Aberta há quase um século, a Av. Getúlio Vargas foi a primeira via do Baeta Neves a ter uma construção em suas margens: um sobrado junto à esquina com a Av. Pereira Barreto, edificado por volta de 1928, onde moravam João Versolato e sua família. No local também eram vendidos os terrenos do loteamento da Vila Baeta e ainda funcionava um bar (1). João era o administrador da fazenda do loteador da Vila, o Dr. Luiz Felipe Baeta Neves, propriedade que se situava ali perto, englobando a área onde hoje está o Shopping Metrópole e adjacências.

Originalmente a Av. Getúlio Vargas foi chamada de Avenida Um, nome que persistiu até por volta de 1950, quando passou a se chamar Av. Dr Amâncio de Carvalho (hoje nome de uma via vizinha), em referência a um conhecido médico legista baiano (2). Essa nova denominação duraria porém somente até setembro de 1954 (3), quando a avenida foi rebatizada com a alcunha atual, em meio à comoção gerada pela morte do então presidente Vargas, que tinha dado fim à própria vida dias antes.

Em 1941, pouco mais de uma década depois da abertura da avenida, 39 dos 283 lotes que a margeavam haviam sido vendidos pela construtora Companhia Paulista, que administrava o loteamento. 17 compradores já haviam construído casas ali: além do pioneiro Versolato, havia também as casas de José Rusig, Guerino Zanotto, Arthur Quintin, Eugenio Boin, João Zanon, Henrique Zanon, Frederico Corazza, Claudio Pinchiari, João Rusig, Luiz Zanolla, Sra. Matilde, Jácomo Marchioni, Maria Bellucci, Domingos Boin, Salvador T. Bastos, Francisco Máximo e Nicola Riotto (4). Boa parte dessas famílias pioneiras, como os Versolatto, Boin, Zanon e Marchioni, haviam vindo do interior paulista (região de Rio Claro/Batatais) e alguns tinham trabalhado nas propriedades rurais do Dr. Baeta Neves, no interior ou em São Bernardo. Vários possuíam laços familiares entre si: Jácomo Marchioni, por exemplo, era casado com a irmã de João Versolato, Luiza Versolato e tiveram uma filha (Maria Santina) que se casou com Vitório Zanon, filho de João Zanon (5). Nos anos 60, Marchioni, João Versolato, José Rusig, Domingos Boin e João Zanon (6) foram homenageados na denominação de ruas do bairro, em função do pioneirismo que tiveram em seu povoamento.

As casas dessa primeira leva de moradores se situavam nas quadras iniciais da avenida, até a altura do atual n° 593, perto da esquina com a R. Dr. Baeta Neves, onde havia a residência de Salvador Bastos. A área posterior começaria a ser ocupada somente nos anos 40, tendo seu povoamento se intensificado na década seguinte, quando o local cresceu por todos os lados. Em 1960-1, como a rua já pavimentada , havia mais de 150 lotes ocupados com construções em toda sua extensão e em 1980, cerca de 260 lotes.
Paralelamente ao povoamento da via também aumentou o número de estabelecimentos de comércio e serviços em seu trajeto, especialmente nas quadras próximas ao cruzamento com a Avenida Giacinto Tognato, um dos pontos de maior circulação do bairro. Nas décadas mais recentes esse processo continuaria em ritmo mais acelerado, com muitos antigos terrenos que abrigavam imóveis residenciais transformando-se em pontos comerciais dos mais diversos setores, a ponto da avenida atualmente ter se tornado predominante comercial.

 

Nas imagens: acima o sobrado da Família Versolato, na esquina da Av. Getúlio Vargas com a Av. Pereira Barreto, em 1932. Abaixo a Av. Getúlio Vargas, na quadra entre o entroncamento com a Rua Limeira e a esquina com a R. Doutor Baeta Neves, ano de 1986.

 

 


Notas:


(1) - Folha de São Bernardo, 29-09-1979
(2) - Decreto PMSBC 41/54
(3) - Lei PMSBC 307/54
(4) - Lançamentos do Imposto Territorial Urbano, PMSA-Lançadoria, 1941
(5) - Orsi, I. Famílias Ilustres de S. Bernardo. 1991
(6) - Lei PMSBC 997/61 e Decreto PMSBC 689/63


 

 

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