Nas primeiras décadas do século XIX, o centro urbano de São Bernardo crescia lentamente. A freguesia foi criada em 1812, mas somente em 1833 foram demarcadas as primeiras ruas centrais do povoado: a Rua Principal – trecho do Caminho do Mar, que ligava São Paulo a Santos – hoje a Rua Marechal Deodoro, a Rua da Constituição (atual Rua Santa Filomena), duas ruas laterais à igreja matriz (hoje as ruas Rio Branco e Padre Lustosa), e a quinta rua, atual Dr. Fláquer. Mais duas décadas passaram para que o núcleo urbano fosse ampliado: em 1852 são abertas as atuais ruas Municipal e Américo Brasiliense.

Na segunda metade do século XIX, o governo imperial estimula a vinda de imigrantes europeus ao país para substituição do trabalho escravo. Em São Bernardo, então Freguesia, são instaladas diversas colônias a partir de 1877, inclusive uma na sede urbana, entre as atuais ruas Dr. Fláquer e Silva Jardim, num total de 146 lotes. Outras colônias deram origem a alguns dos atuais bairros da cidade.

No ano de 1890, São Bernardo é emancipado, transformando-se em município; sua sede é elevada à categoria de vila. Em 1895, o Almanaque Administrativo, Comercial e Profissional do Estado de São Paulo relaciona as ruas da vila: Marechal Deodoro, Santa Filomena, São Bernardo, Dr. Fláquer, Municipal, Dr. Américo Brasiliense, Silva Jardim, Bela Vista e Largo da Matriz.

Personagens políticos desta época foram homenageados com o nome de algumas das primeiras ruas da vila, como Américo Brasiliense de Almeida Melo. Nascido em 1833, exerceu o cargo de governador do estado de São Paulo em 1891; em decorrência da constituição estadual, que estabeleceu o título de Presidente para o chefe do executivo do Estado naquele ano, foi também o primeiro Presidente do Estado de São Paulo. Faleceu em 1896, no Rio de Janeiro, quando exercia o cargo de Ministro do Supremo Tribunal Federal.

Outra rua que faz referência a personagens políticos dessa época é a Silva Jardim. Antônio da Silva Jardim nasceu na Vila de Capivari (atual Silva Jardim), Rio de Janeiro, em 1860. Adepto do positivismo, foi jornalista e militante pela instalação da República no Brasil, além de fundador de uma escola de caráter laico. Após a proclamação da República, afasta-se de sua militância devido à discordância com a influência política dos militares no país. Morre durante uma viagem à Itália, em 1891.

Outras vias têm seu nome originado pela sua localização. O antigo prédio da Intendência (Prefeitura) Municipal estava localizado onde hoje é a Praça Lauro Gomes, em frente ao início da Rua Municipal que, por esta razão, recebeu este nome. Neste prédio, que fora de propriedade do Alferes Bonilha, funcionara uma hospedaria para os imigrantes que chegavam à cidade e, depois de ter abrigado a sede da Prefeitura, teve diversos usos, como cadeia, correio e grupo escolar. Foi demolido nos anos 1950 e em seu lugar foi construída uma praça.

A Rua Bela Vista tem este nome, provavelmente, por causa de sua localização, num local mais alto da antiga sede municipal.

A Rua São Bernardo recebeu mesmo nome do recém criado município. Bernardo de Claraval viveu entre 1090 e 1153, na França; fundou vários mosteiros e pregou pela Segunda Cruzada; foi canonizado em 1174.

Legenda das fotos

Foto 1 – Mapa do loteamento urbano do núcleo colonial de São Bernardo. Acervo Seção de Pesquisa e Documentação.

Foto 2 – Rua Américo Brasiliense, em 1960. Acervo Seção de Pesquisa e Documentação.

Foto 3 – Rua Municipal, 1952, ao fundo o antigo prédio do Alferes Bonilha. Acervo Seção de Pesquisa e Documentação.

Foto 4 – Vista parcial do centro da cidade, década de 1950. Acervo Seção de Pesquisa e Documentação.