A formação do Bairro Batistini se deu a partir de uma área  que integrou a chamada Linha Colonial Galvão Bueno, aberta em 1887. A linha era um dos setores rurais do Núcleo Colonial São Bernardo instalado pelo governo imperial brasileiro na então chamada Freguesia de São Bernardo, com a finalidade de receber imigrantes europeus interessados em se dedicar a atividades predominantemente agrícolas, através da exploração de pequenos lotes de terras. A denominação do bairro é uma referência aos Batistini, uma das primeiras famílias italianas a se instalarem no local e responsável pela construção de sua primeira capela, dedicada a Santo Antônio, também no ano de 1887. O prédio original da ermida resistiu até o início da década de 80 e situava-se ao lado do templo que atualmente  sedia a Paróquia Santo Antônio (1).   

Em 1897, segundo um censo realizado pelo governo estadual, nos 20 lotes  da Linha Galvão Bueno que se situavam no Bairro Batistini viviam 85 pessoas. Desse total, 26 indivíduos levavam o sobrenome Batistini, outros 19 eram da família Demarchi, e o restante se dividia entre membros das famílias Marcusi, Dal Molin, Morassi, Damo, Couto e  Fernandes.  Estas duas últimas eram as únicas formadas exclusivamente por brasileiros.   As demais eram famílias de origem italiana, abrigando um total de 42 italianos natos e  25  crianças  nascidas no Brasil ( 2).

Possuindo uma vegetação abundante, o lugar ficou caracterizado por muito tempo pela produção e comércio do carvão vegetal, além, é claro, da fabricação do vinho, típica atividade dos italianos e das primeiras gerações de seus descendentes aqui fixados.O mais antigo registro de atividade carvoeira no bairro remonta ao primeiro semestre de  1893, quando Agostino Batistini  e Gregório Morassi pagaram 10000 réis de impostos à Câmara Municipal, referentes ao direito de exercício da atividade durante aquele ano. Contudo, alguns poucos estabelecimentos comerciais já funcionavam na região nos últimos anos do século XIX, como os pertencentes a Giacomo Batistini e  Luiz Rizzardi (3) .  Na década de 1930, o comércio continuava muito escasso na área, contando a região, em 1931, com menos de cinco estabelecimentos, entre eles o armazém de secos e molhados de João Capassi (4).  

No início dos anos 70, o bairro tinha menos de 4 mil habitantes  e ainda  era classificado como rural pela administração pública municipal. Nesta época,  vários  loteamentos já haviam surgido no interior de seu território: Jardim da Represa, originalmente  pertencente à família de Carlos Faletti, datado de 1954, com 996 lotes,  seria efetivamente ocupado  muitos anos depois;  Parque Uiriçaba (1955);  Jardim Skaff (1958); Parque Los Angeles, surgido em 1959 com  300 lotes;  Real Park (1968). A ocupação efetiva destas áreas foi lenta e, por volta de 1980,  a população do bairro  atingia a cifra de apenas 6763 habitantes (5).

Cortando o bairro por quase toda sua extensão, a Estrada Galvão Bueno tem sido, tradicionalmente, a via mais importante do Batistini, atraindo para suas margens uma boa parte de seus estabelecimentos comerciais. Sendo praticamente uma continuação da Av. Maria Servidei Demarchi, já nos anos 60, a Estrada Galvão Bueno se integrou na famosa “Rota dos Restaurantes” ou “Rota do frango com Polenta”, através da inauguração do Restaurante Santo Antônio, fundado por Alexandre Batistini, que também era fabricante de vinho.

Na década de 1970 foi construída a Rodovia dos Imigrantes,  a qual  deixou marcas importantes  na geografia  e na economia da região, sendo, ao menos em parte, responsável pela atração de importantes indústrias para o local. No final da década, o Batistini contava com um respeitável  parque industrial,  que incluía empresas  como a Acrilex, a Alpina Equipamentos Industriais, Celanese, Lamar, Hurner, Abraçatec e a Máquinas Miotto, as quais empregaram centenas de trabalhadores e, em alguns casos,  encontra-se na região até hoje ( 6 ).

