São Bernardo do Campo possui hoje 24 bairros urbanos e 10 rurais, quase todos eles divididos em várias vilas e jardins, as quais, muitas vezes, correspondem a um único loteamento, com uma só planta e uma origem datada (1). Atualmente, a maioria dos bairros urbanos tem as dimensões de uma pequena cidade, com pelo menos 20 mil habitantes. Esta realidade é relativamente recente na história do município, sendo que até o fim da década de 1910, a única área que continha um verdadeiro núcleo urbano, ainda que pequeno, era o centro da cidade. Nesta época, o território hoje ocupado pelos bairros abrigava matas e áreas dedicadas à exploração agrícola, boa parte delas ainda exibindo uma divisão de lotes e famílias proprietárias ligadas às linhas rurais do Núcleo Colonial S. Bernardo, criado em 1877. Por influência do crescimento econômico e demográfico da Grande São Paulo e do surgimento da Rodovia Caminho do Mar, no decorrer de década de 1920, apareceram os primeiros loteamentos urbanos em alguns dos atuais bairros, como os da Vila Caminho do Mar (1920) e da Vila Mussolini (1923), no Rudge Ramos, o do Jordanópolis (1925), do Nova Petrópolis (1925), do Baeta Neves (1925), e, no atual bairro Taboão, em 1923, os da Vila Santa Luzia, Vila Flórida e bairro Suisso. Apesar destes loteamentos terem sido efetivamente criados – os desenhos de seus arruamentos permanecem até hoje – sua ocupação foi muito lenta, só tomando impulso com o novo ciclo de expansão econômica da região, iniciado após a segunda guerra mundial. Entre as décadas de 1950 e 1960, surgiram mais de 130 novos loteamentos fora do centro da cidade, os quais definiram o desenho urbano de boa parte do território dos atuais bairros. No mesmo período, a população da cidade saltou de 30 mil para 201 mil habitantes, alavancada pelo forte fluxo migratório ocasionado pelo estabelecimento da indústria automotiva no município. Em 1970, por volta de 130 mil habitantes se espalhavam pelos antigos e novos loteamentos dos bairros da cidade, a maioria deles migrantes vindos de outras cidades de São Paulo e de Minas Gerais (2). Os maiores bairros - Rudge Ramos e Baeta Neves - já contavam então com cerca de 30 mil habitantes cada um, aproximadamente a mesma população do centro da cidade. Durante a década de 70 a população dos bairros continuou crescendo e novos loteamentos continuaram surgindo. A ocupação urbana irregular - e sem planejamento técnico adequado - de diversas áreas, condição que já era presente na cidade desde a década de 60, se intensificou fortemente durante este período, sobretudo nos bairros Baeta Neves, Alves Dias, Dos Casa e Montanhão, os quais concentravam, em 1980, a maior parte dos moradores de favelas do município (3). Em 1979, um estudo encomendado pela prefeitura municipal revelou, pela primeira vez, estimativas baseadas em dados estatísticos detalhados sobre os bairros da cidade (4). A pesquisa indicou que 73% da população de S.B.C não era nascida na cidade: 24% eram naturais de outros municípios da Grande São Paulo, origem esta que atingia seu maior percentual no bairro Jordanópolis (47%); 20 % nasceram no interior paulista, concentrando-se, sobretudo, nos bairros Rudge Ramos e Baeta Neves, com mais de 10 mil habitantes com esta origem em cada um; 11 % eram naturais do nordeste brasileiro, sendo que o bairro Alves Dias abrigou a maior quantidade de migrantes desta área (6,5 mil ou 27% de seus habitantes); 10% nasceram nos outros estados da região sudeste, a grande maioria em Minas Gerais, e estabeleceram-se, principalmente, no Baeta Neves, onde somavam 7 mil indivíduos e perfaziam 15% do total da população. O estudo também revelou que os bairros mais pobres, com maior percentual de domicílios com renda de até 3 salários mínimos, eram Alves Dias (33%), Dos Casa (30%) e Ferrazópolis (29%). Por outro lado, os mais ricos, com maior percentual de domicílios com renda superior a 10 salários, eram o Anchieta (47%) e o Nova Petrópolis (42%). Por volta de 1980, alguns bairros da cidade, como Rudge Ramos, Paulicéia e Jordanópolis, já alcançaram patamares demográficos próximos aos do último censo brasileiro, realizado em 2010. Outros apresentaram esta marca no censo de 1991, como Baeta Neves, Ferrazópolis, Alves Dias e Taboão. Outros ainda tiveram a população reduzida entre 1991 e 2010, como foi o caso do Jordanópolis, da Paulicéia e do Assunção. Em 1980, alguns bairros cujos territórios – ou pelo menos a maior parte deles - até então eram classificados como pertencentes à zona rural da sede municipal, passaram a integrar a zona urbana (5). Devido, ao menos em parte, à já mencionada forma irregular de ocupação do solo (6), e a continuidade do processo migratório, a população destes bairros apresentou aumentos muito expressivos nos anos 80 e 90, de modo que o Montanhão, com 94 mil habitantes, e o Alvarenga, com 63 mil moradores, segundo dados do último censo, se tornaram os dois bairros mais populosos do município na atualidade (7). Imagens: Acima - > Levantamento Aerofotogramétrico. 1957. Na parte inferior desta fotografia, acima da Via Anchieta, aparecem partes dos bairros Demarchi, Assunção e Planalto. Na parte superior, aparecem parcelas dos bairros dos Casas e Alves Dias. A imagem mostra diversos loteamentos recentes, parte deles ainda sem construções (p. ex. o Jardim do Lago, no canto superior esquerdo). Também é possível observar, em várias áreas não arruadas, o desenho retangular dos antigos lotes da Linha Jurubatuba do Núcleo Colonial S. Bernardo. Abaixo - > Avenida Álvaro Guimarães, na altura da esquina com a Rua Oragnof. Bairro Planalto. 2000. Esta via é uma das mais antigas deste bairro que hoje possui cerca de 29 mil habitantes. 

