Maria Valéria de Rezende e o Coronelismo
Um dos elementos destacáveis do romance “Vasto Mundo”, de Maria Valeria Rezende, é o coronelismo. E o que foi o coronelismo? Como escreveu o intelectual, Chefe da Casa Civil de Juscelino Kubitschek e, finalmente, Ministro do STF entre 1960 e 1969, Victor Nunes Leal, na sua obra clássica “Coronel, Enxada e Voto”, o coronelismo é um sistema político, uma complexa rede de relações que vai desde o coronel até o Presidente da República, envolvendo compromissos recíprocos. A obra de Leal é uma das grandes interpretações de nossa identidade política. 
O coronel era a figura que mandava nos rincões do Brasil entre o final do século XIX e o início do século XX, mas que apresenta resquícios em alguns locais até os dias de hoje. Coronel, nesse caso, não é uma titulação militar, mas o proprietário rural, o poderoso local, o homem que mandava nas cidades do interior do Brasil e que mantinha uma relação de poder com os governos estadual e federal.
Como chefe do poder local, o coronel tinha grande controle sobre os empregos públicos e, também, na nomeação ou demissão das autoridades, na ênfase da repressão, assim como no aumento ou baixa de impostos, segundo a sua conveniência ou inconveniência, quando queria servir amigos ou prejudicar outros. Não foi à toa que Victor Nunes Leal foi um dos grandes defensores da descentralização de recursos e da organização democrática dos poderes locais.
A figura do coronel aparece como personagem em vários romances brasileiros, com destaque para São Bernardo, de Graciliano Ramos, Grande Sertão Veredas, de Guimarães Rosa, Gabriela, Cravo e Canela, de Jorge Amado e O Coronel e o Lobisomem, de Francisco Candido Carvalho.
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