Cena do filme O Pagador de Promessas. CRÉDITO FOTO:: Revista Veja

     Anualmente, produções brasileiras participam da seleção de filmes que concorrerão ao aclamado Festival de Cinema promovido pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas norte-americana, o Oscar – The Academy Awards.

Na maioria das edições do festival, os filmes brasileiros concorrem ao prêmio de Melhor Filme Estrangeiro, mas seus diretores, atores e demais profissionais também concorrem em diversas outras categorias.
Levaremos até você quais foram as produções brasileiras (co-produções com outros países) e seus
protagonistas indicados aos prêmios mais relevantes ao longo do tempo.
Dentre eles, alguns filmes que foram filmados em São Bernardo do Campo, já mencionados em postagens anteriores. 
Acompanhe conosco!

A história do Brasil no Oscar iniciou-se em 1945, quando a música Rio de Janeiro, uma composição de Ary Barroso, foi indicada como melhor canção original pelo musical Brasil, ironicamente uma produção americana, estrelada por atores latinos atuantes em Hollywood.

 

Quinze anos depois, o filme Orfeu Negro - baseado na peça Orfeu da Conceição, de Vinícius de Moraes - foi indicado e ganhou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.

 

Com música de Tom Jobim, filmado no Rio de Janeiro e todo falado em português, o filme foi considerado francês porque o diretor do filme, Marcel Camus, era francês, e quem recebe o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro é o diretor do filme. Sendo assim, Orfeu Negro, apesar de ser 99% brasileiro, deu o prêmio para a França. 

CRÉDITO FOTOS: www.adorocinema.com

Em 1963, o filme O Pagador de Promessas, dirigido por Anselmo Duarte (antigo ator e galã dos estúdios Atlântida e Vera Cruz), é o grande indicado brasileiro ao Oscar de filme estrangeiro, superando na sua indicação local nada mais nada menos que o filme Os Cafajestes, de Ruy Guerra, outro clássico do Cinema nacional. Vencedor da prestigiada Palma de Ouro do Festival de Cannes (premiação até então inédita para produções brasileiras), O Pagador de Promessas é uma adaptação de texto teatral homônimo de Dias Gomes, filmada na Bahia. O enredo baseia-se na promessa feita por um sertanejo após seu asno de estimação ter sido atingido por um raio. Para cumprir a graça desejada, Zé do Burro carrega nas costas uma imensa cruz de madeira até a igreja de Santa Bárbara. Elenco: Leonardo Villar, Glória Menezes, Dionísio Azevedo, Geraldo Del Rey, Antônio Pitanga e Othon Bastos. A maioria da equipe técnica na produção do filme era, como o próprio Anselmo Duarte e o diretor de fotografia Chick Fowle, remanescente da Cia. Cinematográfia Vera Cruz.

  

Cenas do filme O Pagador de Promessas. CRÉDITO FOTOS: www.adorocinema.com

Filme O Beijo da Mulher Aranha. Produção nacional filmada nos antigos estúdios da Cia. Cinematográfica Vera Cruz, o filme O Beijo da Mulher Aranha - de Hector Babenco - foi baseado no romance de Manuel Puig e reúne elenco internacional composto por Raul Júlia, William Hurt, Sônia Braga, José Lewgoy, Milton Gonçalves, entre outros. No ano de 1986, o filme foi indicado ao Oscar Awards na categoria de Melhor Filme (tornando-se o primeiro filme brasileiro e independente a conseguir tal feito), Melhor Diretor  (Babenco), Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Ator, em que Willian Hurt foi o vencedor por seu papel no filme.  Ele também recebeu a mesma premiação no Festival de Cannes e no Bafta inglês.

Cena do filme O Beijo da Mulher Aranha. CRÉDITO FOTO: Movieplayer.it

A trama leva o espectador a um país latino, onde um homossexual e um prisioneiro político dividem a mesma cela, estabelecendo uma relação emocional pouco esperada por ambos. Aclamado pela crítica, o filme é um dos pontos altos das carreiras de Hector Babenco e Sônia Braga, transformando-os em celebridades internacionais.

