Foto: Acervo Mémoria

          No início do século XX, as principais formas de lazer praticadas pela população de São Bernardo eram as festas promovidas pela Igreja Matriz de Nossa Senhora da Boa Viagem, e os bailes, realizados em salões, como o pertencente à sociedade de mútuo-socorro italiana, ou em residências de vizinhos e familiares. Na década de 1910 chegaram também o futebol – o primeiro clube surgiu em 1917 – e o cinema. Este último divertimento ganhou seu primeiro espaço fixo na cidade em 1911, com a abertura do “Cinema Paulista”, pertencente ao alemão Carlos Prügner e ao italiano José D’ Angelo. Situado em um salão, na esquina da Rua Dr. Fláquer com a Marechal Deodoro – onde hoje está o Edifício Wallace Simonsen –, esse estabelecimento funcionou regularmente por pelo menos nove meses. Na década de 1920 surgiram o “Cinema Central” – conhecido na memória popular como “Cine do Barbudo” –, que pertencia ao napolitano Luigi Aurilio e se localizava na altura do atual número 1301 da Rua Marechal Deodoro; e o Cine Enrico Caruso, posteriormente denominado Cine São Bernardo. Este último foi o mais duradouro espaço de exibição cinematográfica que existiu na cidade, tendo funcionado entre 1920 e 1994. O fundador do Cine São Bernardo foi José Pasin, membro de uma família de sapateiros italianos que se radicaram na região central da cidade em 1888, vivendo inicialmente no lote nº 114 da sede do Núcleo Colonial São Bernardo, na atual Rua Dr. Fláquer. Oficialmente inaugurado apenas no final de 1921, com capacidade para receber 280 espectadores sentados, o Cine Enrico Caruso chegou funcionar ao lado da sapataria de seu proprietário, José Pasin, na Rua Marechal Deodoro. Entre o final da década de 1920 e o início dos anos 30, este cinema passou por reformas, ampliações, períodos de inatividade e mudanças de gestão, sendo reinaugurado em 1932, finalmente com o nome de Cine São Bernardo. Em 1935 o espaço foi adquirido por Francisco Miele, industrial do setor moveleiro e genro de José Pasin, que o reformou em 1935 e o reconstruiu em 1952, para que pudesse concorrer com o gigantesco Cine Anchieta, surgido em 1949. Nessa época, o Cine São Bernardo passou a oferecer assento a 1100 espectadores e a ostentar sua fachada definitiva, que ainda hoje pode ser contemplada no edifício sediado no número 1237 da Rua Marechal Deodoro, que é tombado pelo Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Cultural de São Bernardo do Campo (COMPAHC-SBC). Entre as décadas de 20 e 50, as salas de cinema de rua de São Bernardo do Campo cresceram em sofisticação e popularidade, afirmando-se como centros socioculturais que abrigavam, além das exibições cinematográficas, espetáculos musicais e teatrais, bailes, eventos políticos e até formaturas escolares. A partir dos anos 60, devido a diversos fatores, como, por exemplo, a popularização de outras formas de lazer (sobretudo a televisão, mas também passeios e viagens automobilísticas), a importância dos cinemas de rua no cotidiano da cidade foi diminuindo progressivamente, até a extinção do último espaço exibidor, que foi justamente o Cine São Bernardo, em 1994. Imagem: A fotografia produzida pela PMSBC retrata o Cine São Bernardo em fevereiro de 1967, momento em que a sala exibia o filme italiano “Desafio de Gigantes” (lançado em 1965). Nas proximidades do prédio que abrigou o cinema aparecem a famosa farmácia “Ismael Central” – então sediada em um antigo sobrado – e a loja Garbo, que ficava no pavimento térreo do edifício onde funcionara o Bar; Café Expresso, o qual se tornara célebre na história do município, por ter sido o local onde, na década de 40, Wallace Simonsen e Bortolo Basso travaram amizade e deram origem ao movimento pela emancipação do município.
 

Pesquisa e Acervo: Centro de Memória de São Bernardo do Campo.

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