Antes que surgisse o Jardim Lavínia, as terras que o compõem passaram por vários donos. Sendo no passado mais remoto uma fração da antiga fazenda dos beneditinos,elas acabariam em fins do séc. XIX se tornando um dos lotes (o de n° 32) da linha colonial Jurubatuba, depois que a dita fazenda foi comprada e dividida pelo governo do império com o objetivo de assentar a colonos imigrantes nelas.
No tempo da linha colonial, a área do futuro Lavínia foi posse de Enrico Galuzzi, que ficou com ela por pouco tempo e depois foi adquirida pela família Zaparolli, que mesmo após a aquisição, continuou, pelo menos até o final da década de 1890, residindo no centro, onde já tinha um lote urbano (1).
Décadas depois, essas terras acabariam compradas por Alcides Martins Queiroga, empresário que no fim dos anos 20 tinha sido dono de uma oficina mecânica e de uma garagem para mais de 40 carros na Av. Rangel Pestana, em São Paulo (2). Queiroga manteve um sítio nas terras que adquirira, onde costumava passar os finais de semana (3). Por volta de 1950, ele iniciaria o loteamento da área, chamando-o de Jardim Lavínia, muito provavelmente como homenagem à sua esposa Lavínia de Araújo (4). Relativamente bem posicionado geograficamente, limitando-se ao sul com a estrada do portão do tiro (atual Av. Capitão Casa) e a oeste da Via Anchieta, o Jardim Lavínia começou a ser povoado em ritmo intenso, apesar de ter passado por problemas de regularização e de ter tido em seu início dificuldades com a demarcação de lotes, abertura de ruas e execução de benfeitorias urbanas. Em 1958 , quando a Av. Café Filho ainda não estava aberta, ele já possuía mais de uma centena de construções, mesmo sem pavimentação,energia elétrica e rede de água e esgoto (5).
Os serviços urbanos básicos só chegariam ao local ao longo dos anos 60 e início dos 70, a começar pela extensão da rede de energia elétrica em 1960. Em 1966, veio a instalação da rede de água e esgoto e em 1968 a edificação do prédio de seu grupo escolar (atual Escola Estadual João Firmino) (6), que anteriormente funcionava de maneira improvisada. No ano de 1972, as ruas locais já estavam pavimentadas com paralelepípedos e a iluminação à vapor de mercúrio estava instalada em suas calçadas. A Avenida Café Filho havia acabado de ser aberta até a altura do cruzamento com a Rua Jorge Pires. A essa altura, a maior parte dos espaços vazios restantes estavam junto a essa avenida, e foi justamente nas adjacências dela que surgiria uma favela, a qual em 1977 possuía 59 domicílios (7). Este núcleo, chamado posteriormente de Serra Pelada ,continuou crescendo ,atingindo, em 1990, 286 domicílios (8). Em 1998-9, essas habitações começaram a ser removidas devido às obras de extensão da Café Filho até a Anchieta e da canalização e retificação do Córrego Cassa Grande, que acompanha seu trajeto (9). Um piscinão foi construído. Nos anos seguintes, projetos habitacionais foram implantados visando a normalização da área e eliminação da favela, sendo edificados no espaço diversos prédios de apartamentos residenciais. A verticalização, porém, segue restrita praticamente a esses conjuntos habitacionais, havendo poucos edifícios no restante do Lavínia.
Acima, o prédio do Grupo Escolar Jardim Lavínia (atual Escola Estadual João Firmino) na fase final de sua construção, em 1968.
Abaixo a Praça Pedro Marson em 1971.
 
 
Notas:
(1) Livro de Matrículas do Núcleo Colonial de São Bernardo -1898. Arquivo do Estado de São Paulo.
(2) Correio Paulistano 22-08-1928
(3) Medici, A. São Bernardo, Seus Bairros, Sua Gente. 1981. PMSBC
(4) Diário Oficial do Estado de São Paulo, 26-03-1966.
(5) Planta Cadastral 1958, PMSBC.
(6) Jornal A Vanguarda 16-10-1966 e 6-11-1966; Barbosa. N.M. Folha de São Bernardo, 30-06-1979.
(7) Cadastro de Favelas -1982. PMSBC
(8) Cadastramento de Favelas -1990 PMBC
(9) Diário do Grande ABC, 03-05-1999.
 

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