Área que compreende o eixo hoje formado pelas ruas André Ritucci, Gastão Vidigal e cercanias, as terras da Vila Santa Terezinha eram antes do loteamento propriedade do casal Stefan Chabo e Madalena Richter. Elas faziam parte do lote 20 da linha colonial São Bernardo Novo, no qual se instalara em 1877 o austríaco Wenceslau Richter, ferreiro, pai de Madalena. Chabo, que chegara ao Brasil em 1900, oriundo da Hungria, pelo menos desde 1923 já estava em São Bernardo (1), onde se casou com Madalena. Herdaria com esta a propriedade ainda no fim da década de 1920, quando faleceu seu sogro. Ali a família, entre outras atividades, abriu em 1937 uma empresa de manufaturas de conserva de repolhos em barris, com sede na Rua Tiradentes, 57 (equivalente ao atual 321) (2), onde também situava-se sua residência (3).   Pouco tempo depois, a família planejou um loteamento em suas terras, batizado de Vila Santo Stefan, com 101 lotes urbanos, mas não seguiu adiante com o projeto, preferindo vendê-lo a Davino Renato de Oliveira, empreendedor imobiliário, que posteriormente seria vereador em São Paulo (1960-63). Stefan faleceria pouco tempo depois, em 1948, aos 66 anos.  Em 1946, Davino mandou iniciar a venda de terrenos do loteamento, que foi rebatizado como Vila Santa Terezinha e também mais recortado, com 157 lotes. A forte declividade da área, contudo, trouxe problemas à urbanização local, demandando obras de nivelamento, executadas com o auxílio da prefeitura, em 1952.  Outro problema era o córrego Santa Terezinha (hoje canalizado, sob a Avenida Prestes Maia), que cortava a rua André Ritucci em dois lados:  quando chovia muito era impossível a passagem de transeuntes, apesar da ponte de madeira que havia no local, conforme relatou ao Centro de Memória de São Bernardo uma antiga moradora da Vila (4).  

No período de abertura do loteamento foi também construída a capela em homenagem à Santa que dá nome à vila, sob a coordenação de José Soares de Oliveira, contratado de Davino, que vendia os lotes in loco. A ermida ficava no mesmo local onde em 1967-68 seria edificada a atual igreja (5). Em 1957 a vila ganhou seu grupo escolar, que foi ampliado em 1960 (hoje EMEB Aldino Pinotti). Apesar das dificuldades, o loteamento teve um rápido crescimento nos primeiros anos – em 1957, a grande maioria dos lotes estavam ocupados, já consolidando o local como uma vila residencial voltada aos trabalhadores da indústria da cidade.  Os pontos comerciais mais próximos quase todos concentravam-se na Rua Tiradentes, no limite sul da Vila, como o açougue de Antonio Quelhas (que depois mudou para a Marechal), a padaria de Vasco Puglia, os bares do Perin e do Chato (família Rossi). Essa situação perdurou até a década de 1970, quando a Avenida Prestes Maia, inaugurada em 1969, se definiu como uma via predominantemente comercial. Nessa época surgiriam também mais pontos na área perto da igreja, como por exemplo bares e mercearia na Rua André Ritucci. 

Primeira vila de suas redondezas, Santa Terezinha se tornou o nome de todo o bairro, muito mais extenso, depois que nos anos subsequentes áreas próximas se urbanizaram, tornando indistintos os limites da vila para com os loteamentos vizinhos.

Nas imagens vemos acima à esquerda Stefan Chabo; à direita, a igreja Santa Terezinha no ano 2000 e embaixo o antigo Grupo Escolar Santa Terezinha (atual EMEB Aldino Pinotti), na Rua Antonio Simionato, em foto de 1967.

NOTAS:
(1) Diário oficial do Estado de SP. 16-02-1923.
(2) Diário Oficial do Estado de SP. 02-06-1937.
(3) Cartões de imigração, 1944. Arquivo do Estado de SP.
(4) Depoimento de Paulina Schumacher-Stein, gravado em 2014.
(5) Médici, Ademir. Semente do Grande ABC: 200 anos (1812-2012). 2012.

Pesquisa e acervo: Centro de Memória de São Bernardo

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