No post anterior, vimos que com a morte do presidente Rafael Núñez em 1894, o vice Miguel Antonio Caro ficou em seu lugar oficialmente (na prática, ele já estava há um tempo à frente do país, devido à saúde debilitada de Núñez).
A partir disso, a Colômbia passou por um período mais austero da Regeneração (movimento iniciado por Núñez). A Constituição de 1886 centralizou e deu amplos poderes ao presidente, inclusive o de controlar (censurar) a imprensa, fortaleceu o exército nacional a fim de estabelecer a ordem nacional, e permitiu a volta do intervencionismo estatal na economia. Somada a essas mudanças, a acusação de manipulação das eleições de 1898 que elegeram o conservador Manuel Antonio Sanclemente (um jeito para que o autoritário Caro, impedido de concorrer nas eleições, continuasse a mandar no país) levou a mais uma revolta dos liberais. É o estopim da Guerra dos Mil Dias.
Em 17 de outubro de 1899, liberais radicais começaram a atacar em diversas cidades no departamento (equivalente a um estado no Brasil) de Santander, pegando de surpresa as tropas do governo. Seguiram vitoriosos por vários dias, até serem derrotados no rio Magdalena, em 24 de outubro.
Na Batalha de Mucaramanga, entre 11 e 13 de novembro de 1899 (no início da Guerra), as tropas liberais lideradas pelo general Rafael Uribe Uribe tentaram tomar a cidade, mas foram derrotadas pelos conservadores. Pouco mais de um mês depois, Uribe consegue uma vitória na Batalha de Peralonso.
O conflito mais importante da Guerra dos Mil Dias foi a Batalha do Palonegro, que confirmou a vitória das tropas do governo no departamento de Santander.
Entre os dias 11 e 25 de maio de 1900, entre 7000 e 10000 liberais enfrentaram um exército de quase o dobro de soldados do governo. O resultado foi a esmagadora derrota dos liberais, com muitos mortos e feridos.
Em meio aos conflitos da Guerra, o vice-presidente José Manuel Marroquín aplicou um golpe de Estado e assume no lugar de Manuel Antonio Sanclemente, em 31 de julho de 1900.
A Guerra prosseguiu pelos dois anos seguintes, em diversas batalhas avançando pelo país, chegando ao Caribe, ao departamento do Panamá e às fronteiras com outros países, como Equador e Venezuela (muitas vezes, com a participação da população desses nas batalhas).
Dando uma pausa na história, mas pegando carona no assunto, que tal sugestões de filmes de guerra?
https://gq.globo.com/Cultura/noticia/2016/08/30-filmes-de-guerra-que-voce-precisa-assistir.html
Inventado pelos irmãos Lumière no final do século XIX, o cinema chegou à Colômbia pouco depois e também teve influência pelos fatos da ainda recente Guerra dos Mil Dias. O primeiro longa-metragem colombiano foi “El drama del 15 de octubre”, sobre a morte do general liberal Rafael Uribe Uribe. Em 1926, foi lançado o filme “Garras de oro”, que trata da separação do Panamá da Colômbia.
Lançado em 2020, o seriado colombiano “Adiós al amigo” é um faroeste latino que se passa no período logo após a Guerra dos Mil Dias. Infelizmente, por enquanto, somente disponível na televisão colombiana.
Assista ao trailer oficial em https://www.youtube.com/watch?v=G9-C2sfnXC4
No próximo post, descobriremos como a Guerra dos Mil Dias terminou e quais foram suas consequências para a Colômbia e a geopolítica mundial.
Referências:
https://bibliotecanacional.gov.co/es-co/proyectos-digitales/historia-de-colombia/libro/capitulo8.html
http://www.scielo.org.co/pdf/ojum/v10n20/v10n20a11.pdf
http://historico.presidencia.gov.co/asiescolombia/presidentes/36.htm
http://www.scielo.org.co/pdf/res/n25/n25a05.pdf
https://cinematecadebogota.gov.co/actividad/garras-oro-dawn-justice-alborada-justicia
Acompanhe nossas redes sociais:
