A história do  Bairro Assunção tem sua mais remota  origem  na instalação da fazenda dos monges beneditinos na região do atual município de São Bernardo do Campo, ocorrida em 1717.  Em 1753, esta propriedade foi dividida em duas unidades,  sendo a maior delas possuidora de área total de  68 km² e  denominada Fazenda Jurubatuba. Ocupando toda a área do  Bairro Assunção, quase todo o Bairro Planalto, grande parte do Bairro Demarchi, e ainda  porções consideráveis do Bairro dos Casa e do Centro, a Fazenda Jurubatuba chegou a possuir 30 escravos – de origem africana,  produzindo arroz, feijão, milho e mandioca em quantidades apreciáveis (1) (2).  

Em 1877,  a Fazenda Jurubatuba foi adquirida pelo governo imperial brasileiro e dividida em lotes destinados à exploração agrícola de imigrantes e integrada ao Núcleo Colonial São Bernardo, sob a denominação de Linha Jurubatuba.  Com cerca de 15 hectares de área média, os 79 lotes da linha foram ocupados quase que exclusivamente por italianos. Entre estas propriedades, as 20 unidades que  ocuparam a área onde hoje se localiza o Bairro Assunção pertenciam, em 1897, às famílias Genari, Vicentainer, Angioletti,   Médici, Pancelii, Caio, Bianchini, Bassani, Cestari, Barbato, Breda, Pessotti, Bonísio, Vertamatti, Paggi, Dell’Antônia, Ortolani, Storti, Pedó,  Hembel, Boralli,  Boff,  Dall’Molin, Reche e Zaia (3).

Ainda que a estrutura básica deste loteamento rural tenha permanecido até a década de 1950 - sendo ainda visível nas imagens geradas pelo primeiro levantamento aerofotogramétrico da cidade (1957) -  subdivisões em vários lotes aconteceram desde a década de 1890, evidenciando o crescimento vegetativo da população original e a chegada de novas famílias. Em seu livro dedicado à localidade, denominado “As colônias do Bairro Assunção”, o  memorialista Mario Stangorlini indicou o nome de várias outras famílias tradicionais do bairro, como Dellabarba, Secol , Marson, Scopel, Casa, Boff, Picolli, Sacilotto, Bambach e Rocco (4).

A era quase que exclusivamente rural do bairro durou  aproximadamente até o fim da década  de 1940. Suas  famílias camponesas dedicavam-se  à uma produção agrícola destinada majoritariamente à subsistência,  que incluía  mandioca, batata, banana, pêra,  batata doce, pepino, abóbora, abobrinha, cebola, alface , almeirão, couve, couve-flor,  pimentão,cenoura, nabo, louro, feijão, milho e uva, entre outros. A produção pecuária baseava-se sobretudo em galinhas e porcos. A indústria extrativista fundada na produção e venda de carvão vegetal foi importantíssima  entre o final do século XIX e as primeiras décadas do século XX. O mesmo aconteceu com a produção de vinho, tradição que permaneceu em algumas famílias até décadas mais recentes.

A urbanização do Assunção teve início com  o  surgimento de sua primeira rua, a atual Cristiano Angeli, em 1944. Na época, já funcionavam nas redondezas alguns estabelecimentos comerciais como o botequim e Armazém de Ricardo Pessotti e o bar de João Sabatini.   A primeira extensão da rede elétrica chegou no mesmo momento (5).  Nesta rua, um devoto de Nossa Senhora do Assunção doou um terreno para construção  da igreja que se tornaria a sede da primeira paróquia do local. Surgiu assim,  em 1955, a Igreja de Nossa Senhora da Assunção, que dois anos depois,   acabaria emprestando sua  denominação ao bairro, através de decreto oficial da prefeitura (6).

Os primeiros loteamentos urbanos do bairro se desenvolveram durante a década de  1950, estando entre eles  as Vilas  Marchi, Euro, Luiz Casa e  Beatriz, além do  Jardi, Lavínea e da Cidade Miramar, todos já arruados e com grande quantidades de moradias construídas por volta de 1958 (7 ).  A mais importante via da região nos tempos anteriores à urbanização, a antiga estrada rural  dos Alvarenga, deu origem à avenida João Firmino, que já na década de 1970 concentrava o comércio e a prestação de serviços no bairro.

A ocupação e o surgimento de vários  loteamentos urbanos no bairro se devem à chegada das indústrias de grande porte no município, entre as décadas de 50 e 60. No Assunção se estabeleceram a Mercantil Suiisa (1954), Karman – Ghia(1960), Wheaton (1962), Scania (1962), todas ocupando vastas áreas. O crescimento demográfico via migração, decorrente do surgimento destas e de outras indústrias foi muito grande, de modo que, em 1970, o bairro já contava com mais de 12  mil habitantes – números equivalentes aos de uma pequena cidade. O Assunção atingiu 31 mil habitantes em 1980 e  44 mil em 1991, tendo apresentado uma  diminuição de população no censo de  2000, quando  apareceu com pouco menos de 42 mil moradores, mesma cifra do último censo, realizado em   2010.   

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Moradora da Rua Santa Rita em frente a uma casa na região. Década de 1950. Original: Natalina Dellabarba. Abaixo: Filhos de Kyoshi Morimoto em plantação de tomates da família, na região da atual Avenida João Firmino. Da esquerda para a direita: Mário, Aurora, Rosa, Kazu (sobrinho) e Jorge. 1948. Originais doados pela família Morimoto. A imigração japonesa no município, que se concentrou no atual Bairro Cooperativa,a partir da década de 1930,  também se fez presente,  de maneira significativa, no bairro vizinho, o Assunção.

 

Notas

(1)   - Cf. Jacobine, Rodolfo Scopel. A Freguesia de São Bernardo: aspectos socioeconômicos da região do ABC Paulista entre o tempo colonial tardio e a alvorada do Império. 2012. 69p. Artigo inédito, arquivado na Biblioteca Nacional e no Centro de Memória de S. B. C. p. 30.

(2)   – Cf.  Martins, José de Souza. A Escravidão em São Bernardo, na Colônia e no Império. São Bernardo do Campo: Pastoral do Negro - Quilombo regional do ABC  - CEDI- Centro Ecumênico de Documentação e Informação;  1988. p. 24 

(3)   - Cf. Livro de Matrícula dos Colonos – Núcleo Colonial de São Bernardo/Sede. Inspetoria Geral de Terras, Colonização, Imigração do Estado de São Paulo. ( 1877/1892). Acervo: Arquivo do Estado de São Paulo

(4)    –Cf.  Stangorlini, Mario. As Colônias do Bairro Assunção.São Bernardo do Campo: Bartira Gráfica & Editora,  1987. p.18

(5)   – Idem p. 92. O primeiro nome desta rua foi Rua das Palmeiras, em referência às árvores plantadas por toda sua extensão pelo morador Vicente Richter, que também foi responsável pela abertura da via. Cristiano Angeli era o devoto de Nossa Senhora do Assunção que doou o terreno para construção da igreja, motivo pelo qual foi homenageado com a nova denominação da rua.

(6)   –Cf. Médici, Ademir.São Bernardo do Campo 200 anos depois, a história da cidade contada por seus protagonistas.São Bernardo do Campo: PMSBC, 2012.p.168.

(7)   – Cf. Levantamento aerofotogramétrico da Região Metropolitana de São Paulo.1958. Geoportal Paulista.

 

 


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