O homem é um ser social, segundo Aristóteles, pois é de sua natureza viver em sociedade e, ao buscar a felicidade, ele só a encontra na convivência humana. Isso quer dizer que nós precisamos estar com outras pessoas, para conversar, dar risada, ir ao cinema etc.   

Mas o que essas ideias filosóficas têm a ver com neurociência?

A pesquisadora Elenice Ferrari, da Unicamp, indica em um artigo que as atividades das células neurais são influenciadas pelos ambientes físico e social. Segundo a cientista: “O ambiente fornece estímulos/informações que são captados por receptores sensoriais e convertidos em impulsos elétricos, que são analisados e utilizados pelo sistema nervoso central para o controle de respostas vegetativas, motoras e cognitivas. Essas respostas constituem os padrões comportamentais que atuam sobre e modificam esse ambiente”.

https://www.scielo.br/pdf/ptp/v17n2/7879.pdf (artigo de Elenice Ferrari na revista Psicologia: teoria e pesquisa v.17 nº2 de 2001).

Nesse artigo, a professora Elenice Ferrari concentrou-se na plasticidade cerebral, que é a característica dos circuitos neurais adaptarem-se (modificarem-se) às mudanças decorrentes da interação entre o homem e o ambiente e, também, por causa de lesões no sistema nervoso. Uma das aplicações das pesquisas em neuroplasticidade é a recuperação de pessoas que sofreram traumatismo em áreas do sistema nervoso.

Baseado nos circuitos neurais, as redes neurais artificiais são modelos computacionais que pretendem simular o funcionamento do cérebro humano. Suas estruturas são criadas com base na morfologia e funções do sistema nervoso humano, com neurônios artificiais conectados por sinapses. Uma característica muito importantes das redes neurais artificiais é o “algoritmo de aprendizagem”, que é uma solução para problemas de aprendizagem, pois permite aprender com
exemplos e a partir de análise do que se aprendeu.

Falando da necessidade do homem viver em comunidade e de tecnologia baseada no sistema nervoso, o ser humano a partir do surgimento de dispositivos tecnológicos, começou a experimentar a convivência de modo remoto, por meio de jogos do tipo RPG, salas de bate-papo na internet, aplicativos de encontro e outras formas de interação virtual. É a realidade virtual.

https://www.youtube.com/watch?v=DjkIhyrSzvw (A história da realidade virtual)

Realidade virtual é um termo usado pela primeira vez pelo músico e cientista da computação Jaron Lanier, para representar interface computacional que permite vivenciar/simular situações reais em ambientes virtuais.

Desde seu início na década de 1980, vem conquistando avanços significativos, que proporcionam ao homem uma imersão numa realidade externa sem sair de casa. É a convivência humana – uma felicidade aristotélica – mas à distância, experimentada mais do que nunca nesse período de pandemia.

Referências:

https://www.youtube.com/channel/UCZhvxWh1rFjyzQ75-O6SFug (Canal de Jaron Lanier, com álbum de música instrumental)

https://www.scielo.br/pdf/ci/v35n1/v35n1a03.pdf (Redes neurais e sua aplicação em sistemas de recuperação de informação)

https://www.scielo.br/pdf/rpc/v30n3/v30n3a10.pdf (Psicanálise e Neurociências)

https://www.scielo.br/pdf/gal/n39/1519-311X-gal-39-0165.pdf (Realidade virtual e lógica do espaço)

http://www.revistaneurociencias.com.br/edicoes/2011/RN1901/relato%20de%20caso/523%20relato%20de%20caso.pdf (Influência da Realidade Virtual no Equilíbrio de Paciente Portador de Disfunção Cerebelar - Estudo de Caso)

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