O perfil do bairro transformou-se, a reboque da industrialização e do intenso crescimento demográfico ocorrido em São Bernardo. Situado distante da região central da cidade, com uma  considerável parcela em zona de mananciais, o bairro acabava por atrair famílias mais pobres, sem condições financeiras de adquirir propriedades em áreas mais valorizadas. Surgiram, principalmente da década de 70 em diante, vários loteamentos irregulares, caracterizados por habitações precárias que chegaram a abrigar  uma  grande parcela  da população do bairro. Em 1989, por exemplo,  dos 13,4 mil habitantes do local, 6,4 mil ainda residiam em favelas (7). Na época, estas dificuldades  se refletiam no seus baixíssimos índices de pavimentação e também de cobertura da rede de água e esgoto (8).

Apesar disto, a presença de alguns equipamentos urbanos havia aumentado.  Em 1990,  as estatísticas municipais indicavam um grande crescimento da rede escolar, ocorrido  na década anterior. O Batistini  contava então com cinco escolas públicas de ensino fundamental, as quais  contemplavam 3187 alunos. Para crianças com até 6 anos, existiam  duas creches e uma escola, totalizando   604 atendidos (9). Neste momento, já havia também duas unidades básicas de saúde no bairro, sendo  que uma delas,  situada no Jardim da Represa,  existe até hoje.

Nas décadas seguintes a infra-estrutura urbana do Batistini se ampliou e  sua população  continuou crescendo, tendo  quintuplicado entre 1980 e 2010, atingindo um total de quase 28 mil habitantes. A última grande alteração no espaço geográfico da região ocorreu em 2010,  com a inauguração do trecho sul do Rodoanel  Mario Covas.

 

                                                 Imagem. A  capela de 1881  e a atual Igreja de Santo Antônio. Bairro Batistini.1978. 

                                          Acervo:Centro de Memória de São Bernardo do Campo, exceto quando indicada outra fonte.
 
Notas

 (1)   – Cf.  Médici, Ademir. São Bernardo, Seus Bairros, Sua Gente. PMSBC. 1981. p.67-70.
(2) – Cf. Livro de Matrícula dos Colonos – Núcleo Colonial de São Bernardo/Sede. Inspetoria Geral de Terras, Colonização, Imigração do Estado de São Paulo. (1877/1892). Acervo: Arquivo do Estado de São Paulo ;  Vertamatti, Rodolfo. Imigração em São Bernardo - Família Marson. Vol. 1. São Paulo: 2006. p. 83;
(3) – Cf. Câmara Municipal de São Bernardo. Livro do Imposto sobre Indústrias e Profissões.1893. p.6 e p.69.
(4) – Cf. Câmara Municipal de São Bernardo. Livro do Imposto de Indústria e Profissão.1931. p. 58. Acervo: Museu de Santo André Dr. Octaviano Armando Gaiarsa.
(5) – Cf. Prefeitura Municipal de São Bernardo do campo. Secretaria de Planejamento e Economia. Departamento de Estatística. População Sem Favela/População total segundo os Bairros. 1980.
(6) – CF. Barbosa, Newton Ataliba Madsen. Jornal Folha de São Bernardo. 09/12/1978. Suplemento Especial. p.10. e 12.
(7) -  Cf. Prefeitura Municipal de São Bernardo do campo. Secretaria de Planejamento e Economia. Departamento de Estatística. População Sem Favela/População total segundo os Bairros. 1989.
(8) – Cf. Prefeitura Municipal de São Bernardo do campo. Secretaria de Planejamento e Economia. Departamento de Estatística. Banco de Dados, Dados sobre o Bairro Batistini. 1990. p.19.
(9) – Cf. Prefeitura Municipal de São Bernardo do campo. Secretaria de Planejamento e Economia. Departamento de Estatística. Banco de Dados, Dados sobre o Bairro Batistini. 1990. p.17.

 

Pesquisa, texto e acervo: Centro de Memória de São Bernardo

Centro de Memória de São Bernardo

Alameda Glória, 197, Centro.

Telefone: 4125-5577.

E-mail: memoria.cultura@saobernardo.sp.gov.br

 

Saiba mais sobre sua história em São Bernardo do Campo.

Visite o Centro de Memória de São Bernardo do Campo.

 
Veja esta e outras histórias da cidade no portal da Cultura: