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Acima das drogas e da deficiência visual, lá vai o arremessador

Acima das drogas e da deficiência visual, lá vai o arremessador

30 de 1 de 2015 Vinicius Doninichelli
Alessandro perdeu a visão em 2010 e, em pouco tempo, já é um dos melhores arremessadores de peso do Brasil

Ao invés de ficar trancado em casa, Alessandro Rodrigo da Silva resolveu enfrentar o vício nas drogas, a deficiência visual e vencer na vida. Aos 29 anos, ele já é o quarto melhor arremessador de disco do Brasil e utiliza o Centro de Atletismo Professor Oswaldo Terra, na Vila do Tanque, em São Bernardo do Campo, para melhorar sua performance e conquistar mais títulos.

Alessandro, que mora em Mauá, tem apenas 10% de visão no olho esquerdo. Antes de ser vítima da toxoplasmose, em 2010, doença infecciosa causada por contato com fezes dos gatos e outros felinos, ele precisou ainda vencer o vício nas drogas. “Eu gostava muito de pescar na região da Rodovia Índio Tibiriçá quando tinha uns 11 anos. Era molecão e sempre levava uma garrafa de vinho e acabava fumando. Quando fui dar conta, estava fumando para viver e vivendo para fumar”, recorda.

Foi em 2010, quando o atleta trabalhava como segurança em uma casa noturna da região, que conheceu Liene, sua atual mulher. “Naquela época eu já sentia vestígios de que ficaria cego”, conta. Foi quando Alessandro descobriu ser vítima da toxoplasmose. “A partir daí a Liene foi meu alicerce. Somos casados há três anos. Ela sempre me ajudou em tudo, sempre me deu a maior força”, afirma.

Foram três anos em casa saindo apenas para fazer academia e aulas de braile em uma escola em Mauá. Em novembro do ano passado, enquanto aprendia um novo jeito para enxergar, o atleta conheceu Walter Agripino, seu atual técnico. O treinador, que trabalha com pessoas com deficiência em São Bernardo desde 2004, dava aulas na mesma escola em que Alessandro aprendia braile, em Mauá.

“Vi seu tamanho e que o arremesso de peso seria ideal para o porte do Alessandro”, conta o treinador. “A evolução dele chega a ser até mesmo absurda, pois tem pouco tempo no esporte. Ele tem muito a evoluir ainda”, completa o professor, que auxilia o atleta no Centro de Atletismo Professor Oswaldo Terra, três vezes por semana. São Bernardo, inclusive, é grande incentivador do esporte para deficientes. A cidade possui algumas das melhores equipes do Estado de atletismo e natação, que sempre conquistam medalhas nos Jogos Abertos e nos Jogos Regionais, além de possuir time de futebol de 5.

O resultado do comprometimento de Alessandro foi imediato: em menos de um ano, três medalhas de ouro, duas de prata e duas de bronze.

Os destaques ficaram por conta de um primeiro lugar no arremesso de peso e uma terceira colocação no salto em distância nos Jogos Regionais, em junho, que ajudaram São Bernardo a vencer a competição pela quarta vez na história. “Vou ficar em casa deprimido? Vou adquirir outra doença? Para com isso. Eu sei que tem como fazer alguma coisa. O mundo não acaba aqui”, diz Alessandro, que sonha em chegar à Seleção Brasileira de Paratletismo e não poupa elogios ao Centro de Atletismo Professor Oswaldo Terra. “Aqui tem tudo o que preciso. Área coberta para treinar quando está chovendo, o prédio interno é muito bom. Além disso, a pista é bem cuidada, novinha, e tem sempre alguém limpando”, elogia.

“Eu digo para todos os atletas que estão começando no atletismo: estamos na metade de um ciclo olímpico, e todos eles estão muito próximos. Se não conseguir uma vaga em 2016, tem que analisar até onde conseguiu chegar e buscar a vaga no outro ciclo”, afirma Agripino.