A partir da 2ª metade da década de 50, as demandas geradas pela expansão populacional acarretaram diversas mudanças no núcleo urbano original do bairro Rudge Ramos, ex-Meninos, estabelecido no entroncamento da Estrada do Vergueiro (atual Av. Senador Vergueiro) com a estrada velha de Santos (atual Av. Caminho do Mar), ainda no século XIX. No cerne dessas transformações, estava a substituição da antiga capela de São João Batista, erguida pelos irmãos Piagentini em 1891, principal ponto de referência local. Mesmo passando por uma ampliação em 1942, o templo já se mostrava insuficiente para atender à demanda do bairro e de seus arredores, que povoava-se com a expansão de loteamentos como os das vilas Vivaldi e Antonieta e do Parque Santo Antônio. Um texto publicado no jornal Folha de São Bernardo na época, dizia que as missas realizadas na antiga igreja pareciam “missa campal, porque a quase totalidade dos católicos fica concentrada no Largo São João Batista” (1). Diante de tal situação o Padre Fiorente Elena, após assumir a paróquia em janeiro de 1958, começou a planejar a substituição da velha ermida. Ainda naquele ano,acertaria com a prefeitura a permuta do antigo terreno por uma área maior, situada em frente, desapropriada especialmente para tal fim (2). Nesse espaço funcionava o Restaurante Recreio Rancho Grande, de Francisco Rovai, e havia um terreno pertencente a João José Monegaglia. Com a troca, a prefeitura aproveitaria para redesenhar o Largo São João Batista, desapropriando também outros imóveis do entorno (3), visando facilitar o crescente fluxo de veículos.

Além de buscar o apoio da prefeitura, o padre também teve auxílio do então deputado federal Lauro Gomes que ofereceu o anteprojeto da nova igreja. Assinado pelo arquiteto alemão Walt Christoph, o anteprojeto sofreu modificações durante a fase de execução, mas foram mantidas suas linhas e conceitos principais.

Em março de 1962, pouco depois da oficialização da permuta e da demolição da antiga ermida, a obra, sob a direção do engenheiro Rodolpho Wheigand, teve início, com o estaqueamento do terreno (4). Para custeá-la , a Paróquia promoveu quermesses beneficentes e organizou campanhas juntos aos fiéis, como uma que visava a doação de alumínio usado, com o dinheiro arrecadado por sua venda utilizado na compra de materiais (5). Além disso, também contou com ajuda do poder público e de indústrias vizinhas.

Mais imponente que sua despojada antecessora, o novo templo teria como características externas marcantes sua grandiosa cúpula, de inspiração renascentista, feita com 1400 telhas de alumínio, e seu amplo pórtico, sustentado por 26 colunas. Internamente destaca-se a força de sua iluminação natural, irradiada através de múltiplos vitrais, predominando tons alaranjados ou amarelados nas janelas mais elevadas e azulados ou esverdeados nas inferiores. Distribuídos pelo plano circular do templo, eles valorizam os diferentes padrões de luminosidade surgidos ao longo do dia, dando aspecto peculiar à sua ambientação interior.

A execução da obra foi lenta, devido a escassez de recursos.Somente no segundo semestre de 1965, a cúpula do templo começaria a ser erguida, apesar de missas se realizarem na frente do local, com o pórtico já edificado. Em agosto de 1967, a igreja estava coberta e em pleno uso (6), embora faltassem detalhes do acabamento e também outras partes da obra, algumas concluídas anos depois . A torre, por exemplo, só foi construída nos anos 80, com um desenho diferente do originalmente sugerido no anteprojeto,o qual previa também uma outra torre, no lado oposto, que não foi edificada.

 


Nas imagens, tomadas da Igreja São João Batista em 1968 e em 1971

 

 


Notas:
(1) Folha de São Bernardo, 13-05-1962
(2) Decretos PMSBC 214/58 e 236/59
(3) Idem 259/60 e 438/61
(4) Folha de São Bernardo, 11-03-1962
(5) idem , 31-10-1965
(6) Folha de São Bernardo, 20-08-1967

 

 

 

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