Um dos movimentos migratórios europeus de maior fluxo recebido pelo Estado de São Paulo até 1930, a imigração espanhola voltaria a crescer a partir do final de década de 1940, com o abrandamento gradual das restrições à entrada de estrangeiros pelo governo brasileiro e as facilitações à emigração promovidas pelo regime autoritário da Espanha, cuja economia ainda patinava no período, anterior ao chamado “milagre espanhol” (ocorrido a partir de 1959). Entre 1950 e 1954, cerca de 55 mil espanhóis emigraram para  o Brasil, sendo que  34 mil dirigiram-se ao estado de São Paulo, especialmente para a região da Capital e arredores. O município de São Bernardo, que iniciava seu processo de industrialização, também recebeu uma fatia desses imigrantes, com muitos fincando raízes na cidade.  Uma deles foi Antonio Rodrigues Mascareñas, que desembarcou no porto de Santos  em 28 de dezembro de  1953, aos 33 anos,  oriundo da Galícia, no noroeste espanhol, segunda região daquele país que mais remeteu imigrantes a São Paulo. Antonio logo se mudou para São Bernardo, morando a princípio com um amigo em  propriedade do comissário de café Horácio Ferreira da Silva, área hoje ocupada pelo pronto socorro central. Em 1957, Antonio se casou com a também espanhola da Galícia Maria Cid Vivian, com quem teve quatro filhos. Conforme aponta sua ficha de imigração, Maria chegara ao Brasil um pouco antes de seu marido, em 9 de abril de 1951, contratada para trabalhar  por uma parente em Santos, onde iria residir a princípio.


No ano de 1958, Antonio informaria as autoridades do Serviço de Imigração estar morando na Rua Jurubatuba, mesmo local onde montou um açougue. Algum tempo depois, o casal se mudaria para o antigo n. 55 (atual 445) da Rua João Nabuco.


Após ter o açougue na Rua Jurubatuba e outro em Santo André, Antonio iria para outros ramos de negócio: nos anos 1960 trabalhou como ferreiro, em forja que comprara de Camilo Lazzuri, provendo ferramentas para a Indústria Matarazzo e também para obras importantes na cidade como a Av. Faria Lima e o Cemitério da Paulicéia.  O espanhol, com a ajuda de Maria e dos filhos, ainda atuaria na pecuária, se dedicando por décadas à criação de suínos.  Ao longo do tempo tiveram criação de porcos em vários pontos da cidade: na Av. Castelo Branco, onde hoje é o Supermercado Bem Barato; na Estrada dos Casas; na Vila do Tanque (em espaço depois ocupado pelo Clube da Volks) e por fim na Estrada Ribeirão do Soldado (Botujuru), onde adquiriram área em 1968. Sobras de alimentos de fábricas como a Perkins e a Dulcora e também de padarias locais eram utilizadas para alimentar a criação, mantida até 1990. Nas imagens vemos acima Antonio e Maria Cid (fotos de seus cartões de imigração - acervo Arquivo do Estado de SP) e embaixo a Rua Joaquim Nabuco, um dos lugares onde o casal morou, em foto da década de 1970.

Pesquisa e Acervo: Centro de Memória de São Bernardo do Campo.

Se você tem fotos antigas da cidade, nos encaminhe para que, futuramente, utilizemos em nossas publicações.

Saiba mais sobre sua história em São Bernardo do Campo. Visite o Centro de Memória de São Bernardo do Campo. Alameda Glória, 197, Centro. Tel.: 4125-5577. E-mail: memoria@saobernardo.sp.gov.br.