Durante as primeiras décadas do século XIX, as terras hoje ocupadas pelo Bairro Nova Petrópolis pertenceram ao sítio de Manoel Rodrigues de Barros, o qual chegou a incluir também a área do Largo da Matriz, doada por seu proprietário, em 1814, para a construção da Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Boa Viagem e estabelecimento da sede da Freguesia de São Bernardo. Por volta da década de 1840, após a morte de Manoel, as terras do bairro passaram a pertencer à José João de Oliveira (1). Em 1902, o imigrante Francisco Bocalletti possuía as terras localizadas ao sul da atual Avenida Imperador Pedro II, o Dr. Wenceslau de Queiróz era proprietário da área central do atual bairro, o escrivão Manoel Eduardo de Almeida possuía um faixa de terras na região da atual Avenida Paulo Afonso, e Francisco da Silva Madeira possuía as terras contíguas ao Córrego das Laranjeiras – atualmente denominado Córrego Santa Terezinha – sobre o qual hoje passa a Avenida Prestes Maia (2). Por volta de 1905, a área central, que pertencia então a Antônio Piuta, foi vendida a Benedito Cesário do Nascimento, que foi major da guarda nacional, delegado de polícia e empresário da indústria têxtil no município. Nesta época as terras desta área eram utilizadas principalmente para pasto de bovinos e exploração de madeira extraída de seus bosques (3). Além disto, Benedito Cesário instalou uma olaria no local em que, posteriormente, nas décadas de 60 a 80, funcionaria a multinacional Motores Perkins, e onde funciona atualmente a sede da secretaria de educação da prefeitura municipal, entre as Avenidas Wallace Simonsen e Dom Pedro II. Por volta de1925, Benedito vendeu suas terras à Empresa Imobiliária São Bernardo, pertencente aos irmãos Hipólito e Ernesto Pujol, a qual, neste ano, seria responsável pelo primeiro loteamento urbano da área. Denominado “Nova Petrópolis’, o loteamento fazia referência à cidade carioca que abrigava o palácio de verão da família real brasileira, durante o II Reinado. Assim surgiu o desenho e a denominação das ruas da área central do bairro, a qual remetia aos nomes dos membros da família imperial. Todos estes elementos faziam parte do plano publicitário da empresa dos Pujol, que pretendia apresentar o local como área de veraneio para a elite e a classe média paulistana, uma estância climática, como era, de fato, a cidade carioca que lhe inspirou. O ambicioso projeto dos Pujol envolvia ainda a criação de uma linha de bondes, ligando a estação ferroviária, em Santo André, ao centro de São Bernardo, passando pela Rua Marechal Deodoro, com uma ramificação em direção ao centro do bairro. A crise econômica e política do final da década de 20 e começo dos anos 30 não permitiu que o empreendimento dos Pujol prosperasse naquele momento, e todo o loteamento foi vendido em hasta pública em 1930, sendo adquirido pelo banqueiro Wallace Simonsen. Acreditando que a região podia proporcionar, ao menos em parte, o que a publicidade dos Pujol prometia, Simonsen adquiriu um outro grande terreno no extremo leste do bairro, onde construiu um belíssimo casarão, finalizado por volta de 1933(4), o qual foi frequentado por ele e sua família por algumas décadas, e atualmente pertence à prefeitura municipal, sendo a sede da “Chácara Silvestre”, espaço de lazer e cultura, tombado pelo Conselho do Patrimônio Histórico e Cultural de São Bernardo do Campo. A ocupação do bairro só começou efetivamente a partir da década de 30, avançando lentamente, a partir de seu lado oeste, e de suas divisas com o centro da cidade, começando pela Avenida Paulo Afonso. A Avenida Imperatriz Leopoldina só foi ocupada depois de 1940, sendo que, por volta de final da década de 50, apenas estas duas últimas avenidas mencionadas e a Alameda D. Tereza Cristina continham um grande número de moradias em quase toda sua extensão (5). Na metade desta mesma década a família Simonsen doou à prefeitura uma área em um dos pontos mais altos do bairro, para a construção do reservatório de água, que serviria à primeira rede de esgoto da cidade. Entre 1961 e 1962, o reservatório seria reconstruído, no âmbito de um projeto arquitetônico sofisticado, que incluía a incorporação de um mirante, um restaurante e uma bela área verde no entorno, a qual, entre os anos 70 e 80, abrigaria um mini-zoológico. Na década de 60, o bairro ainda possuía vastas áreas quase vazias, mas o processo de sua ocupação prosseguia, sendo que, em 1973, existiam cerca de 2000 moradias e 8000 moradores no bairro. Os últimos censos do IBGE, realizados em 2000 e 2010, mostraram que a população do bairro continuou crescendo significativamente em tempos recentes, atingindo 20856 habitantes distribuídos em 6970 unidades domiciliares no último levantamento demográfico. Imagens: - > Esq: Detalhe de aerofotografia de São Bernardo do Campo, produzida pela empresa “Aerama Fotos Aéreas”, em 26 de fevereiro de 1963, onde se vê a parte do bairro Nova Petrópolis que corresponde ao seu segmento mais densamente povoado à época. - Dir: Anúncio de lançamento do loteamento Nova Petrópolis, publicado no jornal Correio Paulistano, em 4 de julho de 1925 (pg. 3).


FONTES:
(1) - Cf. Registro de Terras do Estado de São Paulo. 1º de abril de 1855. Nº 16. Arquivo do Estado de São Paulo. 
(2) - Cf. Delpy, Luís. Planta Cadastral de Vila de São Bernardo. 1902.
(3) - Cf. Médici, Ademir. São Bernardo, Seus Bairros, Sua Gente. São Bernardo do Campo: Prefeitura Municipal de São Bernardo do Campo, 2ª ed., 1984. p. 149-150.
(4) - Cf. Bornhausen, Beatriz Simonsen de Oliveira; Oliveira, Regina Simonsen de. Depoimento. 30/01/2009. Banco de História Oral. Centro de Memória de S.B.C. 
(5) - Cf. Vista Geral do. Núcleo Urbano (Vila de São Bernardo). 14 de abril de 1940. Aerofoto oblíqua. Coleção de AEROFOTOS OBLÍQUAS 1939 / 1940. Instituto Geográfico e Cartográfico – Governo do Estado de São Paulo. 
- Cf. Levantamento Aerofotogramétrico 1957-1958. Aeromapa Brasil Ltda. Acervo: Centro de Memória de S. B. C

 

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