NOTAS:
– Cf. PMSBC. Sumário de Dados 2010. São Bernardo do Campo. Ano base 2009. p. 82-84. Bairros da zona Urbana: Alves Dias, Anchieta, Assunção, Baeta Neves, Balneárea, Batistini, Botujuru, Centro, Cooperativa, Demarchi, Dos Alvarenga, Dos Casa, Dos Finco, Ferrazópolis, Independência, Jordanópolis, Montanhão, Nova Petrópolis, Paulicéia, Planalto, Rio Grande, Rudge Ramos, Santa Terezinha, Taboão. Bairros da zona Rural: Alto da Serra, Capivari, Curucutu, Imigrantes, Rio Pequeno, Santa Cruz, Tatetos, Taquacetuba, Varginha e Zanzalá. 
- No decorrer deste texto o termo “bairro” indicará apenas aqueles da zona urbana - que são seu assunto principal - com exceção do Centro, que, embora oficialmente seja também considerado um bairro, aqui será diferenciado dos demais, para realce das distintas realidades históricas e geográficas que os envolvem.
(2) – Cf. IBGE. VIII Recenseamento Geral 1970. Série Regional. Volume 1. Tomo XVIII. 2ª parte. p. 358-380. 
(3) – Cf. PMSBC. Secretaria de Planejamento e Economia. Departamento de Estatística. População Favelada em 1980. 
(4) – Cf. PMSBC. Pesquisa Sócio-Economica 79: Relatório 1. 1980.
(5) – Cf. Lei Municipal nº 2435 de 30 de dezembro de 1980.
(6) – Cf. PMSBC. Secretaria de Planejamento e Economia. Departamento de Estatística. Núcleo favelados e habitações sub-normais (oriundas de núcleos favelados). 1991.
(7) – Cf. IBGE. Censo demográfico2010. Características da população e dos domicílios. Resultados do universo. Tabela 4.20.2.1 - População residente, por corouraça, segundo as mesorregiões, as microrregiões, os municípios, os distritos e os bairros - São Paulo – 2010. Disponível emhttps://biblioteca.ibge.gov.br/index.php/biblioteca-catalogo? view=detalhes&id=793.
Acervo e Pesquisa: Centro de Memória de São Bernardo do Campo. Secretaria de Cultura e Juventude. PMSBC.

 

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