A Origem do Rio Amazonas

 Há muitos anos, a Lua e o Sol se apaixonaram. O Sol ficou encantado pela beleza da Lua e a iluminava de paixão. A Lua ficou sonhando com o calor do Sol e chorava baixinho querendo se aproximar do seu amado.
Era um amor bonito que dava gosto de ver. Mas eles se amavam à distância.
O Sol, então, mandou os passarinhos pedirem a Lua em casamento. Aquela revoada de pássaros fez um vôo fantástico até encontrar a Lua.
Chegaram e pediram a Lua em casamento numa linda canção. A Lua ficou cheia de alegria. O casamento foi marcado e o céu se enfeitou. As estrelas brilharam ainda mais e as nuvens criaram desenhos no firmamento. Seria uma festança que duraria um ano inteiro. Mas o mar não gostou e avisou aos noivos:
- O casamento de vocês não pode acontecer! Esse encontro vai destruir o mundo. O amor ardente do Sol vai queimar tudo e a Lua com as suas lágrimas inundaria toda a Terra. Por isso não podem se casar. A Lua apagaria o fogo e o Sol evaporaria a água.
A Lua não se importou com isso. Queria casar de qualquer jeito.
Estava completamente apaixonada. Mas o Sol ficou com medo. Amava muito a Lua, mas não queria destruir o mundo. Separaram-se, então, a Lua para um lado e o Sol para o outro.
Quando a Lua começava a aparecer no céu, o Sol ia embora. A Lua ainda tentou convencer o Sol. Mas não deu jeito. E ela tenta até hoje. E é por isso que, de vez em quando, a Lua e o Sol ficam juntos no céu. Mas aí tudo escurece e o Sol foge de sua amada.
Na primeira separação, a Lua chorou todo o dia e toda a noite. Foi então que as lágrimas correram por cima da Terra até o mar. Mas o mar, que estava zangado com a Lua, não deixou que as lágrimas se misturassem com as suas águas. E, hoje, o mar ainda tenta acabar com as lágrimas da Lua com um estrondo forte, que os índios chamam de pororoca.
As lágrimas da Lua é que deram origem ao nosso rio Amazonas.

 

A Origem da Lavoura

A princípio, a Terra não era boa nem farta. Não havia peixes nas águas, animais nos matos e pássaros nos céus. Não se conhecia o fogo. Não havia frutos nem legumes. Os índios alimentavam-se de farelo de palmeira em decomposição, de lagartas e orelhas-de-pau. 
Certo dia, um jovem índio, andando pelo mato, viu sentada no seu caminho uma linda moça.
- Quem é você? De onde veio? - perguntou ele.
- Vim do céu - respondeu ela - Meu pai e minha mãe ralharam comigo, e vim embora, descendo com a chuva....
Como todos os índios tinham descido do céu, embora por outro caminho, o rapaz não duvidou daquelas palavras e muito se alegrou com a ideia de encontrar uma moça bonita para ser sua noiva. A moça era acanhada e mostrava receio de encontrar-se com as outras índias. Por isso, ambos
esperaram que o dia fosse embora e, sob a cortina da noite, chegaram à casa da mãe do rapaz, onde, sem que ninguém visse, o índio escondeu a moça num enorme cesto de palha, cuja boca fechou com cera. Assim, ela passava os dias escondida, esperando a noite, quando o namorado vinha e a fazia sair do grande cesto.
A mãe do índio ficou curiosa em saber o que tinha dentro daquele cesto e descobriu ali a filha do céu. Quando a história foi revelada, o rapaz abriu o cesto de palha em plena luz do dia. Mas a menina não queria sair de lá. Baixou a cabeça e custou a levantar. Todos admiraram a beleza da filha do céu, a fizeram sair de dentro do cesto e trataram de enfeitá-la com a cabeça raspada no alto e o corpo pintado de urucum e jenipapo.
A moça gostava de falar do céu e da fartura de frutos e legumes. Certo dia, queixou-se ao marido de que estava enjoada de comer lagartas e manifestou o desejo de voltar ao céu, a fim de trazer algumas sementes. Ensinou como ele devia fazer uma roçada, limpando a terra e preparando-a para receber as sementes trazidas do céu.
De manhã, dirigiram-se os dois ao campo, onde a filha do céu indicou uma árvore alta e flexível. Subiram até o último galho, e o peso de ambos fez que o tronco vergasse até o chão.
- Pule! - mandou a índia.
Ele pulou e a árvore se esticou novamente levando a moça para o seu lar. Seu marido fez a roçada e um dia encontrou a moça sentada no meio dela, cercada de mudas de bananeira, de batatas e inhames. Do céu, nessa mesma ocasião, veio o primeiro beiju, embrulhado em folhas de bananeira, em forma de estrela.
A índia fez uma nova viagem ao céu para mostrar aos pais o filho que lhe nascera aqui na Terra. Subiu por uma altíssima casa de cupim.
Depois de criado o menino, a mãe tornou a subir para o céu, mas de lá nunca mais voltou.
Os índios continuaram fazendo suas roçadas, ano após ano, cabendo às mulheres plantar a terra preparada. E, quando fazem seus beijus, ainda arranjam as folhas de bananeira em forma de estrela, como a Mãe da Lavoura e Filha do Céu ensinou a fazer.

 

Para conhecer outras lendas indígenas, sugerimos a leitura de Contos Indígenas Brasileiros, do escritor Daniel Munduruku.

FOTO PIXABAY

 

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