Como as Estrelas Nasceram. A Criação das Mães Era uma vez uma aldeia bororo. Há muito tempo atrás, as mulheres saíram para o mato enquanto os homens saíram para a caça. No mato, as
mulheres descobriram o milho, que até então não conheciam e passaram a se alimentar dele, diariamente. Depois, voltaram para a aldeia e nada disseram sobre o milho aos seus homens.

Essa situação foi continuando indefinidamente por muito tempo, um tempo em que ainda não havia estrelas no céu. Os homens desconfiaram de algo, pois a caça estava ruim e eles voltavam para a aldeia sempre famintos e nada tinham para comer. Já as mulheres, retornavam para a
aldeia com a fome saciada. Os homens, finalmente, descobriram sobre o milho.

Nesse meio tempo, as crianças da aldeia, que ficavam sozinhas, ficaram chateadas e pediram a um beija-flor que levasse um cipó bem comprido e o amarrasse no céu. Subiram as crianças por esse cipó para o céu, mas, as mulheres que retornaram para a aldeia viram o cipó e também foram
subindo atrás das crianças.

A última criança, porém, cortou o cipó, e as mulheres que subiam despencaram do céu. As que conseguiram se segurar nas árvores, se transformaram em macacos, quatis e outros animais. As que caíram no chão, se tornaram animais terrestres, como a paca e a cotia.

Pouco tempo depois, as crianças, lá do céu, começaram a observar seu povo na terra e seus olhos brilhavam no ambiente celestial. Seus olhos brilhavam como as estrelas e foi assim, segundo a mitologia dos Bororo, que surgiram as estrelas.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Totem Pankará – Representação do Grande Espírito
Confeccionado em madeira de canoa
De Rogério Pankará


 

 

O povo Pankará tem origem em Pernambuco, na cidade de Floresta e Serra do Arapuá. Até dezembro de 2002, os índios -  que habitam a Serra do Arapuá - utilizavam várias categorias identitárias e metafóricas para reafirmar sua distintividade étnica, como “caboclo”, “caboclo-índio”, “braiado”, “pego a dente de cachorro”, “tronco velho” etc. Ao deflagrarem seu processo de reorganização social e étnica, no início de 2003, passaram a adotar o etnônimo Pankará da Serra do Arapuá, através do movimento de consulta aos “encantados” no complexo ritual do " toré". Aparecem no cenário nacional com essa denominação durante o I Encontro Nacional de Povos em Luta pelo Reconhecimento Étnico e Territorial, promovido pelo Cimi (Conselho Indigenista Missionário), em maio de 2003 no município de Olinda, Pernambuco. Assim como os demais povos indígenas na região, à exceção dos Fulni-ô, os Pankará são falantes do português. Contudo, no seu universo linguístico, apresentam uma série de discursos, palavras e metáforas que constituem o universo semântico do português falado na Serra do Arapuá. No geral, não difere do discurso étnico encontrado entre os demais povos indígenas no Nordeste.


"No tempo dos nossos antepassados chamavam Pakará e não Pankará, porque quando os Encantos de Luz chegavam, eles davam viva aos Pakará. Isso é porque os índios plantavam muito fumo e quando era no Toré o fumo tinha o nome de Paká, e trazia na sacola chamada Ará pra gente
fumar no quaqui." (Ciço Domingos, Pankará).

 

 

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