Foi após uma  das famosas partidas festivas  entre moradores de ruas do lado “de cima” e “de baixo” da Igreja Matriz, em fins da década de 1920, que o jovem entusiasta Dante Setti  teve a ideia de formar um clube de futebol. Com a ajuda dos amigos Itagiba de Almeida, Nerino Colli e do barbeiro Vicente Raghianti, arregimentou integrantes e apoio para organizar a agremiação (1), entre eles o do industrial Ítalo Setti, que cedeu um terreno situado onde hoje está a  esquina da Av. Faria Lima com a Prestes Maia para ser utilizado como campo (depois transformado em um pequeno estádio). A fundação do clube ocorreu em 3 de fevereiro de 1928, em evento no antigo Cine São Bernardo, na Rua Marechal Deodoro, ocasião em que também foi escolhido o nome que o clube carrega até hoje. Mais organizado e com apoio de pessoas influentes da vila, o Esporte foi  durante muito tempo a mais forte equipe da cidade.

Em seus anos iniciais, as atividade do time giravam em torno de partidas amistosas ou torneios curtos, disputados com  times amadores de localidades vizinhas, como   1º de Maio  ( de Santo André);   Cerâmica  (São Caetano);  Usina da  Serra (Cubatão); Santana (de São Paulo). Até mesmo uma seleção de Santo André ele chegou a enfrentar e derrotar (2). 

Com  o advento do concorrido campeonato da liga amadora local, em 1933 (3),  envolvendo equipes de toda a área do ABC,   e o nascimento do Palestra São Bernardo, em 1935, oriundo de uma dissidência do Esporte, a paixão e a  rivalidade futebolística na  região, que já era forte, se intensificou.    A força desses antagonismos locais beneficiou o futebol amador da cidade, que viveu seu apogeu em termos de interesse da população. Nesse tempo, o Esporte, além de ter ganho o bicampeonato da liga (1942 e 44) (4) , também foi campeão por quatro vezes de sua zona no extinto campeonato paulista amador do interior  (5).

Nova etapa na  vida do clube começaria em 1950, quando  disputa, junto com o  Palestra,  sua primeira competição profissional, pela 2ª divisão do campeonato paulista. Mais exigente tecnicamente que os torneios amadores que competia, o torneio contava com cerca de 50 times de todo o Estado. O Esporte passaria a manter um plantel profissional, para a 2ª divisão, e um amador, para os torneios menores. Sem grandes resultados, o clube ficou na competição até 1953, quando a Federação Paulista determinou que somente times de cidades com mais 50 mil habitantes  deveriam permanecer naquela divisão (São Bernardo tinha 26 mil, pelo censo de 1950). Com isso, ele jogou intermitentemente as divisões inferiores até  1966 (6). 

Em janeiro de 1969 (7), a  desapropriação de mais da metade da área de seu campo, em função das obras da Avenida Faria Lima,  levou o clube a um longo período de afastamento  do futebol. Porém,  atividades sociais - como suas famosas festas e bailes -  e outras modalidades esportivas se mantiveram nessa fase: o ginásio poliesportivo adjacente ao campo, construído entre 1964 e 1968, continuou a funcionar e junto a ele foi construído uma piscina. 

O regresso ao futebol só ocorreria em 1982, após uma inesperada fusão com o Aliança Clube, grande sensação do futebol da cidade desde a década anterior.  Na época, o presidente do Aliança era o ex-jogador e ex-presidente do Esporte Felipe Cheidde, que, juntamente com Oswaldo Ferreira (dirigente histórico do Aliança), promoveu   o processo de fusão, com Cheidde voltando ao comando do Esporte a partir dela (8). O nome Aliança deixaria de ser usado.
 
Herdando o elenco e a vaga  na 2ª divisão do Paulistão que o Aliança possuía e jogando no mesmo Baetão que  este  costumava usar, o Esporte faria nos anos 80 as melhores campanhas de sua história no profissionalismo. Esteve perto de alcançar a vaga para a 1ª divisão (atual A1) em 1982, e especialmente nos campeonatos de 1986 e 1988. Em 1986, o  ponto forte da equipe, era a defesa, que tomou apenas 10 gols  nos 32 jogos das duas  primeiras fases. Porém, a equipe caiu de produção na etapa decisiva: com 4 derrotas e somente 2 vitórias,  ficou apenas com a terceira colocação do quadrangular final, que dava acesso à divisão principal aos  dois primeiros colocados. Em 1988, o Esporte repetiu a boa campanha e  chegou à 3ª. fase da competição, quando os times foram divididos em dois grupos de seis, sendo que o campeão de  cada grupo estaria garantido na 1ª divisão. O Esporte acabou em  3º lugar, a 4 pontos do campeão Catanduvense.

Nos anos seguintes, enfrentando muitas dificuldades, o Esporte foi rebaixado diversas vezes, atingindo  em 2000 a 5ª divisão.  Se afastou da competição após o certame de 2002, só voltando depois de um hiato de 8 anos, na 4ª divisão, onde ficaria até 2017, quando subiu para a 3ª (A3), onde atualmente se encontra. 

 

Na imagem vemos o ginásio poliesportivo do clube em agosto de 1968.

 

Notas

1. Publicação São Bernardo em Revista, agosto/setembro 1981.
2. Diário Nacional, 12-11-1929
3. Assumpção, P. História do Futebol em Santo André. PMSA. 1990.
4. idem.
5. Teixeira, T. 93 anos de história. in:ecsaobernardo.com.br/wordpress/historia/)
6. O Estado de São Paulo, 19-10-1954, 10-07-1960; A Vanguarda 29-05-1966
7. Decreto PMSBC 1898/69; Folha de S. Bernardo, 15-02-1969
8. Folha do ABC, 23-05-1982 e 30-05-1982.

 

 

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