 Cena do filme O Beijo da Mulher Aranha. 

CRÉDITO FOTO: adorocinema.com

 

 

Cena do Filme O Quatrilho CRÉDITO FOTO: www.papodecinema.com.br

Em 1996, após 12 anos sem representantes, um filme brasileiro chega para a disputa da estatueta de Melhor Filme Estrangeiro no prestigiado Oscar americano.  Dirigido por Fábio Barreto, o longa-metragem O Quatrilho, baseado no livro homônimo de José Clemente Pozenato, foi a primeira produção totalmente nacional da retomada do cinema brasileiro a ser reconhecido no exterior. No início do século passado, mais precisamente em 1910, em uma comunidade rural no Rio Grande do Sul, dois casais de imigrantes italianos lutam pela sobrevivência e decidem dividir a mesma casa. Durante a trama, o tempo faz com que uma das esposas se interesse pelo marido da outra, iniciando um romance cheio de culpa e desejo, e provocando uma união necessária e constrangedora entre os traídos. No elenco as atrizes Glória Pires e Patrícia Pillar entregam atuações notáveis e dois jovens atores, Alexandre Paternost e Bruno Campos, se destacam como os protagonistas desta produção tecnicamente belíssima. 

       Cena do Filme O Quatrilho CRÉDITO FOTO: abril.com.br/acervo         Cena do Filme O Quatrilho CRÉDITO FOTO: acervo.folha.uol.com.br

Em 1998, novamente um membro do clã Barreto leva uma produção brasileira à competição pelo Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Baseado no livro homônimo de Fernando Gabeira - escrito em 1979 - o filme O Que é Isso, Companheiro?, dirigido por Bruno Barreto, conta a história do sequestro do embaixador americano Charles Burke Elbrick por um grupo de jovens militantes de esquerda, em 1969 (um dos fatos de maior impacto político acontecido durante a Ditadura Militar). 

  Cena do Filme O Que é Isso, Companheiro? CRÉDITO FOTO: www.adorocinema.com

O elenco traz o ator americano Alan Arkin no papel do embaixador, Pedro Cardoso como Fernando Gabeira e também Fernanda Torres, Luiz Fernando Guimarães, Cláudia Abreu, Nelson Dantas e as  participações especiais de Fernanda Montenegro, Milton Gonçalves e Othon Bastos. Além da indicação ao Oscar, O Que É Isso Companheiro? também foi indicado ao Urso de Ouro em Berlim, entre outros festivais.

 

Cena do Filme O Que é Isso, Companheiro?  CRÉDITO FOTOS: papodecinema.com.br

Em 1999, a odisseia do menino Josué em busca do seu pai surge como favorito para ganhar o tão esperado Oscar. Central do Brasil, filme dirigido por Walter Salles, apresentou um retrato franco do país na era pré-internet, evidenciando, através da relação de um garoto e uma professora aposentada, as desigualdades e injustiças, mas também a solidariedade e a esperança de uma população invisível. No elenco, a estreia de Vinicius de Oliveira como Josué e a formidável Fernanda Montenegro como Dora, trabalho que lhe conferiu uma indicação ao Oscar de melhor atriz, a primeira para uma atriz latino-americana. Central do Brasil não foi vencedor do Oscar (perdendo para o também maravilhoso A Vida é Bela, filme italiano de Roberto Benigni), mas recebeu inúmeras premiações em outros festivais importantes, como o Urso de Ouro em Berlim, e o de Melhor Filme em Língua Estrangeira no Bafta inglês e no Globo de Ouro americano. 

