Originalmente os cerca de 1100 metros de extensão da Avenida Armando Ítalo Setti eram ocupados por um dos vários córregos contribuintes do Rio dos Meninos existentes na região. Sendo este um córrego menor que seus vizinhos, como o Saracantan e o dos Lima, durante a maior parte da história os documentos cartográficos não registraram um nome para ele, até onde se sabe. Somente depois de 1949, quando se estabeleceu perto de sua margem direita a Empresa Água Mineral São Bernardo, as coisas mudaram e em um mapa de 1953 ele era referenciado como córrego da Água Mineral (1).

Nessa época, o curso d'água cortava terrenos pertencentes a proprietários de quinhões remanescentes do antigo Sítio dos Vianas, de origens centenárias. O maior destes terrenos era o quinhão pertencente ao advogado Enéas César Ferreira (responsável pelo inventário do sítio), local onde se encontrava a fonte de água mineral. Na divisa oeste deste quinhão havia a chácara de seu primo Francisco Queiroz Ferreira, que em 1954 foi desapropriada pela prefeitura para construção da ETI Lauro Gomes (2). Perto da foz do córrego havia um terreno do fabricante de móveis Vicente Colombo, e, já na margem esquerda do curso d'água, o quinhão de Giovanni Batista e Luiz Scopel, onde em um trecho se instalou nos anos 50 a Fábrica de Móveis Celeste.

Embora a avenida tenha sido planejada na primeira metade dos anos 60, como parte do plano de remodelação viária local em função da construção do Paço Municipal, as desapropriações necessárias para a obra só começaram a ser feitas em setembro de 1968, quando os primeiros andares do Paço estavam sendo levantados (3). A obra da avenida foi efetuada entre 1971-2 (5), mesmo período em que também se edificou o Estádio do Baetão, situado no antigo quinhão de Enéas Ferreira. Contudo, mesmo antes do início dos trabalhos, a futura avenida já recebeu sua denominação, homenageando Armando Ítalo Setti, prefeito de São Bernardo entre 1930-33, que havia falecido três anos antes (4).

Pouco tempo depois de pronta, nela se instalou, à altura da esquina com a Av. Pereira Barreto, o Supermercado Morita, um dos primeiros de grande porte da cidade, que duraria ali até 1980, quando o espaço foi desapropriado para instalação do Mercado Municipal, que sobreviveu no local até o início da década de 2000 - atualmente naquele terreno está instalado a Fábrica de Cultura de São Bernardo.

Além do Baetão e do mercado municipal, outros edifícios públicos foram construídos na avenida na sua primeira década de existência, contrapondo-se à relativamente menor presença de domicílios residenciais. Na altura do número 400 se instalaram por volta de 1978 três repartições estaduais: o Centro de Saúde, a Delegacia de Polícia e o Ciretran (6). E na esquina vizinha ao Mercado Municipal, foi inaugurado, em fevereiro de 1982, uma praça poliesportiva (atual Parque da Juventude Città di Maróstica), com pistas de corrida, ciclismo, patins e skate - uma das primeiras pistas desse esporte a surgir no estado (7). Este local receberia duas grandes reformas, uma em 1987, ampliando especialmente os equipamentos para prática de skate, e outra em 2004, que reformou estes e também instalou outros equipamentos de esportes radicais.

De início, os domicílios residenciais se concentravam da metade para o final da avenida, onde, nas proximidades, já havia loteamentos mais antigos, como a Chácara Rialto. Contudo, desde os anos 90, a valorização imobiliária da área trouxe ao trajeto diversos condomínios de edifícios residenciais que modificaram bastante a paisagem local, como o Flórida Gardens e o Villagio di Sorrento, ambos no final da década de 1990, e o Vida Viva, no fim da década de 2000.

 

Na sequência de imagens, a avenida em 1979, 2007 e 2015, evidenciando as transformações ocorridas em seus espaço ao longo do tempo.

 

Notas: 

(1) - Planta Geral, 1953. Serviço de Topografia e Cadastro, PMSBC.
(2) - Decreto PMSBC 41/54.
(3) - Decreto 1771/68.
(4) - Decreto PMSBC 1940/69.
(5) - Decretos PMSBC2493/71 e 2598/71; Plano Plurianual de Investimentos 1971-3 - PMSBC.
(6) - Diário Oficial do Estado de São Paulo, 01-04-1978, 13-12-1978; 5-03-1981.
(7) - Folha de São Bernardo, 09-01-1982; 12-02-1982.

 

 

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