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Dan Robson

Dan Robson

01 de Jun de 2017

Ele é ecoesportista especializado em coleta de água para análise e suas expedições têm como objetivo promover a reflexão sobre qualidade das águas. Tem mais de 15 anos de experiência e já navegou por 25 rios brasileiros. Ele é Dan Robson, morador de São Bernardo e criador do Projeto Águas do Amanhã. Às vésperas de participar do seminário “Expedição Billings: problemas e soluções”, evento que faz parte da programação do Mês do Meio Ambiente, Dan conversou com exclusividade com o Guia da Cidade.  

 

Guia da Cidade: Como começou sua prática de ecoesportista?

Dan Robson: Tudo começou em 2001, quando decidi deixar minha profissão de Analista de Sistema e andar a pé pelo litoral do Brasil. Em meio a essa fuga surgiu a ideia de profissionalizar e executar projetos que envolvessem esporte e ciência. Até 2008 já tinha explorado cavernas e pedalado a Transamazônica. Em 2009 criei o projeto ‘Águas do Amanhã’ que tinha como objetivo navegar e analisar as condições do Rio Tietê. Nesse mesmo ano a Rede Globo criou o projeto ‘Flutuador’. Tendo os mesmos interesses, fizemos em conjunto os dois projetos.

 

Guia da Cidade: O projeto “Águas do Amanhã”, por meio do qual você faz um apurado levantamento da qualidade das águas da Represa Billings, navegando em caiaque, foi criado por você? Fale um pouco sobre o projeto e se há prazo para acabar?

Dan Robson: Foi criado por uma paixão que tenho: nadar, mergulhar e estar perto do mar, coisas que me fizeram ter uma visão mais ampla. O projeto tem como objetivo validar e relatar aos órgãos responsáveis a relevância da qualidade e tratamento da água e o quanto é importante a educação ambiental e o descarte adequado para o esgoto, que infelizmente é jogado nos principais rios e represas das cidades, podendo causar maiores danos à saúde da população. O projeto não tem data certa para terminar, mas o nosso planejamento com relação às represas Billings e Guarapiranga é que seja executado em 10 anos.  

 

Guia da Cidade: Qual a melhor e a pior parte do seu trabalho?  

Dan Robson: A melhor parte é estar literalmente inserido na natureza, poder conhecer lugares e estar longe da rotina do dia a dia. Cada expedição que executo, mesmo sendo nos mesmos lugares, reserva grandes surpresas, pois a natureza muda ano a ano. O lado ruim das expedições que envolvem rio e represas é verificar o quanto nós destruímos o meio ambiente. Água é vital para nossa sobrevivência e tratamos como algo descartável, sem importância. O despejo de esgoto, produtos químicos e lixo nos nossos recursos hídricos é como envenenar e condenar a nós mesmos.

 

Guia da Cidade: Depois de tantas expedições pela Billings, com certeza você deve ter muita história para contar! Você poderia dividir um pouco sua experiência conosco nos contar alguma curiosidade sobre a represa?

Dan Robson: Desde 2010, quando foi a primeira vez que naveguei na represa Billings, pude conhecer lugares que nunca imaginei que existissem: aldeias indígenas, barragens, pássaros, animais e lugares tão isolados que dariam um livro, se fosse descrever um a um. Algo que mais me chama atenção é saber que centenas de pessoas vivem da pesca na represa. Em média 5 mil quilos de peixes são retirados todos os dias, possibilitando o sustento de centenas de famílias.

 

Guia da Cidade: Na sua visão, quais são as maiores belezas da Billings?

Dan Robson: A região de mata preservada é com certeza algo que traz um enorme bem estar. As pessoas que forem poderão sentir que o tempo não passou ali. Em alguns pontos o silêncio toma conta, e se fechar os olhos por alguns minutos terá sensações muito gratificantes.

 

Guia da Cidade: Estamos curiosos para saber se você está envolvido em novos projetos. Quais são?

Dan Robson: O projeto que executo no Brasil com o nome ‘Águas do Amanhã’ vai ganhar uma versão internacional. Estamos planejando, ainda em 2017, remar no Chile e Argentina. Em 2018 e 2019 pretendemos realizar algumas viagens em rios europeus, principalmente na Alemanha, onde fica a matriz da empresa que me patrocina, Prominent.

 

Guia da Cidade: Qual a situação mais inusitada pela qual você passou durante suas expedições?

Dan Robson: Nesses 16 anos de expedições no Brasil vivenciei muitas histórias. Várias pessoas acompanham meus projetos. Um dia uma pessoa escreveu que estava grávida e colocaria o meu nome no seu filho. Foi algo que nunca tinha pensado que alguém faria. Ela acompanhou pela televisão o projeto do flutuador e gostou do meu nome.

 

Guia da Cidade: O que mais lhe agrada em São Bernardo e o que mais gosta de fazer por aqui?

Dan Robson: Como morador de São Bernardo, navegar na represa é como navegar no meu quintal. Adoro passar um tempo na região do Parque Estoril. A região da Estrada Velha também tem algo no ar que me agrada muito. Por várias vezes, quando criança, saía de bicicleta e ia com amigos visitar a Casa de Pedra. Ficava maravilhado com a vista da montanha para o mar.

 

Guia da Cidade: Quais os principais trunfos e desafios que você vê em São Bernardo em relação ao meio ambiente?

Dan Robson: São Bernardo tem uma riqueza natural gigantesca.  É preciso divulgar e preservá-la ainda mais. A região de serra tem um atrativo ímpar com relação a outras cidades. O desafio maior é explorar esses recursos, mantê-los preservados e educar os visitantes.

 

Guia da Cidade: Qual sua expectativa em relação ao seminário “Expedição Billings: problemas e soluções”

Dan Robson: Que as pessoas possam entender a situação atual da Billings. Os dados que trago são ferramentas para busca de soluções. Junto com poder público e população podemos reverter esse quadro e trazer uma esperança para que a Represa possa se recuperar. O potencial de turismo e lazer é gigante para toda a região, um verdadeiro paraíso que precisa de ajuda, de socorro imediato. Existem falhas que persistem, como o crescimento habitacional na região que deveria ser preservada, descarte de esgoto destas casas, falta de fiscalização. Em alguns pontos a má qualidade da água a torna imprópria para banho. As crianças olham os rios e represas com mais respeito. A geração mais antiga tem mais dificuldade em ser mais atento aos descartes de lixo no rio e seus arredores. Ampliar as ações de fiscalização e educação ambiental seria um grande progresso.