Os autores japoneses Katsuhiro Otomo, nascido na província de Miyagi, e Masamune Shirow, nascido na capital da província Hyoga Kobe, são responsáveis por duas das obras de anime e mangá mais emblemáticas do século XX. A distopia e a descrição de um futuro caótico estão em Akira, de Otomo , e Ghost In The Shell, de Shirow.

 

Criada em 1982 para a Young Magazine, Akira mais tarde inspirou o igualmente prolífico filme de animação de 1988, dirigido por Otomo. A história se passa em um mundo distópico, após o fim da Terceira Guerra Mundial. Um líder de gangue conhecido como Kaneda se vê envolvido em uma operação massiva do governo quando seu melhor amigo, Tetsuo, começa a exibir poderes telecinéticos. No centro da trama estão Tetsuo, que se torna uma cobaia involuntária para experimentos ultrassecretos do governo, e Kaneda, que é, em diferentes momentos, o melhor amigo e arquirrival de Tetsuo.   

 

Com base no subgênero cyberpunk emergente, suas raízes mais prevalentes no livro de William Gibson,  Neuromancer (1984), a planejada série de seis volumes de Otomo não seria concluída até 1990, após mais de 2.000 páginas publicadas. 

 

Ghost In The Shell tem dois subtítulos usados: “Vigilante do Futuro” ou “Fantasma do Futuro”. É um mangá criado por Shirow em 1989. Do mangá, Ghost In The Shell dividiu-se em várias versões. Uma das adaptações mais famosas da história foi o filme animado de 1995, envolvendo o vilão “Puppet Master”.

 

A história se passa no meio do século XXI, em algum lugar do Japão. Nela, temos ciborgues, inteligências artificiais, terrorismo virtual e muita idealização de um futuro realmente possível. A trama segue a Seção 9 da segurança pública, uma obscura agência de segurança governamental liderada pelo Major Motoko Kusanagi e dirigida pelo idoso chefe Aramaki – personagem que se repete ao longo da série.

 

A Seção 9 é designada para cuidar de ciberterrorismo e coisas do gênero. Além de Kusanagi, um híbrido homem-máquina, a “Section 9” tem Batou, uma ciborgue rude e durona com olhos realçados e uma cabeleira branca, e Togusa, uma novata. A agência de segurança busca um hacker misterioso, conhecido como Puppet Master, que, em um mundo de indivíduos aprimorados por computador, pode hackear humanos e, também, máquinas.

 

As duas obras têm elementos das distopias, ou seja, a perplexidade, a impotência das pessoas diante das mudanças de tecnologia como fetiche e como fator de desumanização, as fronteiras tênues entre homens e máquinas e os dramas existenciais. Tais fatores perpassam o cenário muitas vezes delirante de um mundo que, antes de ser em desencanto, se coloca defronte a mudanças que não compreende. O mágico, o surreal, o fantástico, funcionam com um ingrediente de transição, que atenua as radicais mudanças, até torná-las realidade banal.

 

Akira e Ghost in the Shell inspiraram obras influentes do mundo ocidental. A mais importante e conhecida delas é Matrix, dos irmãos Wachowski, que não escondem a inspiração na obra de Otomo para criarem a trilogia mais famosa dos últimos 30 anos. Em 2018, o rapper norte-americano Kanye West resumiu num tweet: “ o filme é minha maior inspiração criativa”. “Em cada show em que eu já me apresentei, em cada vídeo… mesmo quando eu estava no hospital, eu pensava … oh... isso é como Akira, esta não é apenas a maior realização de animação da história, o assunto é tão relevante para o estado atual do mundo”.

 

 

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