Por volta de 9 horas da manhã do dia 20 de agosto de 1953, na altura  do km 18 da Via Anchieta, uma grande comitiva,  capitaneada pelo prefeito Lauro Gomes e por sua  grande rival política, a então deputada estadual Tereza Delta - acompanhados por outras autoridades locais e também por dezenas de motocicletas -  recepcionava  o governador de São Paulo, iniciando um dia de intensa agenda na cidade, que comemorava seu aniversário (1). A primeira tarefa do dia era a inauguração oficial da pavimentação da importante avenida que ligava a Anchieta à zona central de São Bernardo. Esta via, que se tornava a primeira asfaltada do município, era a princípio chamada de “Avenida do Mar”, mas dois anos depois receberia o nome do governador ali presente (2), um dos responsáveis pelo financiamento da obra: Lucas Nogueira Garcez.

Os trabalhos haviam iniciado em janeiro daquele ano, mas não estavam totalmente conclusos no momento da inauguração - finalizaram de fato somente no curso do ano seguinte (3).  Antes deles o que havia no lugar era uma rota mais estreita e de topografia ondulada, aberta junto com o loteamento do Jardim do Mar, passando em frente a Companhia Cinematográfica Vera Cruz (1949), ambos pertencentes ao empresário Ciccillo Matarazzo - áreas que até alguns anos antes eram de sua granja. Para a realização das obras a prefeitura negociou cessões por acordo ou executou desapropriações em 68 terrenos do loteamento e dos arredores, e trabalhou, junto com o governo do estado, na terraplanagem e aterro do leito da rota, colocando-a pronta para o asfaltamento, este realizado às custas do erário estadual. 

Apesar de seu posicionamento privilegiado e de ter recebido um novo melhoramento em 1959 com a instalação da iluminação com lâmpadas fluorescentes (4), por volta de 1965 a avenida tinha ainda poucas construções em suas margens - as duas principais eram o próprio prédio da Vera Cruz e o do Hospital São Bernardo, que havia se instalado ali em setembro de 1960 (5). A situação mudaria a partir da segunda metade daquela década, época em que o edifício do Paço Municipal era levantado em área adjacente ao início da avenida: em 1970, do seu começo até a altura da Vera Cruz já havia em ambos as margens um número significativo de construções; somente no trecho posterior ao prédio da Companhia Cinematográfica os espaços livres ainda predominavam. Por essa época, aliás, as duas pontas da avenida sofreram intervenções visando melhorar a capacidade de vazão do tráfego da zona central da cidade, já em franca expansão: primeiro a construção do Viaduto Kenzo Uemura sobre a área que se tornaria a Praça Ibrahim Nobre, na altura da Avenida Kennedy, entre 1968 e 1970, obra para qual foram necessárias a desapropriação de 49 terrenos (6). Logo em seguida, a partir de 1970, seria construído o Viaduto José Fernando Medina Braga, junto à Praça Samuel Sabatini, pronto já no ano seguinte (7).
 
Após essas grandes obras a ocupação local aceleraria, especialmente no setor de comércio e serviços. Próximo do Hospital São Bernardo, diversos outros serviços relacionados à saúde começaram a se instalar, como clínicas, laboratórios e centros médicos, como o ambulatório Amico e o Hospital Itacolomy. Outro importante ponto de referência local surgiria com a edificação do prédio atual da igreja da Santíssima Virgem, inaugurado em dezembro de 1977 (8).

Passada essa fase de grandes transformações durante os anos 60 e 70, a maior intervenção na avenida desde então foi a passagem do corredor de trólebus ABD em seu leito, inaugurado em março de 1987 (9), por onde até hoje  circulam, de um lado, os ônibus sentido Piraporinha, Diadema e Jabaquara; e, do outro, Centro e Ferrazópolis.

 

Nas imagens, vemos acima a inauguração das obras de pavimentação da avenida em 1953, com a presença do governador Garcez, que daria o nome à via, ao centro; do prefeito Lauro Gomes, à direita; e da então deputada estadual e ex-prefeita Tereza Delta (esquerda). Abaixo, a avenida em 1970. 

 

Notas:

(1) Folha do Povo, 21-08-1953.
(2) Lei PMSBC 408/1955
(3) Folha do Povo, 11-01-1953; Relatório “Um Município que Renasce” , PMSBC, 1954
(4) A Vanguarda, 07-03-1959
(5) Folha de São Bernardo, 02-10-1960
(6) Decreto PMSBC 1540, 1968.
(7) A Vanguarda 06-09-1970
(8) A Vanguarda 10-12-1977
(9) Gazeta de São Bernardo 14-03-1987

 

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