Estamos acostumados a ver as ruínas dos templos as esculturas dos egípcios, gregos, indianos e outros povos, sem cores e muitas vezes faltando braços e, muitas vezes, não nos questionamos se esses povos não usavam cores na arquitetura ou nas esculturas. Mesmo quando vemos imagens contemporâneas da Grécia, já estamos acostumados a ver as casas branquinhas como os templos da antiguidade. Mas será que era assim? Por que muitas vezes é importante mantermos os vestígios da ação do tempo sobre os artefatos? E na música, como seriam as sonoridades, melodias e os instrumentos musicais das civilizações anteriores ao Renascimento Ocidental? Hoje vamos divulgar um pouco sobre como a arqueologia nos auxilia a recompor uma parte da história dessa arte.Biblioteca Pública - Lugar de Conhecimentos - Arqueologia e Música

A arqueologia é uma ciência que se relaciona transversalmente com outros campos do conhecimento; é o caso da arqueologia da música. Musicologia e arqueologia juntas nos trazem uma investigação das origens dos sons, dos ritmos e dos cantos. Artefatos musicais encontrados em escavações arqueológicas podem nos transportar para um período abissal da música e facilitar a reprodução das origens das cenas e dos sons musicais do mundo antigo.

A primeira tentativa institucional de juntar as duas disciplinas distintas de Musicologia e Arqueologia teve lugar na conferência da Sociedade Internacional de Musicologia em Berkeley, em 1977. Uma das mesas redondas foi designada "Music e Archeology", para a qual foram convidados especialistas para discutir os musicais restos de culturas antigas - Bathia Bayer (Israel), Charles Boilès (México), Ellen Hickmann (Egito), David Liang (China), Casja Lund (Escandinávia). O principal estímulo para isso foi a sensacional descoberta de um antigo sistema musical mesopotâmico por Anne D. Kilmer, assiriologista em Berkeley. Esse foi o ponto inicial do Grupo de Estudos ICTM de Música e Arqueologia, fundado oficialmente no âmbito do Conselho Internacional de Música Tradicional (ICTM) em Seul / Coréia em 1981, e reconhecida pelo ICTM em Nova York em 1983 após a sua primeira reunião da pesquisa música arqueológica atual Cambridge / Reino Unido em 1982.

Um dos campos de estudo da arqueologia da música é a chamada música da antiguidade, que se refere aos vários sistemas musicais que foram desenvolvidos em diversas regiões geográficas, como a Mesopotâmia, Índia, Pérsia, Egito, China, Grécia e Roma, no momento em que a música assumiu um papel central no cotidiano dessas localidades. Muitos historiadores apontam a música na antiguidade impregnada de sentido ritualístico e como instrumento mais utilizado a voz, pois por meio dela se dava a comunicação; e nessa época o sentido da música era esse, comunicar-se com os deuses e com o povo. 

No Brasil, a música pré-colonial demonstra a diversidade cultural dos povos que aqui viviam. Não dá para apontar “uma música indígena”, mas diversas e com variadas raízes calcadas na diáspora dos diversos povos ameríndios. Associada ao universo transcendente e mágico, a música para a maioria dos povos indígenas brasileiros é utilizada em rituais religiosos, socialização, ligação com ancestrais, magia e cura. Está presente em festas comemorativas, sazonais, guerreiras, ritos de passagem e congraçamento entre as tribos. 

 

Julian Cope

O cantor e compositor galês Julian Cope liderou o The Teardrop Explodes, na primeira metade da década de 1980, e logo após saiu em carreira solo. Mas o que tem a ver o roqueiro do País de Gales com arqueologia? Desde a adolescência, Cope sempre teve interesses variados que vão para além da música, entre eles os deuses pagãos, o xamanismo, os monumentos megalíticos (construções monumentais com base em grandes blocos de pedras rude). Julian autofinanciou suas andanças pela Grã-Bretanha e pelo restante da Europa, e transformou-se em uma das autoridades (mesmo sem formação acadêmica) nos estudos dos sítios megalíticos europeus (lembra das pedras do Stonehenge na Escócia?). 

Em 1998, ele publicou o livro The Modern Antiquarian (não traduzido para o português brasileiro), um exaustivo guia codificado por cores dos locais antigos da Grã-Bretanha, completo com mapas, fotografias e ilustrações rabiscadas, que venderam mais de 30.000 cópias e foram adaptadas para um documentário da BBC. Em seu último livro, The Megalithic European (2004), Cope aumentou a abrangência dos estudos, explorando as maravilhas pré-históricas da Europa, desde os círculos sagrados em Sligo Bay, na Irlanda, até os barcos de pedra da Escandinávia. A propósito, Julian Cope não largou a música e continua compondo e cantando. Ele acabou de lançar o álbum Self Civil War, por seu selo próprio (o Head Heritage), no qual os temas da antiguidade, o misticismo, a psicodelia, a poética e a curiosidade científica desse inspirado artista galês estão presentes.

 

https://bit.ly/2W8dldA

https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/rap/article/view/8640959/13341

https://www.scielo.br/pdf/his/v26n1/a00v26n1.pdf

https://www.academia.edu/download/41697545/artigo_opus.pdf

https://www.independent.co.uk/arts-entertainment/books/reviews/the-megalithic-european-by-julian-cope-755003.html

https://altamont.pt/julian-cope-self-civil-war-2020/

https://www.youtube.com/watch?v=r5R6XsLE1f0

https://www.youtube.com/watch?v=tJShToZSA1w

https://www.youtube.com/watch?v=MDae_zeMs-A&t=62s

https://www.youtube.com/watch?v=in6FV7PArAw

https://www.youtube.com/watch?v=uRIRaU0zSIo

 

 

 

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