Existentes em território paulista desde pelo menos o séc. XVII, ainda que de modo informal, as feiras-livres foram oficializadas na capital do estado nos anos de 1914-5, período em que foram criadas sete feiras em diferentes locais, num esforço do poder público para garantir o abastecimento alimentar da população em uma época de crescente demanda. No antigo município de São Bernardo, que englobava o ABC paulista, elas foram criadas oficialmente por uma resolução em 1924, tendo sido realizadas primeiramente em Santo André (Rua General Glicério) no ano de 1925 (1). A lei ordinária 301 de 1929, que visava regulamentá-las, previa feiras em todos os distritos do antigo município, em locais a serem definidos pela prefeitura. Contudo, ao que parece, na área da atual São Bernardo, elas demorariam a começar: conforme testemunho da antiga moradora da Marechal, Assunta Ritucci, dado ao Centro de Memória em 1991, a primeira feira teria surgido por volta do início dos anos 1940 na Rua Rio Branco. Outra moradora, Tereza Rocco Gerbelli, afirmou em depoimento dado em 1986 que a antiga feira do Centro,  realizada aos sábados, englobava por volta de 1947, além da Rio Branco, a Rua Padre Lustosa e parte da Marechal. Em junho de 1956, um documento da Câmara Municipal mencionava a Rua Padre Lustosa como local da feira (2). Entre os feirantes estavam agricultores locais, como os Capitânio, que vendiam produtos de suas terras situadas no Bairro dos Casa.


Separado do restante do ABC em 1945, São Bernardo viu nas décadas seguintes outras feiras surgirem devido ao desenvolvimento urbano dos bairros e ao aumento das necessidades de abastecimento proporcionado pelo enorme contingente populacional que emigrava para a cidade. Em 1957 já eram realizadas nove feiras-livres no município, situadas nos seguintes locais: Rudge Ramos (Avenida São João Baptista e Rua Helena Jacquey), Baeta Neves (Rua Giacinto Tognato), Vila Mussolini, Vila Euclides (Avenida Senador Flaquer), Paulicéia, Riacho Grande, Piraporinha, Nova Petropólis (Avenida Paulo Afonso - logo mudada para Alameda Tereza Cristina) e  no centro (cuja feira havia sido transferida para as ruas Frei Gaspar e José Bonifácio, muito provavelmente devido à inauguração do mercado municipal na Rua Padre Lustosa  em outubro de 1956) (3).   Doze anos depois, em 1969, o número de feiras subiu para 26: além dos bairros supracitados, já havia feiras também no Bairro Assunção (Rua Jaborandi), Planalto (Rua Etran), Santa Terezinha (Rua Tiradentes), Taboão (Rua Paraná), Ferrazópolis (Rua Minas Gerais), Jordanópolis (Rua Pindorama), Jardim Holywood, Vila Duzzi, Jardim Colonial, Alvinópolis, Vila Gonçalves, Vila Vivaldi, Jardim Três Marias, Jardim Lavínia, Jardim Beatriz, Vila Marlene, além de mais uma no Baeta Neves, na Rua Cubatão (4). No ano seguinte, o comércio feirante seria enquadrado dentro de nova regulamentação municipal, a qual definiu limites e padrões para o tamanho das bancas, produtos permitidos e disposição destes na feira (5). Já nessa época era possível encontrar nas feiras não só produtos alimentícios, mas também artigos de armarinhos, roupas e calçados populares, material de limpeza e outros artigos de uso doméstico. 


Apesar da proliferação nas últimas décadas de fortes concorrentes como supermercados e sacolões, o crescimento das feiras continuou acompanhando o desenvolvimento da cidade. Atualmente São Bernardo conta com 47 delas, o que demostra que elas ainda mantém importância significativa no abastecimento da população.


Imagens: acima, feira-livre no Largo São João Baptista, Rudge Ramos, na década de 1950 (original da família Nage);  embaixo, feira na  Rua Santos Dumont, Centro, em 2007, local para onde foi transferida em 1977 a antiga feira que se realizava nas ruas José Bonifácio e Frei Gaspar.

Notas:

(1). Médici, Ademir. E surge a primeira feira. Diário do Grande ABC, Coluna Memória, 24-01-1988.
(2) Portaria n.22, 07-06-1956. Câmara Municipal de São Bernardo do Campo.
(3) Decreto 134, 16-01-1957. PMSBC.
(4) Decreto 2090, 1969. PMSBC.
(5) Decreto 2257, 1970. PMSBC.


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