Diferentemente de outras áreas do Bairro Ferrazópolis, que surgiram a partir de recortes de propriedades rurais de proporções relativamente grandes (sítios João Manoel e Ponto Alto), a Vila do Tanque é oriunda de uma gleba  menor, correspondente ao antigo lote 30 da Linha Colonial São Bernardo Novo. O lote limitava-se com o córrego que leva o mesmo nome da linha, curso d'água que nascendo nos morros do Montanhão, seguia paralelo à Rua Tiradentes, cruzando-a  na altura de onde hoje é a Praça dos Bombeiros e depois fazia o percurso da Avenida Rotary, até desaguar no Rio dos Meninos. Perto do referido lote, em um sítio vizinho, havia já em fins do séc. XIX um tanque formado com as  águas do córrego,  que servia para o abastecimento dos colonos. Adjacente ao tanque durante muitos anos existiu o moinho de fubá da família Cerchiari, primeira proprietária de várias glebas vizinhas na linha, incluindo o lote 30 (1)  Este, porém, seria negociado por volta de 1888 com Angelo Matavelli, que plantou  ali 25 litros de milho e mil videiras. 
 
Após décadas de atividades agrícolas e de  extração de madeiras, a chegada da indústria Brasmotor (Brastemp) em 1948, instalada em  área vizinha, impulsionou o início  da urbanização na região, com empresários do ramo imobiliário comprando as terras das famílias dos sitiantes para formarem loteamentos. Aproximadamente nessa época, o terreno que formaria a vila, que então pertencia a Antônio Mônaco (2) - um morador e funcionário público de Santo André - foi negociado com a Empresa Auxiliadora de Terrenos em Prestações (dos empresários da capital Armando Ferreira da Costa e Abel Pinto Monteiro), que administraria o loteamento (3). Batizado “Vila do Tanque” pela proximidade com o velho tanque vizinho, ele  foi aprovado pela prefeitura em 1953, mas começou de fato dois ou três anos antes.  Sendo até o fim dos anos 60 o único loteamento urbano nos arrabaldes vastamente rurais  do trecho final da Rua Tiradentes,  o nome “Vila do Tanque” acabou por muito tempo  servindo, por extrapolação,  para designar toda a vizinhança, até às imediações do sopé do maciço do Bonilha, onde havia a pedreira municipal e o campo da Sociedade Esportiva Irmãos Romano, depois Clube da Volks.
 
Planejado inicialmente com 135 terrenos de 330m2 em média  e quatro ruas, a área original da Vila do Tanque já estava em sua maioria ocupada em 1957, com muitos migrantes operários morando nela (4). Sua ocupação foi especialmente favorecida depois da inauguração da Av. Rotary em 1955, que ligou a região ao final da Marechal Deodoro (5). Na década seguinte,  a vila se expandiu no sentido sudoeste para além dos limites originais. Assim, a Rua Nossa Senhora Aparecida emendou com a Rua Alberto Asêncio, já na Vila Ferrazópolis; a Rua Bartira, inicialmente sem saída, com a Eça de Queiroz. Apesar das dificuldades existentes em função da topografia fortemente irregular desses locais - uma diferença de  50 metros entre a parte mais baixa e a mais alta -  em 1970 construções já preenchiam boa parte dessas novas áreas. Na Rua Eça de Queiroz muitas habitações  eram precárias, havendo já em 1973 um total de 55 barracos (6), embrião este do núcleo maior que se formaria  por ali e no Jardim Regina, batizado nos anos 1980 de Limpão, o qual em 2010 contava com 1187 domicílios (7).  Esta área permaneceria como uma zona mais pobre que as outras da vila - no censo de 2010 o rendimento médio desses domicílios era aproximadamente metade do registrado na zona mais próxima da Rua Tiradentes.
 
Contando com uma população bastante significativa já nos anos 60, a Vila do Tanque  ganhou em 1964 um grupo escolar  para atendê-lá  (8), instalado originalmente numa pequena construção no número 1555 da Rua Tiradentes (atualmente o Centro de Referência e Assistência Social) e em 1969  transferido para um ponto mais distante, na Rua São João (Escola Mário Martins). Na década de 1970,  o antigo local na Tiradentes, continuando como uma escola, foi denominado como EEPG da Vila do Tanque e  em 1982 como EEPG Carlos Pezzolo (9). No ano de 1985, um  prédio maior seria construído na mesma rua para este educandário, na altura do n. 1315, em espaço outrora ocupado pelo tanque que deu nome à vila.
 
Na foto, vista do prédio da EMEB Carlos Pezzolo, durante sua construção, em maio de 1985.
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Notas
 
(1) Livros de Matrículas do Núcleo Colonial de S. Bernardo, 1892-1898 e documentos do Núcleo Colonial de São Bernardo, nº de ordem C07166, 1887-88. Arquivo do Estado de S. Paulo.
(2) Diário Oficial do Estado de São Paulo, 20-03-1946
(3)   idem, 20-02-1954
(4) idem, 03-05-1952; 31-12-1952
(5) Médici, A. São Bernardo, Seus Bairros, Sua Gente. 1981. PMSBC
(6)  Cadastro de Favelas 1973-4. Secretaria de Planejamento. PMSBC.
(7) Censo Nacional IBGE, 2010
(8) Decreto ALESP N. 42.703-B/1963; Subsídios Estatísticos Vol. 1. 1972, PMSBC.
(9) Lei ALESP 3686/1982
 
 

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