      Cenas do Filme Central do Brasil. CRÉDITO FOTOS: adorocinema.com

Cenas do Filme Cidade de Deus. CRÉDITO FOTO: https://acervo.oglobo.globo.com/

Cidade de Deus, filme brasileiro indicado ao Oscar Awards em 2004, é considerado um dos filmes brasileiros mais importantes já realizados, sendo sucesso de crítica e bilheteria no mundo inteiro. Produção com padrão técnico de primeiro nível, fotografia belíssima e cenas inesquecíveis de ação nas vielas da favela, contou com elenco de atores desconhecidos, mas extremamente afinados. A trama é contada em primeira pessoa por Buscapé, o protagonista-narrador que cresceu no ambiente violento da Cidade de Deus, comunidade da periferia do Rio de Janeiro, considerada a mais perigosa de se viver na década de 1980, quando se desenvolve a narrativa. Buscapé expõe as histórias trágicas de vários habitantes da comunidade, seguindo também os seus esforços para realizar seu sonho: ser fotógrafo. Até hoje é o único filme nacional a receber quatro indicações ao
prêmio principal nas categorias de Melhor Diretor (Fernando Meirelles), Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Edição e Melhor Fotografia.

Cenas do Filme Cidade de DeusCREDITO FOTOS: adorocinema.com

 

Diários de Motocicleta, na verdade, é uma produção multinacional e não foi concorrente ao Oscar Awards de Melhor Filme Estrangeiro, mas sim de Melhor Canção Original e de Roteiro Adaptado. Apesar disso, a direção do talentoso cineasta brasileiro Walter Salles - o mesmo de Central do Brasil - e a proximidade do tema da América Latina a um momento de união causado pelo Mercosul deu ao filme uma aura brasileira.

 

Cena do filme Diários de Motocicleta. CRÉDITO FOTO: adorocinema.com

Produzido pelo grande ator e produtor americano Robert Redford, e com um elenco internacional em que se destacam Gabriel Garcia Bernal e Rodrigo de La Serna, Diários de Motocicleta narra a expedição de Ernesto Che Guevara (bem antes de ser o icônico revolucionário) e seu amigo Alberto Granado no ano de 1952 por toda a América do Sul. Uma aventura inicialmente centrada em torno de hedonismo juvenil se transforma numa jornada continental em que Guevara e Granado testemunham, em primeira mão, as injustiças e pobreza do povo latino.

 

Cena do filme Diários de Motocicleta. CRÉDITO FOTO: adorocinema.com

 

Outras indicações igualmente importantes do Cinema Brasileiro na premiação do Oscar.

Documentários brasileiros ou coproduções brasileiras:

- Raoni (1979) - de Luiz Carlos Saldanha e Jean-Pierre Dutilleux
- Lixo Extraordinário (2011) - de João Jardim, Lucy Walker e Angus Aynsley
- O Sal da Terra (2015) - de Juliano Salgado e Win Wenders
- Democracia em Vertigem (2020) - de Petra Costa e Tiago Pavan

 

Curta metragem:

Uma História de Futebol (2001) - de Paulo Machline

 

Melhor Filme de Animação:
O Menino e o Mundo (2016) - de Alê Abreu.

 

 

 

Também devem ser mencionados os brasileiros que concorreram aos prêmios do Oscar Awards por produções não brasileiras, como o diretor de animação Carlos Saldanha (A Era do Gelo, Gone Nutty e o Touro Ferdinando), a diretora de arte Luciana Arrighi (Retorno a Howard´s End, Vestígios do Dia e Ana e o Rei), e os músicos Ary Barroso, (Brazil), Sergio Mendes e Carlinhos Brown (Rio).

 

Muito bem recebido e premiado nos festivais do mundo inteiro, o Cinema Brasileiro sempre é protagonista nos principais deles, como Cannes, Berlim, Veneza, Locarno, entre outros, pois tem sua própria linguagem e significado, independentes dos padrões hollywoodianos.

Credito da foto: Filme O Menino e o Mundo (foto: g1.globo.com)
credito da foto I: Filme Rio (foto: planocritico.com)
credito da foto II: Filme Democracia em Vertigem (foto: https://acervo.folha.com.br/index.do)
credito da foto III: Filme Lixo Extraordinário (foto: adorocinema.com)

Acompanhe nossas redes sociais

FACEBOOK: www.facebook.com/saobernardo.cultura

INSTAGRAM: www.instagram.com/cultura.saobernardo