na ficção, retratam a emoção do arqueólogo em relação às suas descobertas. Adentrando um pouco mais no personagem de Indiana Jones, vimos que ele representa o trabalho arqueológico de forma caricatural, muitas vezes dizendo mais sobre a cultua estadunidense, que o assemelha a um rambo,
que um pesquisador. Mas é interessante notar que neste mesmo período, as teorias sobre a ciência arqueológica passam por uma profunda revisão crítica, em que os pesquusadores estadunidenses exercem profunda influência, exatamente por propor uma arqueologia completamente diferente daquela que aparece no filme, a Arqueologia Processual, que mais, do que escavar e classificar, é buscar compreender processos culturais estruturais, a “Nova Arqueologia”.

Aqui um link que fala um pouco sobre a história da Arqueologia e suas escolas:

http://www.revistas.usp.br/revusp/article/view/29852/31738

Nesse sentido, mesmo que buscando o cinema de entretenimento, não poderíamos ter no filme uma crítica à arqueologia anterior a este período? Formular perguntas é sempre um bom passatempo investigativo. De quebra, no último filme da série, o personagem indica aos seus alunos a leitura de um dos mais conhecidos arqueólogos, o australiano Gordon Childe. Dentre os feitos de Gordon Childe, estão as escavações no sítio Neolítico de Skara Brae, na Escócia e a publicação de livros que popularizaram a Arqueologia, como a obra A evolução cultural do homem, disponível no acervo da Rede de Bibliotecas Públicas de São Bernardo do Campo.

https://www.britannica.com/biography/V-Gordon-Childe     

(Verbete em inglês na Encyclopaedia Britannica)

Outra obra que também pode ser encontrada nas bibliotecas municipais é Deuses, túmulos e sábios: o romance da Arqueologia, de C. W. Ceram. É uma introdução aos estudos da Arqueologia. Contar história é uma arte. Recontar a partir de vestígios é uma ciência, que o arqueólogo coloca em prática com arte e propriedade, pois o trabalho científico é fruto de muitos anos de estudo, empenho e sacrifício, e sua correta divulgação é merecida e necessária. 

No próximo post falaremos sobre arqueologia e música. Como a arqueologia, que se debruça sobre a cultura material pode contribuir com uma das mais abstratas artes que possuímos?

 

 

 

 

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