A construção da estrada de ferro e  da estação de Santo André  reforçaram, por sinal,  a importância do velho caminho, por ser então a única ligação de São Bernardo com a  dita estação.   Em 1872, até uma procissão seria nele realizada, quando uma  imagem de Nossa Senhora das Mercês, após ser pintada em São Paulo, foi  trazida da Estação da Luz até a de Santo André, e depois levada em cortejo pelo caminho,  e em seguida pela Marechal  Deodoro até a antiga Igreja Matriz,  onde realizou-se uma grande festa, bancada pelo Padre Thomás Inocêncio Lustosa e pelo comerciante João José de Oliveira (4) .  
 
Com a instalação dos núcleos coloniais em São Bernardo, a partir de 1877, a relevância do caminho cresceria ainda mais, pois era comum os colonos  transportarem boa parcela de sua produção agrícola e  extrativa até a estação de Santo André, onde era enviada para a capital. Porém, o mau estado em que ele se encontrava era alvo de muitas reclamações. Em 1884, um artigo do influente jornal Correio Paulistano dizia que “é de evidente necessidade a conservação, em estado mais ou menos transitável, da estrada que liga esses dois pontos. Não é entretanto isso que acontece, segundo frequentes queixas que temos recebido e pedidos para que reclamemos com quem de direito no sentido de minorarem-se os inconvenientes actuais porquanto desde que chove durante algumas horas, torna-se impossível o trânsito naquela estrada para qualquer veiculo e muito dificultoso para os próprios pedestres” (5). 
 
Para solucionar este  problema, as autoridades, ao invés de reformarem o velho caminho, resolveram construir um novo, por volta de 1890. Se tratava justamente da via depois denominada Av. Pereira Barreto, com um trajeto mais curto e de topografia menos irregular que o seu antecessor. 
 
Com isso, o antigo Caminho do Pilar acabaria relegado a um segundo plano nos anos seguintes. Somente décadas depois,  quando espaços de seu entorno estavam sendo loteados, ele receberia melhorias. Na área de São Bernardo, seu trajeto ficaria inserido dentro do loteamento da Vila Baeta Neves, lançado no final da década de 1920, pelo médico Luiz Felipe Baeta Neves.  Este também instalaria na altura do cruzamento do caminho com a  Rua dos Americanos, a  Cerâmica São Bernardo, em terreno depois  adquirido  por Wallace Simonsen.
 
Por muito tempo designada genericamente nos mapas da Vila Baeta como “estrada velha”, a via só recebeu sua denominação atual em 1956, quando fora publicado o decreto homenageando  Thales dos Santos Freire, um  bancário falecido precocemente no início daquele ano (6).  Nesse tempo, a ocupação da rua concentrava-se na sua margem oriental, a única que havia sido  originalmente, em sua maior parte, dividida em lotes para fins residenciais. Os terrenos da  margem oposta, tomados por um acentuado declive até a altura da Av. Pereira Barreto, estavam ainda bastante desabitados. Tal  situação mudaria principalmente após o alargamento e pavimentação da via, completados na década de 60. Em meados dos anos 1970, aquele setor  já mostrava-se muito mais ocupado, estando ali instalados  a Baralt Comércio de Veículos e o Hospital Samcil (hoje Hospital Notre Dame) e também o Parque Infantil do Baeta Neves (local onde nos anos 1980 foi construído o  Supermercado Eldorado, atual Sonda).
 
A rua em abril de 1989, na altura da  ponte da divisa com Santo André, onde situava-se o Supermercado Eldorado (atualmente Sonda)
 
 
Notas
 
(1) Planta da estrada entre as cidades de Santos e São Paulo levantada por ordem do presidente da província Rafael Tobias de Aguiar,(..). Arquivo da Biblioteca Nacional
(2) Santos, W. Antecedentes Históricos do ABC Paulista. 1992. PMSBC.
(3) Passareli, S. H. F. Proteção da Identidade Ferroviária:memória e identidade do bairro Estação S. Bernardo. 2005. Tese de Doutorado - FAU-USP.
(4) Diário de São Paulo, 22-09-1871
(5) Correio Paulistano, 13-08-1884
(6) Lei PMSBC 453/1956; Diário Oficial do Estado de São Paulo, 16-03-1956
 
 

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